Por Dacio Malta*
A fuga de Abraham Weintraub para os Estados Unidos é um escárnio com a Justiça brasileira e, em particular, com os “vagabundos” do Supremo.
O ministro — sim, ele continua ganhando seu salário e manteve a imunidade — está sendo protegido pelo presidente da República que, se comporta, verdadeiramente, como um chefe miliciano, oferecendo proteção, ajudando na fuga e no esconderijo de seu militante extremista.
Durante o tempo em que esteve no ministério, Weintraub nada fez pela Educação, a não ser atacar reitores, professores, alunos e, no seu último ato, as minorias. Participou de manifestações ridículas como explicar, com 100 bombons, o contingenciamento de 30% do orçamento de seu ministério. Como péssimo contador que é, não conseguiu esclarecer absolutamente nada, e ainda perdeu seus bombons para o capitão, que se deliciou em público. Dançou com um guarda-chuva, ridicularizou e atacou os chineses e, se comportou sempre não como autoridade, mas sim como militante — condição que ele mesmo confessou na fatídica reunião do dia 22 de abril.
Além do processo que responderá pelas fakenews, Weintraub é recordista de processos na comissão de ética da presidência da República, responde a outras 20 interpelações judiciais em Brasília e em São Paulo, tem de responder ou se retratar quanto à acusação de “vagabundos” do STF que deveriam “estar presos”, está em dívida com o governo do Distrito Federal por não usar a máscara contra a Covid 19 e, no momento, se encontra na mesma situação que estava Fabrício Queiroz até quinta-feira passada: escondido.
É possível que antes da posse no Banco Mundial — se é que ela se concretizará — poderá passar a condição de foragido.
Sua fuga para Miami, de onde postou um Twitter, ainda precisa ser explicada.
Como entrou nos EUA? Estava usando passaporte diplomático? Viajou em avião comercial ou em um jatinho? Quem pagou a viagem? Os EUA o aceitaram como se estivesse em missão? Como turista ele não poderia entrar em território americano. Se usou a desculpa do Banco Mundial, precisaria ter um visto específico para trabalhar em Washington.
Já o chefe do Governo tem de explicar por que demorou a oficializar a demissão de Weintraub que, sexta-feira, anunciou a fuga:
“Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!”.
O presidente sabia da fuga para Miami. Ele já avisou que sua rede de informantes é mais eficiente que a dos órgãos oficiais.
Bolsonaro sabe onde Weintraub está escondido, assim como sabia onde estava Queiroz.
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