Como chuva na face, em tarde quente, a Fundação Darcy Ribeiro traz um alento aos que vagam desanimados, sedentos, entre um país em desconstrução. Instituição dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de projetos educacionais, culturais, sociais e científicos, a Fundação encaminhou o nome de Ropni (onça fêmea) Metyktire, o cacique Raoni, como indicado ao Prêmio Nobel da Paz 2020.
A borduna e a palavra, o homem e suas armas, o grande líder tradicional do povo Mebêngôkre (Kayapó), há mais de meio século defendendo a floresta e a permanência dos povos originários em seus territórios tradicionais, após pisar a terra de muitos países e seus povos, o cacique Raoni insiste com os homens: a floresta não pode morrer.
Não sei se uma honraria assim pára o machado, a serra, o fogo, mas alimenta a chama em nós, não queima.
Como escreveu Leonel Kaz, no O Globo:
Pouco mudou. Aliás, muito pouco mudou desde a chegada dos primeiros predadores, em 1500, que dizimaram milhões pela escravidão ou pelas doenças com que os infestaram. Somos um povo feito de gente desfeita, dizia Darcy. Continuamos sendo: à ocupação de terras indígenas com garimpos ilegais, segue-se o desmatamento desenfreado. Isso significa que não apenas os indígenas estão caindo em desgraça, mas nós também — urbanoides leitores de jornais… E por quê?
Os rios voadores resultantes da evapotranspiração de bilhões de árvores da Amazônia é que permitem que a Região Sudeste deste país sobreviva em umidade e chuva. Sem a Amazônia, estaremos liquidados.
imagens por Helio Carlos Mello©