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Rio de Janeiro

Uma homenagem a Martinho Santafé

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Nossa homenagem ao jornalista Martinho Santafé, que morreu de câncer na terça-feira (05.02.2019), aos 67 anos.

A missa de sétimo dia será  Igreja São João Batista (Macaé) na terça-feira (12/02), às 18 h 30

Temos a certeza que sua prática jornalística corresponde aos valores que defendemos em nossa luta diária nos Jornalistas Livres.  

Sua carreira incrível demonstra que “O bom jornalismo” é feito, principalmente por pessoas boas e que encontram nessa profissão a capacidade de conciliar desejos e esperanças, como Martinho conciliou arte, militância política e sócio-ambiental e perseverança.

Martinho Santafé ingressou no jornalismo em 1970. No início da década, passou quatro anos em exílio “voluntário e sugerido” pela América Latina, como ele mesmo definiu em artigo escrito em janeiro de 2018, para a ocasião do 40º aniversário da Folha da Manhã (de Campos de Goitacazes, Rio de Janeiro), jornal que ajudou a fundar e foi Editor Geral, e onde colaborava até recentemente. De 1974 e 1975, trabalhou no extinto jornal A Cidade (RJ). e em 1977, se tornou chefe da sucursal de O Fluminense (RJ), ao lado de sua primeira esposa, Fátima Lacerda, e de Giannino Sossai. Passou também pelo A Notícia e trabalhou em O Debate, jornal de Macaé, cidade onde escolheu para morar desde 1981.

Martinho se dedicava à arte plástica ao mesmo tempo em que atuava no terceiro setor, fundindo sua experiência jornalística com o ativismo socioambiental. Junto com a esposa, a publicitária Bernadete Vasconcellos criou a revista Visão Socioambiental e, em seguida, promoveu a primeira Feira de Responsabilidade Socioambiental, evento que entrou para o calendário da Bacia de Campos (RJ).  

Como publicou o Blog do Cabral:

A cultura de Macaé e região amanhecerá mais pobre a partir desta data. Dono de uma carreira ímpar no jornalismo regional, […] O que se sabe, até agora é que a perda é irreparável.

Artesão de mãos habilidosas e escritor de punho afiado, Martinho transcendia o limite do jornalismo formal e conseguia imprimir, com criatividade e profissionalismo, arte em tudo o que fazia […]

[…]

Sobre a doença, que arrasava seus dias e abreviava seu tempo, o poeta escreveu. “Ocupo este espaço para agradecer as manifestações de solidariedade e garantir que continuo bem, apesar de tudo. E no meio de toda essa tempestade de fortes emoções (neste momento o meu tempo lógico ultrapassou os limites do razoável), prefiro citar um verso do multipoeta Paulo Leminski: “Distraídos, venceremos!” Mesmo que no meio do caminho haja uma pedra. Enorme. Gigantesca. Mas apenas uma pedra”.

 

Sua filha Maíra Santafé, é jornalista livre, e publicou nas redes sociais sobre a grande perda de família:

— Sorte eu ter tido tempo de me despedir. Sorte eu ter tanta coisa dele… Sua musicalidade, sua poesia, sua alegria e sociabilidade. Papai sempre foi muito carismático. Foi a pessoa mais sociável que conheci. E um coruja confesso. Sorte eu ter tanto dele em mim. Sorte termos tido o privilégio de aprendermos tanto um com o outro. Sorte eu ter ele para me fazer amar o carnaval, e com ele passei os melhores carnavais da minha vida. Sorte ter tanta lembrança bonita de sua passagem por esse plano. Obrigada, papai. Por tudo. Que sorte eu ter tido a oportunidade de me despedir de você. Amo você, papai coruja. Que dor não conseguir ter chegado a tempo para falar isso de novo — publicou Maíra, que reside em Niterói e estava a caminho de Campos quando recebeu a triste notícia.

Martinho Santafé tinha uma grande atuação no Carnaval de Macaé, com sua Banda do Boi Capeta (fundada em1982) e Campos dos Goytacazes, onde seu pai Herval Santafé, conhecido como “Lord Broa”, foi o fundador do tradicional Bloco Os Caveiras.

