
Sim, a aldeia está tão próxima hoje. Chego ao Xingu ou entre os Kaxinawá do Rio Jordão, no Acre, num click, um enter. Nada mais de expedições entre tantas caminhadas ou rodas na lama e barcos entre rios.
Tá na rede, é índio. Sem arco, borduna ou tacape, mas um celular e uma mensagem, tal granada em nossa mente torta.
Querida amiga do Xingu, mulher indígena da gema, lamenta tão longe, mas logo aqui em meu canto entendo o lamento:
Triste saber que parente fala isso pra nós, mandar voltar pra nossa terra fico triste!
Sou filha de uma família que foi obrigada a mudar do seu território de origem por causa da invasão, brancos mataram muitos e tomaram nossas terras. Hoje vivemos nesse território da Terra Indígena do Xingu. Querendo ou não, hoje somos natural do Xingu e originários dessa terra, sim, pois nascemos aqui.
Espero que entendam que meus pais não são original daqui, MAS EU SOU XINGUANA!
Da linda rede em trama, fusões dos descampados tanto habitados por muitos povos, muito antes de 1500 ou qualquer agro negócio semear terra de outros. País de parto escuso, obtuso, deslumbrante, nossa fundação em nação foi o cão na terra fazendo sua roça.
Hoje índio dá um recado, direto, ao vivo, tal velas nos mares invadindo nossa praia, nossa tutela, nossa incursão na mente de tantos. On-line, instantâneo, sem fronteiras ou impugnações.
Não sei afirmar se é questão de mundo, mundo, vasto mundo, mas tudo é aqui tão perto.
Se queriam proibir, negar, acorrentar ou assimilar, sei hoje que deram com os burros n’água, os algozes. A mente é clara, o olhar é plano, a flecha é digital.
*imagens por Muni Yefuka Filho Kawaiwete© e Helio Carlos Mello©
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