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Economia

Armínio Fraga e o terrorismo eleitoral. De novo!

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Ele some do mapa. Dedica-se a jogar golfe e aumentar seu já gordo patrimônio. E, às vésperas das eleições, a mídia conservadora sempre resolve ressuscitá-lo. Esquecem-se que o Brasil, quando ele era presidente do Banco Central teve de se ajoelhar duas vezes diante do FMI, em 2001 e 2002. Esquecem-se que a corrida aos fundos de investimento deveu-se a uma medida, no mínimo, equivocada, tomada por ele. Esquecem-se (ou talvez se lembrem muito bem e esta seja a razão de voltar a ouvi-lo) de seu ativismo político-partidário na eleição de 2002. Esquecem-se de que, na dúvida, subia a taxa de juros, aumentando vertiginosamente a concentração de renda no país.

Recordemos.

  • Armínio Fraga Neto foi presidente do Banco central do Brasil de 4/3/1999 a 1/1/2003.

  • Armínio entregou a dívida pública em 60% do PIB. Quando Dilma foi deposta estava em 39% e em junho de 2018, último dado, chegava a 51%.

  • Armínio entregou uma dívida líquida externa de 65 bilhões de dólares. Quando Dilma saiu o Brasil tinha dívida “negativa” de 302 bilhões de dólares, ou, o Brasil se pagasse tudo o que devia ainda sobrava com 302 bilhões em caixa.

  • A taxa básica da economia brasileira, taxa Selic, estava na faixa de 14% ao ano na saída de Dilma e acima de 24,90% quando Armínio terminou seu mandato com FHC no final de 2002.

O jornal Valor Econômico resolveu entrevistá-lo sobre a influência da eleição desse ano. Não foi surpresa constatar, outra vez, seu partidarismo.

Primeiro, ele detona a política econômica dos governos do PT e elogia as reformas anti-povo de Temer:

 

“Vejo um quadro muito difícil, porque temos um Estado fragilizado do ponto de vista financeiro e uma economia muito machucada do ponto de vista da produtividade, depois de políticas incrivelmente mal desenhadas e regressivas, como a chamada Nova Matriz Macroeconômica. Houve um progresso recentemente, algumas reformas importantes passaram, mas o quadro geral é ainda extremamente preocupante.”

 

O “progresso” recente a que se refere Armínio é composto pelo corte de direitos dos trabalhadores e pelo congelamento de despesa do governo por 20 anos. Além disso, debita toda a crise atual ao governo de Dilma e Lula. Ele não menciona a gravíssima crise política iniciada por seu partido ao não aceitarem o resultado das eleições de 2014 e o fraco desempenho da economia mundial.

Em segundo lugar, tenta, como fez em 2002, catequizar os candidatos para que se posicionem de acordo com a visão neoliberal da economia que ele (Armínio) sustenta:

 

“Diria mais, o que vai acontecer até lá: qual vai ser a qualidade do debate, o posicionamento dos candidatos e a expectativa sobre quem vai ganhar. Imagino um período de bastante turbulência. Tipicamente, os mercados vão reagir ao que é dito, a como as coisas são ditas e a quem vai, ao longo do tempo, conquistar a posição de favoritismo no pleito.”

 

O terrorismo desempenhado por Armínio, na posição de presidente do Banco Central, foi percebido até por agentes de extrema direita do mercado financeiro. E ele tenta repetir o método.

Em terceiro lugar, Armínio tenta esconder os erros que cometeu em 2002:

 

“Naquela altura do jogo, estávamos ali com o dedo no pulso do paciente. Eu estava no Banco Central, talvez a posição mais conectada com essas vibrações. Tínhamos plena consciência de que aquilo que poderíamos fazer tinha limites, de que seria preciso um comprometimento dos candidatos. Houve um esforço na direção de tentar construir pontes e, através dessas pontes, deixar claro a todos que a situação seria administrável sem grandes esforços. O que não é o caso hoje.”

 

O “dedo no pulso” não foi suficiente para tomar decisões acertadas em seus quatro anos no Banco Central: promover crescimento e estabilidade e entregar um paciente saudável ao sucessor de FHC.

Em quarto, não leva em conta que o país estava quebrado em dólares antes da eleição de 2002, após sua gestão desastrosa:

 

“A situação aqui, a situação de risco, considero mais grave do que era naquela época. Na época, havia um pedaço da dívida dolarizada. O câmbio disparou e a relação dívida/PIB piorou. Mas era claro que aquilo era uma posição de câmbio que não se sustentaria. Das duas, uma: ou teria inflação ou o câmbio iria voltar. Acabou voltando. Não era uma taxa de câmbio real permanente. Hoje, não. É um quadro que mostra, ao meu ver, um desafio maior. Não basta recuperar a confiança, como, por exemplo, foi feito àquela época pelo governo que chegou.”

 

E termina por desprezar o enorme volume de reservas cambiais construído nos governos do PT:

 

“Temos bastante [dólares em reserva], é inegável. O Brasil é um país grande. Se olhar as reservas internacionais como proporção do PIB, o número não é tão grande assim. Uma parte ainda tem como espelho os swaps cambiais, então as reservas líquidas são um pouco menores.”

 

Armínio se esqueceu (não tenho certeza de que foi esquecimento ou se era politicamente mais conveniente, para ele, omitir essa informação) que a operação de swap não consome dólares, mas reais. Os swaps, portanto, não comprometem um só dos 381 bilhões de dólares que o Brasil tem em suas reservas hoje. Lembremos que em julho de 2002 o Brasil já era relativamente grande, as reservas caíram para 23 bilhões de dólares e fomos obrigados a ir, com o chapéu nas mãos, pedir uns trocos para o FMI.

Relembramos a seguir, mês a mês, a conduta de Armínio no ano eleitoral de 2002, a partir de arquivos da Folha de S. Paulo.

Janeiro

Armínio começa o ano tendo que se explicar pelo estouro da meta de inflação em 2001

Fraga enviará carta a Malan explicando estouro de meta-11/01/2002
(Sandra Manfrini da Folha Online, em Brasília)
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, envia na próxima semana uma carta ao ministro Pedro Malan (Fazenda) explicando os motivos que levaram o país a ficar com uma inflação acima do limite máximo da meta fixada pelo governo. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 2001 ficou em 7,67%, enquanto a meta para o ano era de 4% com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Com Armínio no comando do Banco Central, Brasil tem de recorrer ao FMI em 2001

FMI evita rombo com o exterior em 2001 – 25/01/2002
Empréstimo de US$ 6,6 bilhões enviado pela instituição garante equilíbrio no balanço de pagamentos
(Ney Hayashi da Cruz da sucursal de Brasília)
O Brasil teria dificuldades para fechar suas contas externas no ano passado se não tivesse recebido a ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional). Em 2001, graças ao acordo fechado com o Fundo, o país recebeu um empréstimo de US$ 6,6 bilhões.

Fevereiro

“Desconforto”, Armínio?

EUA ligam juro alto no Brasil à corrupção – 02/02/2002
(Clóvis Rossi enviado especial a Nova York)
O secretário norte-americano do Tesouro, Paul O’Neill, atribuiu à corrupção e à falta de respeito às regras da lei o fato de o Brasil ter juros muito altos. As observações foram feitas em resposta à pergunta do megainvestidor George Soros sobre a persistência de taxas elevadas de juros no Brasil.
Informado dele [do comentário de O’Neill], no entanto, o presidente do Banco Central brasileiro, Armínio Fraga, responsável, em última análise, pela definição dos juros, admitiu “desconforto” com o comentário.

Governo FHC intervinha, separava, ficava com a parte podre e “doava” a parte boa

BC perde mais de R$ 10 bi com intervenções – 17/02/2002
(Leonardo Souza da Folha de S.Paulo, em Brasília)
O prejuízo do Banco Central com as intervenções financeiras no Banco Nacional, no Econômico e no Bamerindus deve superar, em muito, R$ 10 bilhões.
O presidente do BC, Armínio Fraga, quer encerrar ou encontrar uma solução para a liquidação dessas instituições até o final de março. Se as liquidações fossem encerradas hoje, sem qualquer tipo de acordo com os ex-controladores dos bancos, sobraria para o Tesouro Nacional, ou seja, para os contribuintes, um rombo de R$ 9,828 bilhões

Março

Armínio começa a tentativa de impor sua ideologia de que só a austeridade serve como política econômica

Fraga defende continuidade econômica – 05/03/2002
(Da sucursal do Rio)
O presidente do BC (Banco Central), Armínio Fraga, defendeu ontem a continuidade da atual política econômica como a melhor maneira de garantir o desenvolvimento social do Brasil nos próximos anos. Em discurso feito em seminário no Rio, ele citou o que considera conquistas do governo FHC: o controle da hiperinflação e a resolução das crises financeira, fiscal e cambial.
Segundo Fraga, mesmo uma mudança na orientação política do futuro governo não deve alterar o caminho que o país vem trilhando nos últimos oito anos.