Muitos jornais da região repercutiram a morte do jornalista:

Veja o cliping:

https://cliquediario.com.br/cidades/macae-perde-o-jornalista-martinho-santafe-vitima-de-cancer

https://www.jornalterceiravia.com.br/2019/02/05/morre-o-jornalista-martinho-santafe/

http://www.ururau.com.br/noticias/cidades/morre-vitima-de-cancer-o-jornalista-martinho-santafe/22371/

https://www.atribunarj.com.br/morre-o-jornalista-martinho-santafe/

https://www.odebateon.com.br/macae-se-despede-do-jornalista-e-artista-plastico-martinho-santafe/

https://prensadebabel.com.br/index.php/2019/02/05/morre-jornalista-martinho-santafe/

http://www.folha1.com.br/_conteudo/2019/02/blogs/saulopessanha/1244162-morre-o-jornalista-martinho-santafe.html

https://cidade24h.com/portal/macae/macae-morre-aos-67-anos-o-jornalista-martinho-santafe/

http://opinioes.folha1.com.br/2019/02/05/morre-aos-67-o-jornalista-poeta-e-artista-plastico-martinho-santafe/

https://www.noticiasmacae.com/cidades/morre-aos-67-anos-o-jornalista-macaense-martinho-santafe

http://www.nfnoticias.com.br/noticia-14754/morre-o-jornalista-martinho-santafe

https://macaeempauta.blogspot.com/2019/02/luto.html?m=1

E na matéria do Folha 1

Muitos colegas deram seus depoimentos sobre Martinho, destacamos um deles:

 

Aristides Soffiati, historiador e ambientalista

“Eu era muito amigo de Martinho. Foi um grande jornalista, muito competente, consciente e lutador. Fez parte do Centro Norte Fluminense para a Conservação da Natureza. Enquanto a gente lutava com o DNOS, ele escrevia artigos de combate muito claros e incisivos, sempre com delicadeza”.

 

E o Prefeito de Macaé fez um justa homenagem, e decretou luto oficial por 3 dias:

Nós os Jornalistas Livres, temos a oportunidade de trabalhar com Maíra Santafé, herdeira e guerreira que prezamos muito, e que no momento está envolvida no cuidado de sua avó, e de seus familiares, e nos enviou algumas postagens que ela sua mãe fizeram nas redes sociais.

 

Maíra e familiares, esperamos que esta tenha sido uma homenagem à altura e nos solidarizamos com a sua perda e com a dor dos parentes e amigos de Martinho.

Que nosso caminho seja iluminado por ele.

 

Com trechos das reportagens de Folha 1 e Blog do Cabral.

Rio de Janeiro

Quem é o autor da foto que viralizou do BRT no Rio

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A foto que mostra um vagão do BRT (ônibus de transito rápido), na cidade do Rio de Janeiro, com uma super lotação viralizou na internet enquanto o Brasil assume a liderança de infectados pelo novo coronavírus e assume um dos primeiros lugares de número de mortes.

Quem tirou a foto foi Yan Marcelo Carpenter, após sair do trabalho na segunda por volta das 21:30, “assim que eu bati a cara no VRT,  vi que estava impraticável. [Estava]  o auge da doença. Estava ali, proliferando”. Ele conta que não manifesta nenhum sintoma até agora, mas se preocupou. A cidade esta em processo de flexibilização do isolamento, mas o movimento já é mais intenso do que nas ultimas semanas. O fotógrafo ainda conta o que impressionou “voltou a ser os dias comuns, só que com a maioria de máscara. É sinistro. E todos os veículos de transporte público são assim, em praticamente todas as linhas”.

O fotógrafo Yan Marcelo Carpenter / Arquivo Pessoal

O Yan, que atualmente trabalha em uma hamburgueria, é formado em história e começou a fotografar após sair de uma banda na qual tocava como baterista “no tempo em que a bateria estava ali encostada, eu já vinha fotografando com câmeras emprestadas. Depois consegui comprar a minha câmera. Já estou há seis anos na fotografia”.

A imagem que mostra uma cena comum dos transportes públicos brasileiros, os pequenos espaços de vagões de trens e cabines de ônibus lotados, ganha mais simbolismo enquanto explode no mundo protestos antiracistas que começaram por conta do assassinato de George Floyd, nos EUA, e passaram a adotar pautas internas em outros países, como aconteceu no Brasil. Os dois últimos finais de semana viram grandes atos nas principais cidades do país em solidariedade aos atos estadunidenses, mas também por conta de assassinatos causados por policiais, como a do menino João Pedro , ou de casos de racismo explícito, como o que resultou na morte do garoto Miguel. A foto (que já passou a ocupar lugar na história da fotografia brasileira) mostra que os trabalhadores aglomerados no vagão são, em sua maioria, negros. Não é preciso dizer mais nada.

Ao longo dos últimos três meses, quando  o país passou a adotar as primeiras medida de isolamento social,  o abismo econômico e racial brasileiro se mostrou novamente. Quem pôde parar de se locomover nas cidades foi a classe média, majoritariamente branca. Quem teve que se manter em movimento? A foto de Yan responde.

