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João Torrecillas Sartori: Bolsonaro, o inconsciente e o negacionismo da pandemia
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5 anos atrásem

Por João Torrecillas Sartori, médico no SUS, psicanalista e doutorando em Ciência Política
Nos últimos dias, em meio à Pandemia da COVID-19, uma atitude negacionista tem sido comumente constatada, não somente em redes sociais, mas também no espaço público. Muitos estariam relativizando a gravidade da situação brasileira. Mais séria ainda seria outra constatação: entre os negacionistas, se incluiriam ainda profissionais de saúde; inclusive, médicos. O negacionismo de parte da população, consistindo em uma atitude de algum modo esperada em momentos de crise, não seria restrito ao Brasil, mas estaria ocorrendo mais frequentemente no País. O que motivaria uma coletividade a este negacionismo?
Freud, criador da psicanálise, considerou que certas ideias do indivíduo, ao acessarem a sua consciência, causariam excessivo desprazer sendo por isso recalcadas, mantidas inconscientes. A ideia monstruosa de uma Pandemia, em si, já tenderia a compelir muitos a um mecanismo psíquico de defesa, a uma relativização negacionista de sua gravidade. Embora o recalcamento, relacionado com esta relativização, mantenha controlado o nível de tensão do indivíduo, também inviabiliza certas atitudes importantes deste no enfrentamento de uma crise. Assim como a febre de um indivíduo que, embora melhore as suas condições de combate a uma infecção, será nociva caso aumente acima de um certo nível. Embora esperado em alguma medida, o negacionismo não seria de modo algum a maior tendência dos indivíduos nesta situação. Contudo, no Brasil, esta reação tem sido mais comum entre os apoiadores de Bolsonaro. Como se explicaria esta sua atitude?
No início da Pandemia, ansiosos pelas declarações do Presidente, em um momento de apreensão, seus seguidores acríticos se acalentaram enormemente ao escutarem algumas de suas mentiras, tais como a consideração da COVID-19 como uma “gripezinha” e a consideração dos posicionamentos oficiais de sérias instituições internacionais de saúde como uma “histeria”. Freud considerou que o discurso do líder, enquanto a massa existisse, seria necessariamente considerado como verdadeiro pelos seus membros comuns. O negacionismo do líder resultaria no negacionismo dos liderados.
Além disso, não somente em rede nacional, mas também em vias públicas, Bolsonaro contrariou relatórios científicos, assim como orientações e recomendações das mais sérias instituições internacionais e nacionais no âmbito da saúde coletiva. Esta sua atitude, de modo algum inédita, embora indique desprezo pelas vidas dos não-membros de seu clã, reverbera em um contexto muito mais amplo, de expressiva ignorância coletiva sobre aquelas que viriam a ser as vantagens de se conceber a ciência como norteadora de Políticas Públicas.
Bolsonaro, como líder de uma massa, influenciaria muitos diretamente –sugestionando bolsonaristas em certos sentidos, condicionando seus pensamentos, seus sentimentos e suas atitudes– e indiretamente –como efeito de uma “rede de arrasto” relacionada com as identificações estabelecidas entre bolsonaristas. Em meio à Pandemia, o discurso mentiroso do líder acerca de seus opositores (entre os quais, neste momento, a ciência e as instituições científicas) estaria contribuindo para uma situação de alienação coletiva capaz de acarretar aumento de agravos e de óbitos.
Certamente, Bolsonaro não é o único agente da alienação acerca da importância da ciência e de suas instituições. Certos líderes religiosos, visando à manutenção de sua “indústria da fé”, vêm atacando a ciência. E, tendo sido idealizados pelos muitos membros de suas Igrejas – neste caso, sendo concebidos coletivamente como intermediários entre eles e sua divindade –, convenceram esses fiéis a ignorar recomendações científicas. Não raramente, inclusive, um deles tem utilizado os veículos midiáticos dos quais é dono para disseminar desinformação e mentiras em uma escala absurda. Reiteram –de modo perverso– a mencionada tendência, constituída na massa bolsonarista da idealização do Presidente. Por outro lado, quando o discurso de certos profissionais de saúde se alinha ao discurso de Bolsonaro, como resultado de seu apaixonamento pelo mesmo ou pela própria incapacidade momentânea de “encarar” a situação, os riscos são ainda maiores, se considerada a influência destes profissionais sobre a população.
Freud (1921) considerou que a idealização de um indivíduo, a seleção deste como um líder da massa, ocorreria sob certas condições, entre as quais, o reconhecimento de uma similaridade entre os membros desta massa e este líder. Comumente, esta similaridade consistiria no mesmo desejo inconsciente ou no mesmo ódio a certa entidade, indivíduo ou grupo social. Nos últimos anos, o estabelecimento e a ampliação de certos “ideais sociais” – tais como o antipetismo, o anticomunismo e o ideal antissistema – contribuíram em muitos casos à idealização destes líderes religiosos ou políticos, os quais instrumentalizaram estes mesmos “ideais” estrategicamente, viabilizando seus negócios. Parte da população, alienada pelos seus líderes, seria norteada imaginariamente pelo delírio de que a suposta Pandemia seria uma narrativa comunista – ou, mais restritamente, petista – com o objetivo único de derrubar Bolsonaro.