Após o maior estelionato eleitora da história do Brasil, na dúvida, Armínio subiu os juros em de 39% para 45%

A história secreta da desvalorização cambial de 1999 – 10/03/2002
(Elio Gaspari)
Um dos segredos mais bem guardados pela ekipekonômica brasileira está à venda nas livrarias americanas por 30 dólares. O jornalista Paul Blustein, do “The Washington Post”, publicou um livro contando a história do fracasso do Fundo Monetário Internacional na crise financeira de 1998, aquela que terminou destroçando o populismo cambial brasileiro em janeiro do ano seguinte. Chama-se “O Castigo – Por dentro da Crise que Abalou o Sistema Financeiro e Humilhou o FMI”.
Entre a segunda metade de agosto de 1998 e o dia 13 de janeiro de 1999, a ekipekonômica torrou perto de US$ 30 bilhões da Viúva e outros US$ 9 bilhões do FMI defendendo o real sobrevalorizado (fingia-se que o dólar valia R$ 1,20). Levou os juros para 42%, cortou os músculos dos investimentos públicos e acabou rendendo-se, ao preço da ruína no ano de 1999. (Crescimento zero, contração de 1,5% na renda per capita.)
Blustein entrevistou inúmeros funcionários do FMI, inclusive Stanley Fischer, que na época era seu vice-diretor. Falou com FFHH e Pedro Malan, cometeu pecados veniais, como dizer que o ministro da Fazenda é filho de general. Ainda assim, seu livro é uma aula para a patuléia de Pindorama.
Depois de lê-lo, informa o professor Antônio Delfim Netto: “O Blustein mostra, sem dizer, que o governo Clinton usou o FMI na defesa do real sobrevalorizado para salvar o presidente Fernando Henrique e impedir a eleição do Lula”. (…)
Fischer reuniu-se com FFHH no dia 3 de fevereiro, e o governo começou a armar um dos maiores programas de contenção de gastos e investimentos públicos da história nacional. Pouco mais de um mês depois, FFHH rebateu uma crítica do governador Itamar Franco dizendo o seguinte: “Toda hora alguém diz: “O FMI exigiu”. Não exigiu nada. Falamos no ajuste há quatro anos. Precisamos é fazer o que é preciso”.
Tudo bem, mas, segundo Blustein, na conversa do dia 3 de fevereiro, Fischer disse o seguinte a FFHH: “Você só tem uma chance: fazer um programa mais severo”.
Por falar em coisa severa, no seu primeiro dia no Banco Central, Armínio Fraga levou os juros de 39% para 45%.

Abril

O que o Banco Central tem a ver com empresas de telefonia?

Congresso quer BC e agência em audiência – 18/04/2002
(Elvira Lobato da sucursal do Rio)
O confronto com a área econômica desgastou a Anatel, avalia o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, deputado Narcio Rodrigues (PSDB-MG). Ele disse que vai convocar o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e o presidente interino da Anatel, Antônio Carlos Valente, para audiência pública.
“Houve acusações extremamente graves, que precisam ser passadas a limpo”, afirmou o deputado, referindo-se à afirmação de Valente de que o BC teria cedido ao lobby das empresas de telefonia que querem mudanças nas regras estabelecidas pela agência.

Janio de Freitas cobra Armínio pelos juros alto e pelo lobby para empresas de telefonia

Na mesma – 21/04/2002
(Janio de Freitas)
Com a decisão do Banco Central de manter os juros básicos nas altitudes dos 18,5%, o que eleva os juros para o consumir a circundar os 150%, senão os 200%, Armínio Fraga revela-se (ou se confirma?) como o Gustavo Franco dos juros.
Assim como Gustavo Franco manteve a economia brasileira aprisionada pelo câmbio durante quatro anos, Armínio Fraga a mantém pelos juros. E já vai para os mesmos quatro anos (tempo, por sinal, que os comentaristas especializados tardam para libertar-se de suas várias amarras e dizer alguma coisa que lhes permita, mais tarde, falar da independência e lucidez de sua análise sobre os efeitos destrutivos dos juros, tal como disseram do câmbio).
A altitude dos juros desmente que a inflação, ao fim de oito anos sacrificados a pretexto de vencê-la, esteja de fato vencida.
Um país que dominou a inflação é um país onde os juros podem ter níveis normais, o crescimento econômico não precisa ser reprimido e a população não é sacrificada pelo corte de investimentos, apesar dos impostos tão altos.
Novo lobby
Por falar em Banco Central, Armínio Fraga não ficou devendo ao país uma palavrinha sobre a ação documentada de lobby feita, dentro do governo, pelo banco por ele presidido?
No mínimo, e até em favor do seu conceito pessoal, deveria explicar o que o Banco Central tem a ver com o aumento de preço da telefonia pretendido por uma telefônica posta por si mesma em má situação.

Maio

Dívida externa é só 40% do PIB, diz Armínio

Lula e os fundamentos – 05/05/2002
(Editorial)
Houve mudança de humor nos mercados financeiros, o que levou o dólar a nova alta e pressionou o índice Bovespa para baixo, tudo embalado por relatórios pessimistas de bancos estrangeiros.
A incerteza eleitoral explica em parte as apreensões dos investidores. O mais forte candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, registra ganhos nas pesquisas eleitorais. Enquanto isso, o “anti-Lula” ainda não surgiu, diferentemente do que ocorreu nas duas eleições que consagraram Fernando Henrique Cardoso.
O risco econômico associado à incerteza política seria muito menor, entretanto, fossem sólidos os fundamentos da economia brasileira. O longo ajuste ultraliberal aprofundado por FHC provocou uma fragilidade econômica, fiscal e financeira que se tornou ainda mais aguda num cenário de crise internacional.
Dizendo-se sempre a favor de modernizar a economia e estabilizar a taxa de câmbio, as equipes se sucederam no Banco Central, e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, bateu o recorde de permanência no cargo. Mas o apego a uma mesma receita foi insuficiente para dar solidez e sustentação aos fundamentos.
Na última batalha retórica contra analistas e organismos estrangeiros, o presidente do BC, Armínio Fraga, tentou descartar a tese de que a dívida externa brasileira é preocupante; FHC disse que o Brasil é uma espécie de ilha de tranquilidade. Preocupa o Banco Mundial que a dívida externa brasileira represente 10% do total dos débitos dos países emergentes. Fraga argumenta que a dívida é de “só” 40% do PIB. (….)
Está em questão a política econômica centrada no otimismo quanto à liberalização dos mercados globais. As ilusões desse modelo camuflaram a precária base da política econômica sob FHC. Com Lula ou sem Lula, o próximo governo estará aprisionado num modelo inadequado do ponto de vista econômico e financeiro.

Cristovam Buarque (sim, ele mesmo) elogia Armínio

Cristovam Buarque diz que Fraga é ”um bom presidente” do BC – 09/05/2002
(Patrícia Zimmermann da Folha Online, em Brasília)
O ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT) elogiou hoje o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Ele “tem sido um bom presidente”, afirmou.

Armínio no esforço de demonização de Lula

Terrorismo – 14/05/2002
(Nélson Sá, editor da Ilustrada)
O terrorismo retórico que assustou Lula explodiu logo cedo, num diálogo do presidente do Banco Central com o Bom Dia Brasil. Primeira pergunta da Globo:
– O governo considera que os programas dos outros pré-candidatos são tão bons ou tranquilizadores quanto o do candidato do governo?
E Armínio Fraga, no Bom Dia e no Jornal Nacional:
– Não está claro que seja assim… Minha leitura tem a ver com a sensação de dúvida sobre se as coisas continuarão no caminho certo… Os fundamentos da economia brasileira estão bem e no caminho certo, mas isso pode mudar. É essa dúvida que paira no ar.
Ele não parou por aí. Mais Fraga, em campanha:
– O receio que paira no ar, hoje no mundo, tem a ver com a experiência atual na Argentina e não é de que haverá um rompimento imediato. O medo é que se entre numa trajetória onde se vão dando pequenos passos na direção errada. Aí, um belo dia, você acorda e se dá conta de onde está. (…)
Fosse propaganda eleitoral e a retórica do presidente do Banco Central seria enquadrada como parte de um esforço de demonização de Lula.

Tentativas de pregar em Lula o rótulo de “ameaça à estabilidade”

PT espera ação governista contra a candidatura Lula – 15/05/2002
(Fábio Zanini da Folha de S.Paulo?)

Nos últimos dias, o petista [Lula] tem sofrido ataques do círculo político de seu adversário José Serra, pré-candidato tucano, e também de integrantes da área econômica do governo, como o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e o ministro da Fazenda, Pedro Malan. Até o novo marqueteiro tucano, Nizan Guanaes, partiu para cima de Lula.
Reservadamente, petistas já se preparam para a movimentação governista. Anteontem, em reunião de sua Executiva, o partido concluiu que devem aumentar tentativas do governo de pregar em Lula o rótulo de “ameaça à estabilidade” e identificá-lo com o caos na Argentina.

“Grandes conquistas” do período FHC? Onde?

