Carlos Assumpção nasceu em 1927 em Tietê (SP) e radicou-se em Franca, adotando a cidade como ponto de resistência e produção para sua vasta obra literária. Entendedor da força da palavra, o poeta é um ícone na obra de resistência negra no Brasil. Ele é neto de Cirilo Carroceiro, que deixou de ser escravizado pela Lei do Ventre Livre (1871). O avô, analfabeto, era quem contava histórias testemunhais sobre a escravidão, as marcas desse período e servia de contraponto para o garoto que lia uma história diferente nos livros didáticos. O pai de Carlos Assumpção também era analfabeto, mas tinha habilidade na palavra contada. A mãe dele era alfabetizada, amante da poesia e trabalhou como cozinheira e ainda lavava roupa para fora.
Da página GUIA NEGRO
Sua formação foi construída com pilares para entender o mundo a sua volta e o que familiares e tantos outros negros sofreram no passado e ainda vivem hoje. Na idade adulta, conseguiu formar-se em Direito e Letras e ainda trabalhou como professor para crianças ao estudar o então chamado curso Normal. Críticos, estudiosos e outros poetas igualam Carlos Assumpção a nomes como Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gular. O poeta já é parte da história da literatura e protagonista na atual construção da poesia no século XXI.
Mesmo com a grandeza da sua obra, Carlos é considerado “poeta invisível”, uma vez que seu trabalho não é conhecido como deveria. Com 93 anos, ele usa os meios digitais para ajudar espalhar suas palavras e poesias. Com seu número de Whatsapp, dispara seus poemas para a lista de contatos e enche o dia com uma mensagem verdadeira, comprometida e autoral de quem sabe atuar a favor da resistência para a vida.
No último dia 23 de maio de 2020, quando completou 93 anos, o poema distribuído pela internet foi justamente sobre seu aniversário:
“Quando o poeta acorda
Hoje
hoje completo 93 anos
sou griot sou poeta francano nascido em tietê
sonho com amor união entre os homens
canto poemas de esperança
canto canções do amanhecer
profetizo melhores dias
ninguém me ouve ninguém me vê
contudo tenho certeza
de que em futuro não distante
meus sonhos hão de florescer”
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