Despreocupados pelo Presidente, certos negacionistas da Pandemia não somente aumentam o seu risco de infecção pelo vírus – e, indiretamente, também o risco dos demais –; mas, também, “contaminam” a sociedade, psiquicamente, em decorrência de uma “rede de identificações”. Mesmo os não-bolsonaristas, ao notarem que indivíduos amados estão agindo normalmente, não receando a Pandemia, estarão mais dispostos, inconscientemente, a um negacionismo. A gravidade da situação, em si, já compele o indivíduo a um complicado trabalho psíquico de elaboração, o qual poderia ser insuportável. Caso Bolsonaro, apoiado por cerca de 30% da população, mantenha mesmo que de modo suavizado atitudes relativizadoras da situação, o risco de “contaminação” coletiva – não somente psíquica, mas corporal –, aumentará. Consequentemente, os danos serão imensuravelmente aumentados.
Alguns dos efeitos de certas atitudes, tais como as presidenciais, contrárias à efetiva mobilização de esforços no combate à disseminação da COVID-19, serão irreversíveis. De outro lado, certamente, existem alternativas a serem realizadas no intuito de uma redução dos danos ocasionados pela COVID-19 no cenário nacional. Mas, caso o Presidente mantenha o seu discurso anti-científico e não se contenha imediatamente, este negacionismo certamente agravará a crise sanitária e as mortes decorrentes, em meio a uma situação que inclui as conhecidas limitações do sistema público de saúde e as complicadas condições de vida da maioria dos brasileiros. O enfrentamento da Pandemia no Brasil, que apresenta agora uma curva ascendente aproximadamente como a da Itália, depende não somente de um montante expressivo de recursos materiais, mas de uma ampla e coordenada capacidade de aceitar a realidade.
Leia mais:
https://wp.me/p7pbzg-lqo
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ESQUERDA CONQUISTA NA JUSTIÇA A RETIRADA DE FAKE NEWS EM OUTDOORS
O Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas determinou a retirada de vários outdoors espalhados em Maceió, com fake news ofensivas e depreciativas contra a esquerda, no estado.
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5 anos atrásem
17/10/20
_Decisão liminar foi tomada após denúncia de Valéria Correia – Psol_ de fake news em outdoors
O Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas determinou a retirada de vários outdoors espalhados em Maceió, com fake news ofensivas e depreciativas contra a esquerda, no estado.
A decisão, em caráter liminar, determina que a empresa Lux retire a propaganda negativa eleitoral e comunique o fato ao Tribunal, sob pena de pagamento de multa diária, no valor de R$ 1.000,00, em caso de descumprimento.
A empresa veiculou propaganda irregular, anunciada por movimentos de extrema direita. Entre as falsas mensagens ( fake news) frases como “Não vote em quem defende drogas”, “Não vote em quem ameaça seus filhos”, “#EsquerdaNuncaMais, além de “erotização infantil” e “sexualização nas escolas”.
“A decisão foi justa. Protege o processo eleitoral contra as notícias falsas ( fake news) e beneficia a sociedade, que não merece esse desserviço, com mentiras, frases e fotografias que coagem a população. Para nós da esquerda e dos setores progressistas, que defendemos o estado democrático de direito nos opomos contra todo tipo de crime. Inclusive, esse. É uma conquista em Maceió, mas de toda a nação”, destaca Valéria.
Na decisão, o juiz eleitoral Ricardo Jorge Cavalcante Lima, da 33ª Zona Eleitoral, ainda reforça o conteúdo do artigo 26, da Resolução nº 23.610, de 2019, do Tribunal Superior Eleitoral, que proíbe a propaganda eleitoral por meio de outdoors, inclusive eletrônicos, sujeitando-se a empresa responsável, os partidos políticos, as coligações e os candidatos à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 15.000,00 (quinze mil reais).
“Entendo que quem sustenta, explicitamente, que não se vote em determinado candidato, pede claramente voto para seus opositores, estando, dessarte, também incurso nos preceitos do artigo 3º da Resolução 23.610/2019. Assim, configura-se a autopromoção e alavanque de campanha por meio de propaganda cuja utilização é vedada por Lei, quando o representado dissemina em algumas regiões da cidade imagens contendo mensagens para que a sociedade ‘somente vote’, ou seja, ‘pedindo voto’, em partidos de direita ou com outra ideologia política, exceto nos que sejam de esquerda”, fundamenta.
A decisão cabe recurso, mas já pode ser considerada uma vitória da justiça, da democracia e da sociedade. Vai continuar com o processo, para que os culpados pelo crime eleitoral sejam devidamente punidos, como determina a lei.
“Espero que essa decisão seja um marco local e nacional e elimine esse tipo de propaganda criminosa, que agride toda a sociedade, pelo teor de violência divulgado publicamente. Não nos calarão”, afirma.