Economia e campanha eleitoral – 16/05/2002
Paulo Nogueira Batista Jr.
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, por exemplo, criticou a falta de coerência dos programas econômicos dos candidatos à Presidência e recomendou que todos deixassem clara a sua disposição de preservar as “grandes conquistas” do período Fernando Henrique Cardoso.
Vejamos algumas delas:
1) A dívida líquida do setor público como um todo (incluindo União, Estados, municípios e empresas estatais), que era inferior a 30% do PIB em fins de 1994, alcança atualmente 55% do PIB. Note-se que isso ocorreu apesar de um grande aumento da carga tributária e da implementação do que alguns chamaram de “o maior programa de privatização do mundo”.
2) A dívida do governo federal em títulos (exclusive papéis na carteira do Banco Central) subiu de R$ 61,8 bilhões em dezembro de 1994 para nada menos que R$ 626,3 bilhões em março de 2002.
3) Cerca de 80% dessa dívida federal em títulos é composta de papéis pós-fixados, com remuneração referenciada aos juros de curto prazo, ou de papéis cambiais, indexados à variação do câmbio. Isso deixa as finanças governamentais muito vulneráveis a aumentos da taxa de juro e da taxa de câmbio.
4) Medido pelos déficits acumulados no balanço de pagamentos em conta-corrente, o aumento líquido da dívida externa e dos demais passivos do Brasil foi da ordem de US$ 180 bilhões entre 1995 e 2001, em larga medida como resultado da desastrada combinação de sobrevalorização cambial (até 1998) e abertura precipitada do mercado interno às importações.
5) Em consequência do aumento do passivo externo, o Brasil hoje suporta pesada carga de pagamentos ao exterior. As despesas líquidas com os juros da dívida externa e a remessas de lucros e dividendos totalizaram US$ 19,8 bilhões em 2001. As amortizações do principal da dívida chegaram a US$ 35,2 bilhões.

Entre principais economistas do país vicejam dúvidas se país caminha na direção certa

A direção do real – 19/05/2002
(Editorial)
A escolha do “real” como nome da moeda criada pelo mais bem-sucedido plano anti-inflacionário no Brasil não foi casual. Tratava-se não só de homenagear a história remota do país dos “contos de réis” mas principalmente de fixar, para as gerações futuras, a ideia de que moeda é coisa real, não a ficção a que se habituaram os brasileiros, vítimas das ilusões inflacionárias.
Quase oito anos depois de criada, no entanto, a moeda que lastreou a eleição e a reeleição de FHC é uma pálida sombra do símbolo original.
A fragilidade tornou-se patente porque as duas gestões de FHC criaram armadilhas que tornam incerto o rumo da economia brasileira.
Em seminário sobre o regime de metas inflacionárias, o presidente do BC, Armínio Fraga, afirmou que o equilíbrio fiscal e o controle da inflação “caminham na direção certa”.
As dúvidas sobre o acerto ou mesmo a existência desse suposto rumo vicejam entre alguns dos principais economistas do país.

“Indicadores econômico do Brasil não são uma maravilha”, diz Delfim

Para economistas, “efeito tango” é terrorismo eleitoral – 23/05/2002
(Lia Hama da redação)
A declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso, de que o Brasil corre o risco de virar uma Argentina se os próximos governantes forem incompetentes, é “terrorismo eleitoral”, na opinião de economistas consultados pela Folha. “Certamente é terrorismo. [A declaração de FHC] tem uma conotação política muito clara, que é a pretensão de que só um pequeno grupo poderia dirigir o Brasil e, portanto, qualquer mudança vai quebrar o Brasil”, afirma o deputado federal Antônio Delfim Netto (PPB-SP). (….)
A declaração de FHC segue a mesma linha de discurso do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que afirmou que a volatilidade dos mercados nas últimas semanas está ligada ao medo da alternância de poder no país, e do próprio pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, que apontou o risco de o Brasil se transformar em uma Argentina.
Na opinião da maioria dos economistas ouvidos pela Folha, no entanto, é remota a possibilidade de um “efeito tango” no país.(…)
“Essa agitação que existe aí é porque os indicadores econômicos não são uma maravilha”, concordou Delfim Netto.
Junho

O que Armínio quis dizer com “certamente”?

O curral deve ser negociado logo – 05/06/2002
(Elio Gaspari)
Numa surpreendente declaração, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse o seguinte à repórter Míriam Leitão: “Não acredito que alguém vá cometer o erro de querer alongar compulsoriamente a dívida. Certamente, o que se vai fazer é oferecer ao credor uma proposta: quem abrir mão da liquidez por um tempo vai ter uma remuneração maior”.
Certamente? Se é certo, no sentido de “com certeza”, o doutor Armínio deveria começar amanhã de manhã a renegociação da dívida interna brasileira, equivalente a 55% do PIB.
Deveria proceder dessa maneira por três motivos:
1) Porque sua declaração leva os investidores a temer pelo seu dinheiro. Aumenta o nervosismo que deriva da precária situação econômica do país. Estimula a deformação da eleição presidencial, transformando um ato do ritual democrático em feitiçaria financeira. Se uma coisa será “certamente” oferecida no ano que vem, seria muito melhor oferecê-la agora.
2) Porque isso significará o reconhecimento, pelo governo, de que é dele o ônus do início da renegociação de uma dívida de R$ 650 bilhões que quase duplicou na sua relação com o PIB. Seria conduta decente, oposta à que praticou na eleição passada, dando dois meses de sobrevida ao populismo cambial e ao dreno das reservas nacionais para assegurar o novo mandato de FFHH. É sempre útil lembrar que em agosto de 1998 o Brasil tinha em torno de US$ 70 bilhões nas suas reservas. FFHH foi reeleito em novembro sustentando o dólar a US$ 1,20 e, no final da segunda semana de janeiro, as reservas reais estavam em US$ 12,5 bilhões. Pouco depois o dólar bateu a marca dos R$ 2. Como disse um ex-ministro da Fazenda: “Há crimes felizes que são reputados heroicos e gloriosos”.
3) Porque renegociando desde já a dívida o doutor Armínio pode dispor peso de sua biografia de competente defensor dos contratos. Se esse abacaxi, que “certamente” caberá ao novo governo, cair no colo de Lula, vão chamá-lo de esquerdista caloteiro. Há poucas semanas ele descartou a quebra de contratos e disse o seguinte: “Vamos sentar à mesa para negociar. E nessa negociação vamos tentar discutir coisas que podem dar ao Estado um pouco mais de fôlego para o investimento”.

Armínio e Figueiredo deveriam fala menos

Instituição está sem rumo e paga “preço muito caro” pela venda casada de “swap” cambial com LFTs, diz deputado – 06/06/2002
(Leonardo Souza da sucursal de Brasília)
O ex-ministro e deputado Delfim Netto (PPB-SP) diz que o novo instrumento (o “swap” cambial) criado pelo BC para rolar a dívida em dólar fracassou, o que impôs confusão ao mercado.
Em sua opinião, o BC está sem rumo, ou “sem iniciativa”, e paga agora pelos recentes erros “um preço muito caro”. “A credibilidade do BC está indo pelo buraco numa velocidade louca”, disse.
Para ele, a melhor coisa que o BC (seus dirigentes) pode fazer agora é “ficar quieto, esperar as coisas se acalmarem”. Para o ex-ministro, o presidente do BC, Armínio Fraga, e o diretor de Política Monetária, Luiz Fernando Figueiredo, deveriam falar menos.
“Admitir, por exemplo, que poderia haver renegociação da dívida com métodos” amigos do mercado” certamente não tranquiliza os credores, que têm pânico de ouvir tal ideia”, afirmou, em referência a uma frase recente de Fraga, dita quando falava sobre a possibilidade de o próximo governo propor aos credores a renegociação da dívida interna oferecendo-lhes juros mais altos em títulos com prazos maiores.

O instinto especulador de Armínio Fraga

O chute – 06/06/2002
(Janio de Freitas)
Por falar nela (na atividade que mais ilude e deforma esse país), baixou no presidente do Banco Central, Armínio Fraga, o que só pode ser uma forte nostalgia dos tempos em que, nos Estados Unidos, ocupava-se com especulações. É um raciocínio tipicamente de especulação a responsabilidade que Armínio Fraga atribuiu às eleições, para explicar os saques que estão ocorrendo nos fundos de investimento.
Armínio Fraga surpreendeu os fundos e os investidores com a antecipação repentina de modificações que só vigorariam, nas regras contábeis dos fundos, em setembro. Se a fuga nos fundos não foi causada pela atitude de Armínio Fraga como presidente do Banco Central, como se explicaria que as retiradas ocorressem em seguida à decisão e, simultaneamente, a procura por dólar o elevasse tanto?
O especulador é um tipo que cria expectativas com o mínimo de base ou o máximo de ficção. Não existe só no “mercado” financeiro, prolifera no jornalismo econômico e é comum também, sob outra forma, no jornalismo político. Mas a presidência do Banco Central é, por natureza, a antiespeculação financeira. O problema é que ela está sujeita à natureza de seu ocupante, seja qual for.

Armínio levantou a bola para seu “empregador” cortar

Os recibos – 12/06/2002
(Janio de Freitas)
Em adendo ao seu insulto às instituições e aos eleitores brasileiros, como parte impulsora da campanha para tentar erguer a candidatura de José Serra por meio do pânico, o superespeculador internacional George Soros disse (Folha de sábado) que, “com o dólar a R$ 2,66, a crise já começou”. O dólar ontem ultrapassou os R$ 2,70, em seguida a duas pesquisas, Datafolha e Ibope, em que o “efeito bela Rita” melhorou o índice de Serra.
Se a desvalorização do dólar é, por si só, comprovante de crise, então a crise se agrava quando sua pretensa motivação deveria reduzi-la. Logo, o “efeito Lula” é motivação no mínimo questionável. E, se “a crise já começou”, está posta em xeque a alternativa ou Serra ou a crise. (….)
Como complemento e no mesmo embalo, o ministro Sérgio Amaral deixou o seu tom habitualmente ético para apoiar a linha Soros. O coordenador da campanha de Serra, Pimenta da Veiga, juntou-se ao presidente do PSDB, José Aníbal, para completar o fértil recibo passado, com denunciadora avidez, de que nenhum deles falou por si, por iniciativa própria. São peças de um encadeamento iniciado por Armínio Fraga e, não por acaso, prontamente apoiado com exacerbação por seu empregador nos Estados Unidos. E vem muito mais aí.