Conheça mais o trabalhode Yan

https://instagram.com/yanzitx?igshid=1u1ex87gav3gb

 

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Moradia

Moradia digna: um direito essencial em tempos de pandemia

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Luciana Novaes, vereadora do PT do Rio de Janeiro
Durante a pré-história os seres humanos desenvolveram técnicas de domesticação de plantas e animais em um processo que historiadores e antropólogos conhecem como sedentarização. Aos poucos deixamos de vagar pelo mundo em busca de alimentos e passamos a construir o que chamamos hoje de moradia. Desde então, as habitações se tornaram elementos indispensáveis para a boa manutenção da vida humana. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, no artigo 25°, reconhece que todo ser humano deve ter um padrão de vida suficiente para garantir a si e a sua família saúde e bem-estar, e isso inclui a habitação. O mesmo faz a Constituição Brasileira ao garantir no artigo 6º que a moradia é um direito social.
Porém, os dispositivos legais não foram suficientes para assegurar moradia digna para todos os brasileiros. Estima-se que o Brasil tenha um déficit habitacional de cerca de 7,7 milhões de residências. Na cidade do Rio de Janeiro, a situação é dramática e faltam mais de 220 mil habitações. Ao mesmo tempo, a capital fluminense é a segunda cidade com o aluguel mais caro do país, perdendo apenas para São Paulo. A defasagem no número de domicílios é um dos fatores que fizeram a população de rua do município crescer acentuadamente. Dados da Defensoria Pública do Rio de Janeiro de 2019 estimam que ao menos 15 mil cariocas estão no relento. Por sua vez,os abrigos atendem apenas 2,3 mil pessoas menos de 15% do necessário.
No meio da crise do coronavírus, não são apenas os desabrigados que preocupam, mas também quem reside em habitações insalubres. É preciso lembrar que 22,5% da população da cidade do Rio de Janeiro mora em favelas. Na periferia da cidade o isolamento social mostrou-se inviável, e um dos motivos é a precariedade das habitações. Na Rocinha, por exemplo, 38% dos moradores dividem o mesmo cômodo com uma ou mais pessoas, já na Tijuca esse percentual cai para apenas 2% dos habitantes.
Contudo, o poder público municipal parece dar de ombros para o problema habitacional, mesmo quando se trata de conter o vírus. Medidas paliativas que poderiam amenizar a situação de quem não dispõe de uma casa segura nesse momento não foram tomadas. É o caso do arrendamento de hotéis inoperantes, que poderiam abrigar parcela da população de rua, ou mesmo servir para isolar casos suspeitos. Essa medida foi importante, por exemplo, na Itália, cuja rede hoteleira acolheu moradores de rua e cidadãos que não tinham condições de isolamento, uma vez que nos centros urbanos como a Lombardia grande parte das habitações são apartamentos verticais pouco espaçosos.
A pandemia escancara aos gestores públicos que é preciso frear a grande especulação imobiliária no município do Rio de Janeiro, que supervaloriza imóveis enquanto escanteia para os morros e os cantões urbanos os pobres e desabrigados, negando a eles o direito à cidade. É necessário também apostar em uma política pública justa de urbanização e construção de moradias populares. Moradia digna não pode ser o privilégio de poucos, deve ser direito de todos.

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EUA

João Pedro e George Floyd

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Eles têm compulsão e gozo pelo jorro do nosso sangue. Eles não nos deixam respirar, quebram nosso pescoço e se regozijam com nossa dor. Eles atiram em nossos meninos rendidos dentro de casa, pelas costas.

Eles fazem publicidade do genocídio como mecanismo de controle, de domesticação dos corpos negros-alvo.

Eles nos matam por prazer e sadismo, investidos da condição de heróis, exterminadores do inimigo gestado nos porões de seu imaginário branco, podre e encurralado.

Nós emudecemos. O abate tem mesmo essa função, é diuturno, imparável, incansável, é disparado de todas as direções em nossa direção.

Nós portamos um alfanje para incisões precisas e profundas, uma cabaça com ervas para cuidar da úlcera, punhados de pólvora e sabedoria para fazer fogo, para explodir em fogo esse mundo que nos aniquila.

Nós somos búfalos, uma manada de búfalos. Nós temos a força que faz o leão chorar, e o esmaga, feito barata.

*Cidinha da Silva é autora de # Parem de nos matar! (Kuanza Produções / Pólen, 2019) e Um Exu em Nova York (Pallas, 2018), entre outros.

MAIS SOBRE:
https://jornalistaslivres.org/policial-americano-tortura-e-mata-no-meio-da-rua-george-floyd-negro-que-estava-algemado/

 

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