Fake News
Passei dois meses dentro de grupos bolsonaristas durante a pandemia
Conto aqui a experiência. Facebook e Whatsapp foram as redes que eu usei para falar sobre o assunto
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5 anos atrásem
06/08/20
De início, já deixo bem claro que a intenção desse texto não é atingir ou expor ninguém. O objetivo é simples: analisar o comportamento dos grupos em tempo de pandemia (que ainda vivemos). A princípio, eu só ficaria um mês nos grupos, mas como meu celular resetou durante a produção da matéria, tive que ficar por mais um período . O texto será dividido em duas partes: a primeira será uma pequena análise do comportamento de determinados grupos, no Whatsapp e no Facebook. Na segunda parte, vou falar da minha experiência pessoal, até porque estamos em meio a uma pandemia e certas coisas afetam demais a gente.
Por Sergio Pantolfi*
Para ser bem sincero, eu acho que comecei a ter essa ideia a partir de um sentimento de inconformismo diante de tudo o que tem acontecido no meio da quarentena, em que o principal assunto do país não é o novo coronavírus, e sim a crise política instaurada no Brasil. Ver o que se passa dentro desses grupos foi algo chocante. O que se passa ali é muito pior do que eu poderia imaginar.
Segundo João Guilherme Bastos, doutor em comunicação pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), grupos com convite aberto ou grupos segmentados não vão além de discursos e mensagens feitos por meio de conteúdos replicados.
Em 2018, João pesquisou 90 grupos de Whatsapp relacionados aos seis principais candidatos à presidência na época, e conseguiu analisar que alguns estão em posições estruturais dentro da cadeia do aplicativo.
Pessoas presentes em mais de um grupo conseguem montar uma estrutura de grupos interconectados no WhatsApp, tornando possível que a desinformação se viralize rapidamente. Dentro do processo de viralização de uma fake news, a desinformação vai de nós (hubs) centrais para periféricos, adquirindo uma amplitude muito maior, diz Bastos.
Grupos abertos com convites e links disponíveis são fáceis de entrar, uma vez que não exista nenhum tipo de barreira ou inspeção.
Entrei em três grupos de Whatsapp no domingo dia 24 de maio e, a partir daí, é simples entrar em outros, já que sempre aparecem links e convites dos mais variados. No total, entrei em dez grupos, com nomes genéricos voltados para o patriotismo ou palavras de apoio ao presidente — e que são alterados constantemente. Por exemplo: “100% Patriotas Bolsonaro”; “Patriota contra corruptos”; “Ordem e progresso” e “#somostodosbolsonaro”.
Dentro dos dez grupos dos quais eu fiz parte, a maioria estava cheio, ou seja, com 256 participantes em cada. Em todos, haviam mais homens (majoritariamente brancos) do que mulheres. Conforme Bastos, existem alguns motivos para isso:
“Os grupos, em sua maioria, são formados por homens, porém existem aqueles em que só mulheres participam, por exemplo o ‘Mulheres com Bolsonaro’. Isso acontece, porque em muitos dos grupos que têm homens, outros tipos de conteúdos são compartilhados como pornografia e similares.”
É necessário afirmar que a maioria desses grupos é bombardeada de “informações” 24 horas por dia. São fotos, vídeos, notícias de fontes duvidosas e divulgações de canais de Youtube, e de longe, são os grupos que mais compartilham conteúdo encaminhado. Muitos destes conteúdos já foram encaminhados tantas vezes, que foram limitados ao envio para somente um contato ou grupo.
Além disso, se a opção de baixar vídeos automaticamente não estiver desabilitada, provavelmente a memória do celular vai ‘entupir’ rapidamente. Em um mês e meio (aproximadamente ), o armazenamento do meu smartphone já estava quase tão cheio, que tive de excluir alguns aplicativos e fotos para liberar espaço.