Armínio se desdiria dali a 21 dias

Tesouro tem caixa para honrar compromissos, diz Fraga 21/06/2002
(Ivana Portes)
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse hoje que o Tesouro tem caixa suficiente para honrar seus compromissos e que não será preciso recorrer a novos empréstimos ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
De acordo com ele, o caixa do Tesouro é da ordem de R$ 50 bilhões.
“Acabamos de sacar US$ 10 bilhões do Fundo [FMI]. Isso é mais que suficiente”, disse ele.

Julho

Armínio admite negociação com o FMI

FMI aceita novo acordo com o país, diz Fraga – 12/07/2002
(Márcio Aith enviado especial a Nova York)
O presidente do BC (Banco Central), Armínio Fraga, informou ontem que o governo brasileiro e o FMI (Fundo Monetário Internacional) estão negociando uma nova ajuda financeira “de contingência” ao país.
Segundo ele, essa nova ajuda poderá vir na forma de uma simples elevação do valor do atual acordo com o Fundo ou paralelamente a um novo programa, que protegeria a economia na transição e já no novo governo. Fraga disse que a definição de qual será a forma da ajuda estaria dependendo da evolução do “debate interno no Brasil”.
A expectativa de que Fraga anunciasse um novo acordo com o FMI ontem foi um dos fatores que contribuíram para a queda de 1,96% do dólar. A moeda norte-americana encerrou o dia valendo R$ 2,795 e mudou de patamar desde o dia 24 de junho ela se situava na casa dos R$ 2,80.
Além disso, o risco-país, medido pelo JP Morgan, caiu 5%, para 1.548 pontos. Os C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, subiram 3,56%.

A preocupação é com o próximo governo ou conseguir chegar ao final do governo atual?

Brasil pode ir ao FMI em breve, diz Armínio – 28/07/2002
(Leonardo Souza e Ney Hayashi da Cruz da Sucursal de Brasília)
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse ontem que, se “a conjuntura adversa não melhorar”, é provável que o governo recorra novamente ao Fundo Monetário Internacional nas próximas semanas.
Segundo Armínio, se o novo acordo com o FMI for fechado antes das eleições, não seria necessário compromisso formal dos candidatos à Presidência. Disse que seria um programa curto, de seis a doze meses: “Pode ser importante reforçar esse período”.
A preocupação de Armínio é permitir que o próximo governo possa trabalhar com “o mínimo de tranquilidade”, que possa sair da “atitude defensiva” que a atual equipe econômica tem tido para uma “atitude construtiva”.

Agosto

FMI empresta US$ 30 bilhões para o Brasil e exige mais austeridade (maior desemprego)

Malan e Fraga concedem entrevista sobre acordo com FMI – 08/08/2002
(da Folha Online)
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, concedem entrevista à imprensa, a partir das 11 h, no Ministério da Fazenda, para falar sobre o novo acordo acertado pelo governo brasileiro e o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Ontem, o Fundo anunciou um pacote de ajuda ao Brasil no valor de US$ 30 bilhões durante 15 meses.

Incendiar o mercado é muito fácil, tentar apagar custa os olhos da cara

BC “queimou” reservas, mas não foi em vão – 18/08/2002
((Leonardo Souza da Sucursal de Brasília)
O Banco Central gastou, ao longo de julho e do início de agosto, cerca de US$ 2,3 bilhões das reservas líquidas internacionais – a fatia do caixa em moeda forte do governo que pode ser usada quase sem restrições.
A maior parte desse dinheiro foi empregada pelo BC para intervir no mercado de câmbio, com vendas de dólar (papel-moeda) à vista. O restante, basicamente, serviu para recomprar títulos da dívida externa.
Durante esse mesmo período, apesar das intervenções, a cotação do dólar disparou. A curva da moeda e a das reservas brutas (o BC não divulga dia a dia a posição das reservas líquidas) têm se comportado de maneira quase que inversamente proporcional. Enquanto o dólar sobe, as reservas diminuem.
Reservas líquidas e brutas
As reservas líquidas são o caixa do BC em moeda estrangeira sem considerar os empréstimos do FMI (Fundo Monetário Internacional) -a soma de tudo compõe as reservas brutas. Em final de junho, as reservas líquidas estavam em US$ 25,881 bilhões. Na semana retrasada, segundo o presidente do BC, Armínio Fraga, haviam caído para cerca de US$ 23,5 bilhões. Pelo último acordo fechado com o FMI, as reservas líquidas não podem ficar abaixo de US$ 5 bilhões.

Setembro

Acordo com o FMI é muito bom, garante Armínio. Mas o superavit exigido era maior

Acredite se quiser (no governo) 08/09/2002
(Elio Gaspari)
A ekipekonômica conseguiu uma proeza, escorregar na casca de banana que ela mesmo jogou na calçada.
FFHH chamou os quatro candidatos ao Planalto para ouvirem dele e do ministro Pedro Malan uma exposição sobre o acordo fechado com o FMI. Pela palavra de Malan, ele se referiu a um “esforço fiscal adicional”. Os candidatos acharam que o governo combinara com o FMI um superavit primário de 3,75% do PIB. Passadas três semanas, descobre-se que o acerto era outro. Nas contas de 2002, o superavit combinado ficaria em 3,88%.
A diferença entre um percentual e outro é coisa de R$ 1,5 bilhão, dinheiro suficiente para a criação de 100 mil vagas em presídios.
Resta saber como fica o doutor Armínio Fraga, presidente do Banco Central. Ele disse o seguinte: “O acordo é muito bom, e seria uma tolice não aproveitar, dado que o custo adicional é nenhum”.
Tolice foi dar-lhe fé.
Também ficou difícil a posição do candidato do governo, José Serra. Ele disse: “Queria reiterar que esse acordo é bastante positivo para o Brasil (…), porque não implica nenhum sacrifício adicional para a economia nacional”.

As linhas para o comércio internacional das empresas brasileiras caíram entre 20 e 25%

Armínio vê recuperação de linhas – 10/09/2002
(do enviado especial à Basileia)

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse ontem que as linhas de financiamento ao comércio exterior brasileiro começaram a se recuperar mais rápido do que o governo esperava.
Duas semanas atrás, Fraga e o ministro Pedro Malan (Fazenda) tiveram encontro com banqueiros em Nova York para convencê-los a reabrir o crédito às empresas brasileiras, que caiu entre 20% e 25% nas últimas semanas, segundo o presidente do BC.

Industriais frustrados com altos juros e baixo crescimento

Alemães cobram mais crescimento do Brasil – 11/09/2002
(Leonardo Souza enviado especial a Frankfurt)
Grandes multinacionais alemãs com investimentos no Brasil cobraram ontem do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, maior crescimento da economia do país. (…)
No ano passado, a economia brasileira só cresceu 1,51%. Neste ano, a expectativa para o aumento do PIB, está em torno de 1,5%. No mercado financeiro, já há projeções para apenas 1%. Daí a frustração dos industriais.
Um dos principais fatores para o fraco desempenho da atividade econômica é a alta taxa básica de juros no Brasil, definida pelo BC, sob o comando de Armínio.

“A rejeição ao modelo econômico atual é generalizada no país”

FMI e estelionato eleitoral – 12/09/2002
(Paulo Nogueira Batista Jr.)
No final da semana passada, vieram a público os documentos relativos ao acordo do Brasil com o FMI: a carta de intenções, assinada pelo ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central, o memorando de políticas econômicas e o memorando técnico de entendimento. (….)
Quando o acordo foi anunciado, sob intensa (e ridícula) celebração, no início de agosto, o governo brasileiro declarou que ele não traria custos adicionais para o país nem engessaria o futuro governo. A leitura dos documentos agora divulgados revela um quadro bastante diferente, como seria de esperar. (….)
Trata-se, não obstante, de um acordo “sui generis”, uma vez que foi negociado por um governo em fim de mandato e envolve, essencialmente, metas a serem cumpridas por um governo ainda não eleito. Um dos aspectos que chamam a atenção, na leitura do acordo, é a desenvoltura com que Pedro Malan e Armínio Fraga falam em nome do futuro governo. (….)
No que diz respeito ao ajuste fiscal, o acordo envolve compromissos mais complicados do que geralmente se imagina. A meta para o superavit primário do setor público consolidado foi definida em 3,9% do PIB no período julho de 2002-junho de 2003, um aumento significativo em relação aos 3,2% do PIB observados no período julho de 2001-junho de 2002. Esse aumento é problemático para uma economia que sofreu forte desaceleração e está atualmente à beira de uma recessão.

