Na última sexta-feira, 30, o diretor do Departamento de Posturas da Prefeitura de Ouro Preto, em Minas Gerais, José Geraldo, esteve pessoalmente na Ocupação Chico Rei e ameaçou demolir as casas que estão sendo construídas no lugar.
Segundo Natália de Cássia, uma das coordenadoras da Ocupação, a ameaça foi feita na presença de mais de 20 pessoas. “Ele veio aqui, acompanhado de outros fiscais e de guardas municipais e disse que voltaria em breve para jogar as casas no chão”.
Natália disse, ainda, que os ocupantes estão dispostos a resistir até à morte. “Nós só sairemos daqui mortos. Seria o fim do mundo, a gente ter que sair e deixar as terras para os grileiros. Cada família, aqui, só quer 150 m² para morar e estamos dispostos a pagar um valor que caiba no nosso orçamento. Um lote em terra firme em Ouro Preto custa mais de R$ 150 mil”.
A Ocupação Chico Rei está instalada, há um ano, em uma pequena parte de um terreno de 271,5 hectares, pertencente ao estado de Minas Gerais e que está cedido à prefeitura da cidade desde 1997, em regime de comodato. O termo de cessão vem sendo renovado sucessivamente e o último, assinado em 2012, prevê que as terras ficarão com a prefeitura até 2032 (????).
Cerca de 99% deste terreno já foi grilado.
A ocupação é formada, hoje, por aproximadamente 120 famílias. Dessas famílias, apenas 6 moram no lugar. As outras marcaram lotes e frequentam atividades na Ocupação, dentre elas, as reuniões ordinárias que são realizadas todas às sextas-feiras, às 18h, em frente à sede do movimento (uma casa recém construída de pau-a-pique). As paredes de mais 5 casas estão sendo levantadas.
A maioria das famílias da Ocupação Chico Rei mora de aluguel, de favor e em áreas de risco alto, segundo classificação da Carta Geotécnica de Ouro Preto.
A Universidade Federal de Ouro Preto desenvolve cinco projetos de extensão no lugar.
As casas estão sendo construídas de forma ordenada, respeitando-se, por exemplo, os espaços onde serão construídas ruas de 7 m de largura e calçadas de 1,5 m.