Já dentro dos grupos, logo de cara, algumas coisas chamam atenção. Uma das primeiras mensagens no grupo “#somostodosbolsonaro” era sobre o menino João Pedro, assassinado por policiais dia 18 de maio deste ano em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
A mensagem que foi encaminhada, dizia o seguinte: “João Pedro, o adolescente ‘coitadinho’ que está sendo defendido no Fantástico”. Em seguida vinha um vídeo em formato Lomotif, mostrando um garoto (aparentemente menor de idade) acompanhado de armas, drogas, dinheiro, prostitutas e bebidas no meio de uma favela. Olhando o vídeo rapidamente, fica claro que o menino em questão não é o João Pedro e, mesmo assim, o vídeo foi compartilhado em quatro, dos dez grupos em que eu estava.

Em seguida, mais comentários como:
“É normal a Globo defender bandido”
“Globo sempre refém dos esquerdistas!!”
Depois, ao encaminhar a mensagem para mim mesmo, apareceu a notificação no Whatsapp avisando que esse conteúdo já havia sido replicado muitas vezes e que, por isso, eu só conseguiria mandar para um contato por vez, assim como contei anteriormente .
Segundo a professora de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF) Flávia Rios, o Brasil tem profundas desigualdades de natureza racial que fazem aflorar esse tipo de discurso, sempre marginalizando o negro —e isso vale para quase todos os aspectos básicos da nossa sociedade.
“As disparidades acontecem dentro do mercado de trabalho, nos rendimentos, no acesso à educação, nos ciclos educacionais, principalmente no ensino médio. Existe uma evasão escolar ligada à questão racial de maneira muito forte, à violência de maneira igualmente muito forte. Isso influencia até no acesso à saúde, que impacta no número de mortos devido ao novo coronavírus por exemplo.”
Além de professora, Flávia é doutora em sociologia e é associada ao projeto Race and Citizenship in the Americas e integra o projeto “Vozes do Genocídio da Juventude Negra” (CNPq/2019). Tem experiência na área de Sociologia Política e da Cultura, com ênfase nos estudos sobre ação coletiva, teorias interseccionais, relações raciais e de gênero, educação e políticas de ações afirmativas no ensino superior.
De volta aos grupos, a maioria dos comentários feitos, em sua grande maioria, tem cunho racista, misógino, machista, além de uma quantidade absurda de mensagens contra a imprensa e em apoio à volta da ditadura militar.
Movimentos antirracistas como o Black Lives Matter Global Network, movimento indígena, feminista e LGBTQI+ são constantemente desacreditados e criticados de maneira incisiva. Por várias vezes, a morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial branco em Minneapolis, nos Estados Unidos, foi ironizada enquanto se multiplicavam protestos nas cidades norte-americanas.



De acordo com Flávia, abordagens como essas legitimam a violência policial também dentro do Brasil, uma vez que o próprio presidente e seus ministros as reproduzem, reverberando os discursos de grupos neonazistas e de extrema direita.
Nesse contexto, é importante apontar que é proibido discordar dentro dos grupos, uma vez que o presidente e seus apoiadores sempre estão corretos por definição. Sérgio Moro virou comunista e até mesmo Donald Trump, um dos queridinhos de bolsonaristas passou a ser criticado por questionar as medidas de prevenção do Estado brasileiro contra a Covid-19. É bom lembrar que tanto os Estados Unidos como o Brasil lideram o ranking de mortes e casos da doença.
Outro ponto importante é a quantidade enorme de fake news distribuídas em áudio, vídeo, links, imagem e texto. Em tempos de pandemia, era de se esperar que muitas mensagens seriam relacionadas ao coronavírus. O problema é a falsa interpretação dos textos e de vários conteúdos. Como nos exemplos abaixo.