Outubro

Mesmo após o golfe, Armínio não perde a chance de culpar a candidatura Lula pela turbulência no mercado e filosofar

Armínio Fraga vota após jogar golfe no Rio de Janeiro – 06/10/2002
(Ana Paula Grabois) da Folha Online, no Rio)
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, votou hoje após jogar golfe no Gávea Golf Club, em São Conrado, zona sul do Rio. Ele vestia boné, bermuda, camisa pólo e sapato mocassim bege. Fraga esperou uma hora e quinze minutos na fila para votar.
O presidente do BC disse que o mercado deve se tranquilizar quando o presidente eleito definir sua equipe econômica e esclarecer a política que vai assumir.
“A situação só vai acalmar para valer depois que o próximo presidente se dirigir à nação e deixar claro a sua linha de ação”, disse Fraga, enquanto esperava na fila para votar, no próprio Gávea Golf Club.
Ele admitiu que o pessimismo e as expectativas sobre o próximo governo influenciaram o mercado. Porém, para o presidente do BC, caso a oposição vença, há espaço para surpresas positivas. “Há um certo pessimismo, mas que pode até surpreender positivamente.”

Nossa atuação não tem viés político, mas a culpa é do Lula

Fraga nega que atuação do BC tenha viés político
(Sandra Manfrini da Folha Online, em Brasília)

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, negou hoje que a recente medida do BC de ampliar as exigências para o mercado operar com câmbio tenha um “viés político”. Segundo ele, a medida teve o caráter prudencial e não deve ser interpretada como uma tendência de determinação da taxa de câmbio.
“A medida foi tomada na hora certa e não teve viés político”, disse. Questionado sobre o tom do seu discurso, se sua entrevista não poderia ser entendida como campanha para o candidato do governo, Fraga disse que não mudou o discurso. “Meu discurso é praticamente o mesmo, o momento é que mudou”. A interpretação do presidente do BC é de que o problema é com as expectativas para o país. (…)
Fraga ficou irritado ao ser questionado sobre possíveis erros na condução da política monetária por parte do BC. “Não admito qualquer insinuação desse tipo, de como temos conduzido a política monetária”, rebateu.
Sobre a decisão do BC de antecipar a exigência da marcação a mercado, Fraga disse que a medida continua sendo mal interpretada, pois ela já existia desde 1995. “Estamos tomando decisões extremamente difíceis. Na média, acho que acertamos”, disse.

Armínio busca novamente constranger Lula e angariar voto para Serra

Fraga exime governo e culpa dúvida eleitoral por tensão 09/10/2002
(Por Isabel Versiani – Brasília Reuters)

Três dias após a realização do primeiro turno das eleições, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, convocou uma entrevista na qual culpou a falta de clareza da oposição pelas tensões do mercado financeiro, ao mesmo tempo em que eximiu o governo e o BC da responsabilidade pelo quadro atual. Segundo ele, há limitações à atuação do BC e do atual governo para combater o “clima de medo” existente no mercado. As turbulências, em sua avaliação, só poderão ser dirimidas quando houver mais clareza nas propostas apresentadas na campanha eleitoral.
“Existe hoje um clima de medo de que não se vai prosseguir numa trajetória de responsabilidade e transparência fiscal, de que não haverá compromisso firme com manutenção de uma taxa de inflação baixa, medo de que o compromisso com contratos, acordos e com o império da lei não seja compromisso absoluto”, disse.
“O BC vem errando sistematicamente nos últimos seis meses e o primeiro erro é ficar colocando dúvidas sobre a condução da política macroeconômica nos próximos anos”, afirmou o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e consultor do PT em questões econômicas.

Armínio faz o papel de bombeiro incendiário ou seria o contrário?

PT diz que Fraga faz campanha pró-Serra e faz dólar subir – 10/10/2002
(Fabiana Futema da Folha Online)

O PT responsabilizou o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, pelo fechamento recorde do dólar hoje. A moeda norte-americana rompeu hoje a barreira psicológica dos R$ 4 e registrou seu maior fechamento em reais de todos os tempos, R$ 3,99 para venda e R$ 3,985 para compra.
Segundo o assessor econômico do PT, Guido Mantega, a oscilação de hoje foi provocada pelas declarações dadas ontem por Fraga. “É lamentável que o presidente do Banco Central tenha deixado de fazer política monetária para começar a fazer política eleitoral.”
Fraga responsabilizou indiretamente o PT pelo clima de desconfiança instalado no país e, num recado ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do BC criticou a divulgação de ideias “exóticas e pouco ortodoxas” dos candidatos e seus colaboradores, como a adoção de medidas de controle de câmbio.

Ou FHC mentiu, ou Armínio subiu no palanque

O BC vai ao palanque – 11/10/2002
(Clóvis Rossi)
Ao dizer que, da parte do governo, não há muito o que fazer para conter a alta do dólar, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, está encurtando o mandato de um presidente que, uma e outra vez, se comprometeu a governar até 31 de dezembro próximo.
Ninguém espera do atual governo que lance, agora, um novo plano educacional, de saúde, ambiental ou que se proponha a construir uma ponte ligando Manaus a Porto Alegre. Espera-se que administre a crise cambial. Ponto.
Se não tem muito o que fazer nessa área, não tem muito a governar. Como o eleito para suceder FHC só governará a partir de janeiro, até lá o país vai ficar à mercê dos mercados.
Pior: por mais que negue, o presidente do BC não permite outra interpretação, que não a eleitoral, para suas declarações.
Vejamos: no dia 19, o presidente Fernando Henrique Cardoso encontrou-se com os então quatro principais candidatos presidenciais. O que aconteceu? Relata a Folha:
“Depois de se encontrar com os quatro principais candidatos à sua sucessão, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que estava satisfeito porque todos haviam assumido o compromisso de honrar o acordo acertado com o FMI (Fundo Monetário Internacional)”.
“Todos disseram que vão honrar”, afirmou FHC. Ora, o acordo com o FMI prevê exatamente o que Armínio volta a cobrar agora, quando diz que “existe hoje um clima de medo de que não se vá prosseguir numa trajetória de responsabilidade fiscal e de transparência, medo de que não vá haver um compromisso firme com taxa de inflação baixa”.
Ou o presidente mentiu há dois meses, ou o presidente do BC resolveu subir no palanque e fazer o mesmo terrorismo eleitoral que a campanha de Serra ensaiou no início e não foi comprado pelo eleitorado.

Para alegria dos rentistas, na dúvida, Armínio sobe novamente os juros

São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 2002

Para mercado, BC deu um tiro no pé – 15/10/2002
(Érica Fraga da reportagem Local)
O Banco Central aumentou os juros ontem na tentativa de salvar a, já bastante combalida, credibilidade do regime de metas de inflação. Pode, no entanto, ter dado, na opinião do mercado, mais um tiro no pé.
A medida anunciada ontem não causou boa impressão no mercado. O BC apontou a alta nas projeções da inflação como justificativa para elevar a Selic. Não convenceu. É unanimidade no mercado que um aumento de juros seria necessário. O que ninguém entendeu foi os motivos da convocação de uma reunião extraordinária para se tomar essa decisão, se o encontro oficial do

Lula eleito. Dólar cai

Dólar encerra mês da eleição 3,5% mais barato e deve cair mais – 31/10/2002
(Luciana Coelho da Folha Online)

Em uma clara reversão de tendência, o dólar encerra o mês da eleição presidencial – em que superou a barreira inédita dos R$ 4 – em baixa de 3,45%. No dia, a moeda norte-americana caiu 2,41%, fechando a R$ 3,63 para venda e R$ 3,625 para compra.
Já o risco-país brasileiro cai 3,02% e opera a 1.729 pontos – o que significa que o risco despencou 668 pontos no mês, ou 28%.

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1 Comment

1 Comments

  1. Inácio da Silva

    25/08/18 at 22:02

    Curioso recordarem do Fraga…que tem lá seus defeitos, mas se esquecerem de que Lula aliou-se a Sarney, Maluf, Renan Calheiros et caterva e, igualmente, aliou-se à escória dos empreiteiros para pilhar o erário público e distribuir para o PT e para o próprio bolso…

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Economia

CENSURA: Quando a gente para de gritar de horror, a gente aceita tudo

Censura a 11 matérias do jornalista Luis Nassif (JornalGGN) visa impedir a divulgação dos negócios do BTG Pactual; juiz obrigou à “despublicação”

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Solidariedade ao jornalista Luis Nassif, do JornalGGN

A censura ao JornalGGN e ao jornalista Luis Nassif está naquele rol de obscenidades a que o Brasil se acostumou. Se nem Deus mais se respeita (olha o padre e a evangélica que gabaritam em todos os pecados), se nem médico mais se respeita (veja as invasões de hospitais insufladas por Bolsonaro), se advogado agora leva socos na boca quando vai a presídios (e quem os dá são os policiais), se uma criança estuprada de 10 anos é xingada de “puta” e querem obrigá-la a levar a gestação a termo, mesmo que ela morra… Se num dia é uma patroa praticamente jogando um menino das alturas de um prédio e, no outro, é o surgimento instantâneo da Máfia dos Respiradores (enquanto o País sufoca com cento e picos mil mortos). Se morrem cento e picos mil e o presidente que perguntou “E daí?” está praticamente reeleito… Se tudo isso é verdade, por que não censurar o JornalGGN e o jornalista Luis Nassif? O que é, diante de tanto horror, um juiz mandar apagar as matérias que mencionem o BTG Pactual, não por acaso o hiper-banco de investimento de onde emergiu o atual ministro Paulo Guedes, antes de se consagrar como o maior criminoso do País? Só para dar uma idéia do tamanho, em julho de 2014, o BTG Pactual alcançou a marca de US$ 200 bilhões em ativos totais. Mais de R$ 1 trilhão.

