Foi uma segunda-feira fértil, confesso, não posso negar minha mente oprimida no clarear daquela manhã. Senti uma luz indígena, suas insígnias marcando as nuvens de chuva esparsas no céu, quando abri a porta. Uma gente que grita distante me resgatou pouca fé que tenho no país nesse momento. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) lançaria seu fórum legítimo pela vida, pois toda vida indígena importa.
Digo assim, porque cedo fui à quitanda do bairro e, vi através da máscara, que a pitangueira, que antes era só folha empoeirada, suja na falta de chuva, hoje era só flores. Me encabulei, mas foi dia de flor, miúdas, branquinhas. Pensei até ter errado a rua, não, era ela mesma, apenas a pitangueira que tinha sede, hoje farta, marejada, nevava.
Quando voltei para casa, liguei o rádio, na verdade o computador. Na frequência, link, linha de frente tocava Criolo, cantava a responsa enquanto eu coava meu café.
Segunda-feira foi um dia de flor de pitanga, após seca longa e noites de boa chuva no fim de semana. A metrópole assusta entre cunha, suas árvores, seus povos na mente.
Me encabulei, mas foi dia de flor, miúdas, branquinhas. Lion man.
“Em tempos de pandemia a luta e a solidariedade coletiva que reacendeu no mundo só será completa com os povos indígenas, pois a cura estará não apenas no princípio ativo, mas no ativar de nossos princípios humanos.“
APIB lança Plano de Enfrentamento à Covid-19 “Emergência Indígena”
imagens por helio carlos mello©
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