Na última imagem, é mostrada uma matéria do site Jornal da Cidade, portal de notícias que é o queridinho em basicamente todos os grupos bolsonaristas. Foi o mais compartilhado em todos os dez em que participei, e, de longe, o de maior influência também.
O texto publicado no dia 6 de julho de 2020 tem um tom agressivo e é composto de informações duvidosas sem a mínima base de comprovação. Há inclusive uma parte que diz assim:
“Hoje também sabemos, mas muitos “especialistas” infectologistas sabiam desde o início que a contaminação não poderia ser freada e que considerando um vírus que já circulava em meio à população, só poderia contaminar mais gente numa adoção de Lockdown. Portanto: adotar Lockdown foi um dos incontáveis crimes praticados contra a população (não só em termos de contaminação, como pela destruição da economia) … e ainda há quem os defenda, e o que é pior, os imponha.” — Jornal da Cidade
O que se provou, na verdade, foi o oposto disso, pois em países que adotaram medidas como o lockdown , os resultados foram expressivos no combate à pandemia. Por exemplo, a Nova Zelândia e países europeus como Portugal e Alemanha já começaram a retomar as rotinas de ‘’normalidade’’.
Por sua vez, o Brasil sozinho contava no dia 27 de julho de 2020 com mais de 87 mil mortes, enquanto o resto da América do Sul contabilizava cerca de 45 mil mortes. Isso levando em consideração que a população brasileira é de 210 milhões, enquanto o continente sem o Brasil, tem 219 milhões de pessoas. Os dados apresentados foram divulgados no dia 27 de julho de 2020 pela Organização Mundial da Saúde.
Com isso, o Jornal da Cidade foi recentemente exposto pelo perfil Sleeping Giants no Twitter. A página mostrou casos de empresas que anunciavam no site do Jornal. Grandes conglomerados, como Americanas, Avon, Claro, Mercado Livre, entre outras, promoviam seus produtos no Jornal da Cidade.
Para o jornalista e professor da Unesp de Bauru, Juarez Xavier, existem dois pontos fundamentais para a disseminação de notícias falsas. A primeira delas é que a veiculação de informação mentirosa distorce a percepção que a esfera pública tem sobre determinado problema. Segundo Xavier, a propagação de informações com mentiras, tira a possibilidade de entendimento, compreensão e o contexto.
“A sua função não é informar e sim desinformar. Ao desinformar, a notícia falsa não está pautada na realidade factual. A função dela é criar uma percepção de caráter ideológico no sentido de não ter correspondência com a realidade e, a partir daí, se constrói uma narrativa falsa e mentirosa. São essas fake news que têm sido objeto de investigação do STF e condenadas por organizações de jornalistas.” — Juarez Xavier, jornalista e docente universitário
Dentro dos grupos, também era constantemente compartilhada uma lista de sites, portais e canais do Youtube que deveriam ser seguidos. Todo o conteúdo consumido deveria estritamente vir desse tipo de comunicação, a exemplo da foto abaixo.



Além de terem canais com um discurso beligerante contra opositores do governo, as deputadas Carla Zambelli (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF) e o blogueiro Bernardo Küster estão sendo investigados pelo inquérito (4.781),das fake news, no qual respondem pela disseminação de notícias falsas. O blog Terça Livre, de Allan dos Santos, também aparece na lista como uma indicação de fonte confiável. Allan teve sua casa revistada pela Polícia Federal , que cumpriu mandados de busca e apreensão como parte da ação conduzida pelo STF.
Segundo Juarez Xavier, existe uma grande diferença entre a imprensa profissional (e também independente ) e os criadores de conteúdo, uma vez que a imprensa profissional é regida por um código de ética regulamentado na Constituição. Caso o veículo ou jornalista venha a divulgar notícias mentirosas e sem conexão com a realidade factual, ele pode ser penalizado, segundo o código.
“Não se pode dizer que existam ataques contra a imprensa profissional. O que se pode dizer, é que há setores descontentes com o trabalho independente, autônomo e crítico da imprensa e, por conta disso, têm uma ação beligerante em relação aos profissionais. O problema é quando esses setores atuam sobre participantes sociais que partem para a violência contra os profissionais de imprensa”, diz Xavier.
No caminho da criação de conteúdo, existem portais bolsonaristas que funcionam exatamente como uma fonte independente de notícias. É o caso do grupo chamado Zap Bolsonaro. Em uma de suas mensagens, o administrador mostrou preocupação com o inquérito das fake news e fez um alerta para os integrantes de que muitas das informações deveriam ser apagadas.