É que, se eles conseguirem censurar o JornalGGN e o jornalista Luis Nassif, se eles conseguirem censurar a imprensa, eles também serão capazes de suprimir todas as notícias que foram mencionadas acima. Bastará um juiz decidir que quer que seja assim. Cancelam-se as matérias. Cancela-se o jornalismo. Cancela-se o que é inconveniente para os amigos do Presidente.

E por que o BTG Pactual quer censurar o mais importante jornalista de economia do País, Luis Nassif?

Essa é fácil: para que ele não possa contar a todos que o Brasil está sendo esquartejado e vendido como lavagem para porcos, para ser comprado em seguida por bancos como o BTG Pactual, o hiper-banco de investimento de onde emergiu o atual ministro Paulo Guedes — antes de se consagrar como o maior escroque do País (é sempre bom lembrar).

Follow the money (“Siga o dinheiro”) é um bordão que foi popularizado pelo filme “Todos os Homens do Presidente” (EUA, 1976). É assim: se você está investigando um escândalo de corrupção, o primeiro aspecto a considerar é quem vai ganhar com isso. Quem vai ganhar na loto.


Luis Nassif, porque é o mais importante jornalista de economia do País, estava fazendo exatamente isso. Mostrando os grandes fluxos de dinheiro que permitem provar os esquemas de corrupção graúdos. Censurar Nassif e o JornalGGN é calar o jornalismo, impedir as reportagens. É cassar da população o direito de se informar. É tornar os entes financeiros absolutamente fora de qualquer controle social, sob o argumento de que, estando nas bolsas de valores, não podem sofrer qualquer vibração na opinião pública. Absolutamente fora de qualquer controle social.

Pense nisso. Bancos livres para fazer o que quiserem…

Por tudo isso, os Jornalistas Livres solidarizam-se com o mais importante jornalista de economia do País, Luis Nassif. E colocam-se à disposição para republicar em nossas páginas os conteúdos censurados.

Pela liberdade de imprensa!

Pela liberdade de expressão!

Abaixo a censura

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Economia

380 economistas assinam manifesto pelo fim do teto de gastos

Essa é a mensagem central do documento “Teto de gastos, a âncora da estagnação brasileira e da crise social”, organizado pela ABED – Associação Brasileira de Economistas pela Democracia e que recebeu a assinatura de 380 economistas.

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“Para fazer frente aos desafios do Século 21, é preciso repensar a atuação do Estado, o que necessariamente passa por uma revisão daquilo que sabemos que já não funciona.” E revisar o que não funciona passa, especialmente, pela extinção do teto de gastos que comprime as políticas sociais de saúde, educação e assistência e os investimentos da União.

Essa é a mensagem central do documento “Teto de gastos, a âncora da estagnação brasileira e da crise social”, organizado pela ABED – Associação Brasileira de Economistas pela Democracia e que recebeu a assinatura de 380 economistas. Além da extinção do teto de gastos, o documento exige um pacto social mais harmônico e uma reforma tributária progressiva.

“A pandemia reforçou a necessidade de um pacto social mais harmônico. No Brasil, além de uma urgente reforma tributária progressiva, é imprescindível substituir o conjunto de regras fiscais atrasadas, sobrepostas e anacrônicas. Precisamos de novos instrumentos fiscais que permitam uma estabilização do ciclo econômico, viabilizem o aumento dos investimentos públicos e garantam as políticas de transferência de renda e a prestação de serviços públicos de qualidade”, afirma o manifesto.

Os economistas ressaltam que, após as quedas do PIB em 2015 e2016, o teto contribuiu para o enorme desemprego e para a mais lenta recuperação na história da economia brasileira:
“Ela [a restrição fiscal] fez com que a economia brasileira apresentasse a mais lenta recuperação cíclica já registrada e a taxa de desocupação sempre acima de 11%, extremamente elevada mesmo antes da recente crise sanitária. No final de 2019, o PIB brasileiro ainda se encontrava 5,5% abaixo do valor observado em 2014, mesmo com o avanço de várias reformas econômicas, como as trabalhista e previdenciária, que segundo a cartilha liberal resultariam em maior crescimento da economia.”

Os economistas brasileiros, ressalta o documento, que defendem a manutenção, e mesmo o aprofundamento do teto de gastos, estão na contramão das políticas econômicas adotadas mundo afora: 

“O ultraliberalismo brasileiro ignora o debate sobre política fiscal nos países desenvolvidos, onde a tônica tem sido a necessidade de continuar com estímulos fiscais para manter a atividade econômica, por intermédio do investimento público na descarbonização da economia, para atender a dupla necessidade de criar emprego e renda, e contribuir para o enfrentamento do grave problema ambiental e humano do aquecimento global”.

Segue a íntegra do documento:

Teto de gastos, a âncora da estagnação brasileira e da crise social

A grande recessão brasileira iniciada no primeiro trimestre de 2015 deu ensejo à construção de uma narrativa equivocada a respeito dos problemas da economia brasileira, focada quase que exclusivamente no desequilíbrio fiscal do setor público. Segundo ela, desde o início da década de 1990, o Brasil teria um desequilíbrio fiscal estrutural, caracterizado pelo crescimento excessivo dos gastos primários do setor público a um ritmo superior ao do PIB (Produto Interno Bruto).

Esse crescimento excessivo dos gastos públicos teria ensejado um aumento contínuo da carga tributária para a manutenção, a partir de 1999, de um superávit primário adequado para garantir a sustentabilidade da dívida pública no longo prazo. Ainda segundo essa narrativa, o crescimento contínuo da despesa primária e da carga tributária seria insustentável no longo prazo, de maneira que, em algum momento, um ajuste fiscal estrutural seria necessário para interromper uma suposta “morte súbita” da economia.

Ao longo dos anos de 2015 e 2016 foi sendo construído um consenso entre os economistas do mercado financeiro, a grande mídia e a maioria dos membros do Congresso Nacional a respeito da necessidade de introdução de um teto de gastos na Constituição Federal.

Não ficaram de fora desse consenso representantes diretos e indiretos dos setores produtivos que sustentavam serem também as despesas primárias de cunho social as responsáveis pela inibição das ações dos governos no apoio e fomento dos investimentos nos projetos produtivos da economia. Esse mecanismo de controle fiscal, introduzido pela Emenda Constitucional nº95, prevê o congelamento do gasto primário real da União, por um período de 20 anos, a partir de sua promulgação em 2016.

A ideia subjacente ao teto de gastos consiste em realizar um ajuste fiscal duradouro por meio da redução da despesa primária como proporção do PIB, recuperando o superávit primário estrutural do setor público e reduzindo o seu endividamento, o qual havia aumentado quase 20 p.p do PIB no período 2014-2016.

O curioso, no mínimo, é que precisamente o biênio 2015-16 caracterizou-se não pela suposta “gastança” do governo, mas pelo mergulho da economia, das receitas e pelo aumento da conta de juros já em meio à austeridade.

De todo modo, ainda durante os debates sobre a Emenda Constitucional nº95, vários economistas já haviam alertado para a insustentabilidade do teto de gastos no médio prazo. Em primeiro lugar, o congelamento da despesa primária da União em termos reais implicaria numa redução do gasto primário per capita devido ao crescimento da população brasileira a um ritmo de 0,8% a.a.

Num país com notórias deficiências nas áreas de saúde, educação, saneamento, moradia e segurança, não é uma ideia sensata perseguir essa redução. Alguma dose de prudência e bom senso apontavam para a necessidade de se permitir, ao menos, o crescimento da despesa primária no mesmo ritmo do crescimento da população brasileira.

Um segundo problema com o teto de gastos é que a maior parte das despesas primárias da União —gastos com previdência social e com os salários dos servidores públicos— afeta o conjunto dos cidadãos portadores de direitos sociais e∕ou laborais (inclusive os servidores estáveis concursados) e é imprescindível para a execução das próprias políticas públicas.

Com efeito, os gastos com a previdência social, com mais de 30 milhões de beneficiários, têm um crescimento médio de 3,5% a.a. em termos reais, refletindo o ritmo de crescimento da força de trabalho no período em que as pessoas que se aposentam a cada ano entraram no mercado de trabalho. A folha de salários dos servidores públicos da União, incluindo civis, militares e inativos, por seu lado, tem oscilado em torno de 4,3% do PIB nos últimos 20 anos, não é explosiva, não cresce automaticamente —pois não há data base no serviço público—, e tampouco pode ser reduzida abruptamente ao sabor do ciclo político sem ferir a Constituição e desorganizar a prestação de serviços à população.

Nesse contexto, até o momento, as variáveis de ajuste de curto prazo foram as políticas sociais de educação, saúde e assistência e os investimentos da União, notadamente os investimentos em infraestrutura, necessários para aumentar a produtividade média da economia brasileira e a competitividade das empresas brasileiras nos mercados doméstico e internacional.

Não por acaso, a introdução de uma restrição fiscal exógena e autoimposta, que não decorre da incapacidade de financiamento do governo, coincidiu, passada a crise de 2015-2016, com um ritmo de crescimento de apenas 1,2% a.a no período 2017-2019, valor 57% inferior ao observado entre 1980-2014.