Esse grupo é relativamente novo, criado em maio de 2020 e é vinculado ao site https://zapbolsonaro.com/. Existe um total de 27 grupos, um para cada estado brasileiro mais o Distrito Federal, e neles a interação e divulgação de mensagens é restrita apenas ao administrador. Os demais membros são proibidos de interagir.
No grupo, encontram-se muitos links e mensagens defendendo a tese segundo a qual o coronavírus é uma invenção chinesa, ou até mesmo de que João Dória (PSDB-SP), governador do estado de São Paulo, teria um escritório na China. Esses posts foram veiculados pelo dono do grupo.
O administrador é um homem chamado Newton Martins. Além do site e dos grupos, ele também possui perfis em todas as redes sociais e um canal no Youtube. Pelo seu número, é possível ver que ele mora fora do país, mais especificamente nos Estados Unidos. O curioso também é que muitos dos números dos integrantes são do exterior. O vídeo abaixo, feito pelo próprio autor em seu canal, mostra como fazer para entrar nos grupos.
“A maioria dos links compartilhados nos grupos de Whatsapp provém do Youtube e está ligada a algum canal, site ou conteúdo de fora. Então é necessário que a desinformação já esteja alocada em outra plataforma pra poder ser compartilhada” — João Guilherme Bastos doutor em comunicação social e pesquisador.
É esse o caso do grupo ZapBolsonaro, uma vez que o seu autor alimenta e compartilha vídeos do seu próprio canal nos grupos de Whatsapp.
No Facebook, a estrutura é completamente diferente. Apesar de existir uma variedade enorme de grupos dentro da plataforma, é muito fácil filtrar os que são mais famosos e relevantes, justamente pela quantidade de pessoas dentro do grupo e pelos administradores responsáveis.
A maioria dos nomes dos grupos também é algo genérico e utiliza a alcunha de “Aliança pelo Brasil” em alusão ao partido que Bolsonaro quer criar desde que se desligou do PSL. A página tem constantes ataques a opositores e informações falsas que são amplamente divulgadas por lá. Apesar disso, não encontrei o perfil ligado diretamente aos grupos em que entrei. Muitos desses grupos têm o selo de verificação do Facebook, o que parece ser contraditórios com as medidas de combate a notícias falsas já anunciadas pela rede.
Conforme as próprias diretrizes da rede social, uma página é verificada quando:
Além de seguir os termos de serviço do Facebook, sua conta também precisa ser:
Autêntica: sua conta deve representar uma pessoa real ou uma entidade/empresa registrada.
Única: sua conta deve ser a única presença da pessoa ou da empresa que representa. Apenas uma conta por pessoa ou por empresa pode ser verificada, com exceções para contas específicas de idiomas. Não verificamos contas de interesse geral (por exemplo, Puppy Memes).
Completa: sua conta deve ser pública e ter uma biografia, uma foto de perfil e pelo menos uma publicação.
Notável: sua conta deve representar pessoas, marcas ou entidades bastante conhecidas e pesquisadas. Analisamos contas que aparecem em várias fontes de notícias. Não consideramos conteúdo promocional ou pago como fontes para análise.
Se você fornecer informações falsas ou enganosas durante o processo de verificação, removeremos seu selo de autenticidade e poderemos adotar medidas adicionais para excluir sua conta — Leis de privacidade do Facebook.
Destaque para esse último parágrafo em relação à página “Aliança pelo Brasil”, perfil que também compartilha notícias falsas.
Mas, voltando aos grupos. Inicialmente, participei de dez. Em todos eles existe um certo filtro ou questionário, que deve ser respondido antes de entrar no grupo para, segundo as próprias descrições dessas comunidades, afastar “comunistas, socialistas e esquerdistas que vão de encontro com as normas do grupo”.
Outra característica é a existência de regras dentro dos grupos que, ou você segue, ou é banido rapidamente pelos administradores. Em geral, as normas são quase que um padrão, por exemplo ‘’cuidado com fake news’’ ou ‘’sem posts esquerdistas no grupo’’, etc.



Algo que me impressionou, com certeza, foi o número de publicações e de participantes nos grupos. Diferentemente do Whatsapp, o Facebook não limita o número de pessoas e nem a quantidade de publicações que podem ser feitas naquele mesmo espaço.
Um grupo chamado “Eduardo Bolsonaro Oficial” com 600 mil perfis, tinha a incrível marca de 160 mil publicações por dia. Durante esses dois meses, o grupo caiu e foi refeito no dia 14 de junho de 2020 e hoje já conta com 38 mil pessoas e mais de 127 mil publicações em um mês.
O grupo “Aliança pelo Brasil — Presidente Jair Messias Bolsonaro” é administrado pela página SomostodosBolsonaro, que conta com mais de 1 milhão e 800 mil curtidas. O perfil foi criado em fevereiro de 2017 e ficou conhecido entre os apoiadores do presidente muito antes das eleições presidenciais de 2018.



Apesar de ser estruturalmente diferente do Whatsapp, ainda existem algumas semelhanças, principalmente no tipo de conteúdo publicado. Assim como as mensagens encaminhadas no aplicativo de mensagens, muitas das postagens dos grupos do Facebook são de páginas de fora da rede social ou links do Youtube. Ou seja, são compartilhadas para dentro dessas comunidades.
Em específico, acompanhei as publicações na época de pandemia sobre o coronavírus e o início das votações para a PL 2630/2020, que investiga notícias falsas.
A “PL da censura” — como era descrita na maior parte das postagens — movimentou os grupos rapidamente com uma “enxurrada” de mensagens contra o projeto de lei no seguinte sentido:
‘’Não podem nos calar, isso é censura.’’
‘’Estão querendo censurar o povo brasileiro.’’



O mesmo aconteceu acerca da Covid-19 . Enquanto o país atravessa uma média de mais de mil mortos por dia, muitas matérias eram compartilhadas afirmando que a Covid-19 é uma mentira, assim como o lockdown e o isolamento social. Até mesmo o uso de máscaras foi recriminado dentro dessas comunidades.
O foco é basicamente combater dados científicos, apostar em teorias mirabolantes e na inversão de valores noticiosos. No entanto, da mesma forma que no Whatsapp, vários desses grupos são apenas grandes replicadores de notícia e a estrutura é simplesmente compartilhar mais vezes possível.



Importante destacar que, diferentemente do Whatsapp, o “Jornal da Cidade” não apareceu entre os portais mais veiculados, apesar da grande quantidade de notícias falsas.
No grupo “Estou com Bolsonaro Presidente 2022 no Aliança pelo Brasil”, o site mais compartilhado é o welessonoliveira.com.br . O portal é publicado pelo próprio Welesson, que é jornalista e apresentador da TV Rio Doce em Governador Valadares, Minas Gerais. Além do seu perfil pessoal, ele possui uma página com mais de oito mil curtidas na qual divulga entrevistas com políticos ligados ao PSL.
Afora lives e comunicados, Welesson também faz links para aparições ao vivo do presidente e enche o grupo com matérias para o seu site. O jornalista também é dono da página “TV Bolsonaro Presidente”, que conta com mais de 85 mil curtidas e é lotada de vídeos do programa que apresenta, o “Na Integra”.



Como Experiência Pessoal
Apesar de ser fácil permanecer nos grupos sem ser incomodado, é basicamente um desperdício de saúde mental, por isso não recomendo de forma nenhuma.
Se você realmente pensa em fazer algo parecido, eu sugiro que seja para fazer algum estudo ou tentar tirar algum proveito para analisar determinados segmentos, se não, é como ficar se flagelando em um momento em que as coisas já não estão boas por conta da pandemia.
No Facebook, foi uma situação menos pior, já que não uso mais a rede com tanta frequência e conseguia ignorar a atuação dos grupos bolsonaristas; no Whatsapp o problema era maior, pois usava a plataforma também para falar com amigos, família e trabalho. Nesse meio tempo, acabei me afastando de lá por um tempo e até de outras redes sociais, como Twitter e Instagram.
Entretanto, algumas vezes pode até ser engraçado, a exemplo de quando mandam mensagens de bom dia que se assemelham com aqueles gifs que provavelmente sua tia te manda, ou quando aparecem pessoas que “invadem” o grupo para travar o aplicativo ou mandar stickers comunistas, além de partidos e políticos ligados à esquerda brasileira. Porém, são prontamente removidos e o grupo se fecha novamente.
Também acontece de dar risada com mensagens enviadas pelos próprios integrantes dos grupos. São coisas tão absurdas e surreais que você acaba por pensar: “Como tem gente que acredita nessas coisas?” Sim, você volta para si mesmo e se lembra que eles não só acreditam, como replicam esse tipo de conteúdo. Vou dar um exemplo com imagens abaixo.