Ela fez com que a economia brasileira apresentasse a mais lenta recuperação cíclica já registrada e a taxa de desocupação sempre acima de 11%, extremamente elevada mesmo antes da recente crise sanitária. No final de 2019, o PIB brasileiro ainda se encontrava 5,5% abaixo do valor observado em 2014, mesmo com o avanço de várias reformas econômicas, como as trabalhista e previdenciária, que segundo a cartilha liberal resultariam em maior crescimento da economia.

A eclosão da pandemia do coronavírus em 2020 exigiu a adoção do mais amplo programa de transferência de renda da história do país a fim de evitar o colapso econômico e social. Em função desse dispêndio absolutamente necessário, a União deverá apresentar déficit primário inédito e um aumento expressivo da relação dívida pública/PIB, a qual deverá ultrapassar os 90% ainda neste ano.

O aumento da dívida pública como proporção do PIB tem levado os arautos do austericídio fiscal a propor o regresso do governo à trajetória de cortes de gasto já em 2021, defendendo a PEC 186 (Emergencial) —que aciona o gatilho de redução de até 25% das horas trabalhadas dos servidores federais com correspondente redução nos vencimentos—, a desvinculação de recursos da saúde e educação, ou mesmo nova rodada de reforma previdenciária.

Dessa forma, o ultraliberalismo brasileiro ignora o debate sobre política fiscal nos países desenvolvidos, onde a tônica tem sido a necessidade de continuar com estímulos fiscais para manter a atividade econômica, por intermédio do investimento público na descarbonização da economia, para atender a dupla necessidade de criar emprego e renda, e contribuir para o enfrentamento do grave problema ambiental e humano do aquecimento global.

O argumento de que o controle da dívida pública a fórceps levará a uma percepção favorável dos investidores externos é falacioso, e mesmo impatriótico, pois não se sustenta em qualquer base teórica e muito menos comprovação histórica.

Esquecem-se os defensores dessa suposta alternativa que o mundo inteiro estará, nos próximos anos, às voltas com a recuperação das economias nacionais. O fator primordial que sustenta expectativas favoráveis e ânimo para investimentos privados em um país alicerça-se em políticas públicas eficazes que respeitam compromissos ambientais assumidos e que buscam construir uma ambiência institucional estável e social mais justa.

O retorno da austeridade fiscal em 2021, propugnado sem constrangimentos pelo mercado financeiro, significará a maior contração fiscal da história do Brasil, pois promoverá uma redução no gasto primário como proporção do PIB de 27% para 19% num período de 12 meses. Tal contração fiscal, no contexto de uma economia com enormes níveis de ociosidade, com um PIB ao final deste ano pelo menos 10% inferior ao registrado em 2013, levará a um novo mergulho recessivo com aumento da desigualdade na distribuição de renda, com consequências sociais —e econômicas— imprevisíveis. A proposta de “furar o piso”, com redução da carga horária dos servidores, ademais, comprometerá ainda mais a prestação de serviços públicos de saúde, educação, etc. para a parcela da população brasileira mais atingida pelos efeitos da pandemia.

Deve-se deixar claro que o aumento do endividamento público é um fenômeno global, não apenas restrito ao Brasil, e que não existe evidência na literatura econômica nem na experiência internacional sobre a existência de um limite máximo para a relação dívida pública/PIB. Com efeito, países como a Itália e a Espanha, que não possuem dívida pública denominada na sua própria moeda, deverão ultrapassar, respectivamente, a marca de 150% e 120% do PIB para o endividamento público em 2020.

O Brasil possui uma grande vantagem com respeito a esses países, pois quase 100% da dívida pública brasileira é denominada em moeda nacional e é retida principalmente por residentes no Brasil. Um cenário de fuga de capital, por medo de uma eventual crise de confiança na sustentabilidade da dívida pública, é altamente improvável em nosso país, senão impossível. E mesmo que ocorresse, o Banco Central do Brasil possui os instrumentos necessários para lidar com essa eventualidade.

Isso posto, os economistas e profissionais que trabalham com economia abaixo assinados vem por meio desta se manifestar publicamente pela extinção da Emenda Constitucional nº95, dada a necessidade de se retirar as restrições autoimpostas aos gastos de investimento e demais despesas obrigatórias da União pelo teto de gastos.

A pandemia reforçou a necessidade de um pacto social mais harmônico. No Brasil, além de uma urgente reforma tributária progressiva, é imprescindível substituir o conjunto de regras fiscais atrasadas, sobrepostas e anacrônicas. Precisamos de novos instrumentos fiscais que permitam uma estabilização do ciclo econômico, viabilizem o aumento dos investimentos públicos e garantam as políticas de transferência de renda e a prestação de serviços públicos de qualidade.

Esses são elementos centrais à reorganização econômica e social do Estado, para que este possa atuar em benefício da grande maioria da população brasileira. Para fazer frente aos desafios do Século 21, é preciso repensar a atuação do Estado, o que necessariamente passa por uma revisão daquilo que sabemos que já não funciona.

Assinam o documento:

Ademir Figueiredo

Adhemar S. Mineiro

Adilson Soares

Adriana Amado

Adriana Marques da Cunha

Adriano Vilela Sampaio

Adroaldo Quintela Santos

Agnaldo Quintela dos Santos

Alan Hercovici

Alex Palludeto

Alex Rabelo Machado

Alexandre Favaro Lucchesi

Alexandre R. Motta

Aline Souza Magalhães

Ana Carla Magni

Ana Carolina Wanderley Beltrão

Ana Cláudia Arruda

Ana Cristina Cerqueira

Ana Georgina da Silva Dias

Ana Lucia Carvalho Santos

Ana Lúcia de Miranda Costa

Ana Rosa Ribeiro de Mendonça

Anderson Henrique dos Santos Araújo

André Biancarelli

André Amaral de Araújo

André Calixtre

André de Queiroz Faria

André L. Scherer

André Luis Campedelli

André Luiz de Miranda Martins

André Nassif

André Paiva Ramos

André Roncaglia

Andréa Costa Magnavita

Andrea Rodrigues Ferro

Ângela Medrado Brasileiro

Antonio Carlos de Moraes

Antonio Carlos Filgueira Galvão

Antonio Corrêa de Lacerda

Antonio Jose Alves Junior

Antonio Lassance

Antonio Melki Jr.