Porém, isso acaba sendo até bem triste, na verdade. Primeiro por utilizarem a imagem de Jair Bolsonaro comparando-o com um messias ou alguém abençoado por Deus. Inclusive, uma de suas maiores estratégias durante sua campanha presidencial foi a utilização de discursos religiosos como chance de obter votos. Em segundo lugar, é lamentável ver que eles compartilham (e acreditam) em uma imagem totalmente sem nexo, colocando Hitler como um antagonista das armas –justo ele!
Imagens assim aparecem “a torto e a direito” na maioria desses grupos. É normal chegar no fim do dia (lá pelas 22h) com 600, 700 mensagens para visualizar porque, simplesmente, eles não param de bombardear conteúdo o dia inteiro.
E as imagens que eu trouxe são só a ponta do iceberg , porque o tanto de vídeos, áudios e links que são expostos por lá também não é brincadeira. Além disso, optei por não colocar os vídeos aqui pois são muito pesados, (geralmente chegam a ter mais de 7 ou 8 minutos) e sempre é algo como “Bolsonaro bota deputado esquerdista no seu lugar”, “PT não consegue mais governar e agora quer armar golpe para tirar presidente Bolsonaro” , “Atenção patriotas, caminhoneiro convoca greve contra o presidente, vamos ajudá-lo e expulsar os esquerdistas do país, viva a ditadura!!”. Isso vale tanto para Whatsapp, quanto para Facebook.
Sem falar nas grandes correntes e teorias conspiratórias que rondam o imaginário bolsonarista. Como falei, muito do conteúdo que circula nesses grupos são mensagens repassadas e que acabam virando correntes de uma forma ou de outra.
Frivolidades, como a disputa da final do campeonato carioca transmitida pelo SBT, virou objeto de “luta” e “resistência” contra a Globo. Integrantes que nem torciam para Flamengo ou Fluminense estavam vendo o jogo, porque era em uma rede de televisão concorrente da emissora carioca.
Particularmente, uma das correntes que eu mais gostei foi a do estado da Bahia que é o “centro da China no Brasil”. Acho que nada explica melhor que as imagens, né?



Isso é apenas uma parte dessa corrente que passou por, literalmente, todos os grupos do qual eu participei. Durante o processo, demorou, mas fui expulso de dois grupos por falta de atividade . Eu não escrevia nada e raramente interagia, já que estava ali apenas para observar. Ainda sim, questionei algumas coisas triviais e fui removido por não colaborar diretamente com o grupo.
Como já disse, certamente não recomendo isso a ninguém, nem para “ver como é”. Desgasta bastante ser bombardeado com um monte de notícia falsa e discurso de ódio o dia inteiro e, provavelmente, a análise que você vai fazer, é parecida com essa que eu trouxe. É horrível de verdade. Não façam.
Links úteis:
Aqui, deixo alguns links de trabalhos e matérias sobre o assunto, incluindo a pesquisa do João Guilherme Bastos que detalha muito mais o comportamento dos grupos e como funciona a cadeia da plataforma no Whatsapp.
WhatsApp, política mobile e desinformação: a hidra nas eleições presidenciais de 2018 — https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/CSO/article/view/9410
Sergio Pantolfi, 24 anos, é jornalista formado pela Unesp. Autor do Livro ”Quando a Água Toca a Terra”, escrito em parceria com Giovanna Bonfim de Castro.
Instagram: @sergiopantolfi
Twitter: @serjeuros
Facebook: Sergio Pantolfi
Fake News
Gabinete do ódio: Facebook derruba contas ligadas ao clã Bolsonaro
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08/07/20
Charge: Aroeira
Nesta quarta-feira (8), o Facebook anunciou a derrubada uma rede de 73 contas, 14 páginas, um grupo e contas Instagram, de funcionários dos gabinetes de Jair, Fábio e Eduardo Bolsonaro, além de pessoas com passagem pelo PSL, partido que elegeu o presidente genocida.
As contas e páginas foram tiradas do ar por apresentarem perfis falsos, envio de spam e uso de robôs, segundo noticiou o Facebook.
“Apenas atribuímos o que podemos provar. E removemos toda parte da rede. Vimos conexões com o PSL e com funcionários dos gabinetes das pessoas que mencionamos e o envolvimento direto deles ” (Nathaniel Gleicher, líder de políticas de segurança do Facebook).
As contas eram utilizadas para atacar adversários políticos, jornalistas , veículos de TV, além de falarem sobre eleições. No entanto, o Facebook informou que as contas e páginas foram tiradas do ar não por espalharem fake news, mas por violarem diretrizes relacionadas a spam, autenticidade e discurso de ódio. Esses perfis gastaram cerca de R$ 8 mil em anúncios.
Para a relatora da CPI das Fake News, as investigações apontam que a desinformação propagada nas redes pode ter influenciado no resultado das eleições. Aprovado no Senado, o Projeto de Lei das Fake News aguarda tramitação na Câmara. Bolsonaro é contra o PL.
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Luciana
04/04/20 at 18:33
Muito bom artigo, o mais triste e desesperador é que, teremos um apocalipse do sistema de saúde, já tao combalido pelos desmandos de quem teria em tese, que zelar por todos nós. Parabéns pelo excelente artigo, abraços Joao!
alberto
05/04/20 at 7:57
ainda se estao a fazer iniciativas que reune muita gente ai no brasil ?