Antônio Negromonte Júnior

Antônio Rosevaldo Ferreira da Silva

Áquilas Mendes

Aristides Monteiro Neto

Artur Ortiz de Araújo

Bárbara Cecilia M. F. De Souza

Bárbara Vallejos Vazquez

Beatriz Freire Bertasso

Bernardo Karam

Betty Nogueira Rocha

Bráulio Santiago Cerqueira

Bruno Andrade

Bruno de Araújo Andrade

Bruno Farias Stern

Bruno Leonardo Barth Sobral

Bruno Moretti

Bruno Setton

Camila Ugino

Camilo Bassi

Caren Freitas

Carlos Álvares da Silva Campos Neto

Carlos Cabral

Carlos Eduardo de Freitas

Carlos Eduardo Fernandez da Silveira

Carlos Pinkusfeld Bastos

Carmem Feijo

Carmen Garcia

Carmen Lúcia Castro Lima

Célia Vieira

César Roberto de Leite da Silva

Cezar Augusto Miranda Guedes

Christian Velloso Kuhn

Christiane Senhorinha Soares Campos

Cícero Péricles de Carvalho

Cid Olival Feitosa

Claudemir Galvani

Claudia Hamasaki

Claudia Beatriz Le Cocq D’Oliveira

Claudio Amitrano

Cláudio Antônio de Almeida

Cláudio da Costa Manso

Clovis Roberto Scherer

Cristiane Kerches da Silva Leite

Cristina Lemos

Daniel dos Santos

Daniel Negreiros Conceição

Daniel Negreiros Conceição

Daniela Freddo

Daniela Salomão Gorayeb

Danilo Severian

Danilo Spinola

David Deccache

Davyson Demmer Guimarães Barbosa

Débora Freire Cardoso

Denise Guichard Freire

Denise Lobato Gentil

Diego Farias de Oliveira

Dilson Renan de Souza

Dimas Alcides Gonçalves

Diogo Vieira Mazeron

Dione Conceição de Oliveira

Douglas Santos Nascimento

Édrio Donizetti

Edson Domingues

Edson Rodrigues

Eduardo Baumgratz Viotti

Eduardo Costa Pinto

Eduardo Fagnani

Eduardo Luiz de Mendonça

Eduardo Moreira Garcia

Eduardo Rodrigues da Silva

Eduardo Silva Ramos

Eliane Araújo

Elias Jabbour

Elisangela Luiza Araújo

Elmer Nascimento Matos

Emanuel Lucas de Barros

Emílio Chernavsky

Enildo Meira

Eron José Maranho

Esther Bemerguy

Esther Dweck

Eurílio Pereira Santos Filho

Euriques Fernandes Carneiro

Eustáquio José Reis

Evilásio Salvador

Fabiano Abranches Silva Dalto

Fabiano Camargo da Silva

Fábio Di Natale Guimarães

Fábio Eduardo Iaderozza

Fábio Guedes Gomes

Fábio Terra

Fabrício Missio

Fátima de Lourdes Aragão de Carvalho

Fernanda Cardoso

Fernanda Esperidião

Fernanda Feil

Fernanda Serralha

Fernando Ferrari Filho

Fernando Moutinho Ramalho Bittencourt

Fernando Pacheco Dias

Fernando Pedrão

Fernando Sarti

Flávia Vinhaes

Flávio Cruvinel Brandão

Flávio José Domingos

Flávio mesquita Saraiva

Flávio Tavares de Lyra

Francisco Carneiro De Filippo

Francisco José Couceiro de Oliveira

Francisco Wagner Alves Rodrigues

Francyelle do Nascimento Santos

Frederico Gonzaga Jayme junior

Frednan Bezerra dos Santos

Gabriel Squeff

Gelton Pinto Coelho Filho

Gilberto Líbanio

Gina G. Paladino

Glaucia Campregher

Glaudionor Gomes Barbosa

Guilherme Carneiro Leão de Albuquerque Lopes

Guilherme da Costa Delgado

Guilherme Magacho

Guilherme Maia Rebouças

Guilherme Narciso de Lacerda

Guilherme Santos Mello

Gustavo Falcão

Gustavo Machado Cavarzan

Gustavo Souza Noronha

Helena Maria Martins Lastres

Hélio Mairata

Hugo Carcanholo Iasco Pereira

Hugo da Gama Cerqueira

Inês Patrício

Ingo Luger

Ismeralda Barreto

Jaderson Goulart Junior

Jales Costa

Jamile Souzza

Janice Câmara

Janúzia Souza Mendes

Jarpa Aramis Ventura de Andrade

Jason Tadeu Borba

Jennifer Hermann

João Carlos Nery de Brito

João Hallak Neto

João Ildebrando Bocchi

João Machado Borges Neto

João Santiago

Joaquim Andrade

Jorge Abrahão de Castro

Jorge Alano S Garagorry

Jorge Felix

José Antônio Lutterbach Soares

José Augusto Costa Lopes

José Carlos Peliano

José Celso Cardoso Jr.

José de Ribamar Sá Silva

José Eduardo Roselino

Jose Farias Gomes Filho

José Gabriel Porcile Meirelles

José Geraldo França Diniz

José Luis Oreiro

José Luiz Fevereiro

José Márcio Rego

José Mauro Gomes

José Moraes Neto

José Pascoal Vaz

José Raimundo Barreto Trindade

José Rubens Damas Garlipp

José Sérgio Gabrielli de Azevedo

José Tavares Bezerra Júnior

José Valdecy Guimarães Júnior

Juan Pablo Painceira

Juarez V. Pont

Julia Braga

Júlia Marinho Rodrigues

Juliana de Paula Filleti

Juliana Pinto de Moura Cajueiro

Júlio Batista

Júlio Fernando Costa Santos

Julio Manuel Pires

Jurandir Santos de Novaes

Kalinka Martins

Ladislau Dowbor

Lafaiete Neves

Laudeny Fábio Barbosa Leão

Lauro Mattei

Lavínia Maria de Moura Ferreira

Lena Lavinas

Liana Carleial

Lícia Maria França Cardoso

Licio da Costa Raimundo

Lourival Batista de Oliveira Júnior

Luciano Dias de Carvalho

Luciano Manarin Dagostini

Luciano Pereira da Silva

Luís Carlos Garcia de Magalhães

Luis Gustavo Martins

Luís Otávio Reiff

Luiz Antônio Elias

Luiz Fenelon Pimentel Barbosa

Luiz Fernando de Paula

Luiz Filgueiras

Luiz Gonzaga Belluzzo

Luiz Gustavo de Oliveira da Silva

Luiz Martins de Melo

Magda Barros Biavaschi

Manuel Ramon Souza Luz

Marcel Guedes Leite

Marcelo Álvares de Lima Depieri

Marcelo Manzano

Marcelo Miterhof

Marcelo Pereira Fernandes

Marcelo W Proni

Márcia Flaire Pedroza

Marcio Pochmann

Marco Crocco

Marco Flávio Resende

Marcus Maia Antunes

Margarida Baptista

Maria Angélica Borges Bocchi

Maria Aparecida de Paula Rago

Maria Carolina Capistrano

Maria Christina Cunha de Carvalho

Maria Cristina de Araújo

Maria Cristina Mascarenhas

Maria das Graças B. de Carvalho

Maria de Lourdes Rollemberg Mollo

Maria Fernanda Cardoso de Melo

Maria Luiza Falcão Silva

Maria Luiza Levi

Maria Luiza M. S. Marques Dias

Mariano Matos Macedo

Mariel Liberato Schwartz

Mário Jackson Siqueira Bayma Filho

Mário Rodoarte

Mário Theodoro

Marta Castilho

Marta Skinner

Martha Cassiolato

Maurício Borges Lemos

Maurilio Procópio Gomes

Mauro Osório

Mauro Patrão

Max Leno de Almeida

Miguel Huertas Neto

Mirian Beatriz Schneider

Mônica Beraldo Fabrício

Monica Landi

Nathalie Beghin

Nelma Souza Tavares

Nelson de Chueri Karam

Nelson Nei Granato Neto

Nelson Victor Le Cocq

Nicia Moreira da Silva Santos

Norma Cristina Brasil Casseb

Odilon Guedes

Orlando Ramos Moreira

Pablo SergIo Mereles Ruiz Diaz

Patrícia Cunha

Paulo César Machado Feitosa

Paulo Dantas

Paulo Gil Holck Introini

Paulo Kliass

Paulo Ricardo S Oliveira

Paulo Roberto Bretas

Paulo Sérgio Fracalanza

Pedro Garrido

Pedro Miranda

Pedro Noblat

Pedro Paulo Branco

Pedro Paulo Pettersen

Pedro Paulo Zahluth Bastos

Rafael Quevedo do Amaral

Rafael Ribeiro

Ramón García Fernández

Ranieri Muricy Barreto

Raphael Bicudo

Raul Ristow Krauser

Regina Maria d’Aquino Fonseca Gadelha

Reginaldo Muniz Barreto

Reinaldo Campos

Renata Lins

Ricardo Carlos Gaspar

Ricardo Carneiro

Ricardo de Melo Tamashiro

Ricardo Karam

Ricardo Lacerda

Ricardo Lobato Torres

Roberto Boccacio Piscitelli

Roberto Conceição dos Santos

Roberto Resende Simiqueli

Rodolfo Guimarães Regueira da Silva

Rodolfo Viana

Rodrigo Romeiro

Rodrigo Vilela Rodrigues

Rômulo Batista Sales

Ronaldo Coutinho Garcia

Rosa Maria Vieira

Rosa Maria Marques

Rosana do Carmo Ñ Guiducci

Rosângela Ballini

Roseli Faria

Rubens Sawaya

Samy Kopit

Sandro Silva

Sarah Regina Nascimento Pessoa

Sérgio Fornazier

Sérgio Guimarães Hardy

Sérgio Mendonça

Sérgio Roberto Rodrigues

Sidneia Reis Cardoso

Sílvio Humberto Cunha

Simone Deos

Sólon Venâncio de Carvalho

Tania Bacelar

Tânia Cristina Teixeira

Tereza Pozzeti

Thiago de Moraes Moreira

Thiago Rabelo Pereira

Thiago Varanda Barbosa

Thiago Xavier

Tiago Couto Porto

Tiago Oliveira

Ubajara Berocan Leite

Valcir Santos

Valdeci Monteiro

Valéria Moraes

Valéria Rezende de Oliveira

Vanessa Petrelli Corrêa

Vânia Souza

Verlane Aragão Santos

Victor Emmanuel Feitosa Hortencio

Victor Leonardo Figueiredo Carvalho de Araujo

Virgínia Oliveira

Vitor Hugo Tonin

Vítor Lopes de Souza Alves

Viviane Freitas Santos

Volnandy de Aragão Brito

Walbert Ribeiro Moreira Júnior

Weslley Cantelmo.

Wilnês Henrique

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Economia

ESCÂNDALO: Banco do Brasil é assaltado em operação com BTG Pactual

Banco criado por Paulo Guedes comprou por R$ 370 milhões carteira de crédito do Banco do Brasil que vale R$ 3 bi

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Em operação suspeitíssima, BTG Pactual ganhou descontão na compra de carteira de crédito do Banco do Brasil

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, entregou seu pedido de renúncia ao cargo alegando cansaço  —  sabe lá de quê —  e disse a amigos que queria estar mais próximos dos netos. Antes da demissão, há duas semanas, Novaes aproveitou seu poder para “passar a boiada”, enquanto a imprensa se preocupava com a Covid-19.

Por Dacio Malta*

Ele vendeu, por míseros R$ 370 milhões, uma carteira de crédito do Banco do Brasil no valor de R$ 3 bilhões ao BTG Pactual  —  banco criado por Paulo Guedes.

Sabem qual foi a última vez que o Banco do Brasil fez operação parecida?

Nunca.

Tudo foi feito sem licitação, sem concorrência, sem absolutamente nada.

Por que só R$ 370 milhões também é um mistério.

Para João Fukunaga, diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), “a venda da carteira de crédito para o BTG Pactual, dita de vanguarda, é bastante suspeita ao beneficiar, pela primeira vez, um banco fora do conglomerado e que justamente foi criado pelo ministro bolsonarista. Como saber se o BB não está sendo usado para interesses escusos do Paulo Guedes?”.

Como quem entende de economia é o Posto Ipiranga, ele faz o que bem entende, já que o capitão não entende nada de nada.

E, mais pra frente, quem sabe se torne também beneficiário dessa transação. Ou assalto, se preferirem.

Há quem acredite que a mamata acabou.

*Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.

Leia mais Dacio Malta em:

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