Nesta terça (31), o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) realizou seu primeiro grande ato de 2017, com mais de 10 mil manifestantes concentrados no MASP, de acordo com Guilherme Boulos, coordenador nacional do movimento. A marcha seguiu até a Prefeitura de São Paulo.
Afim de exigir a continuidade dos projetos de moradia em terrenos sob responsabilidade do município, o MTST foi até a Prefeitura pressionar Doria a dialogar, pois durante a campanha eleitoral, o então candidato citou que “queria deixar um recado ao MTST e a outros movimentos ‘desse tipo’ que teimam em ficar invadindo propriedades públicas e privadas”, e completou: “conosco não vai haver condescendência não! ‘Essa’ que houve não vai existir mais (referindo-se ao ex-prefeito Fernando Haddad). Vamos dar um tratamento rigoroso à eles: a aplicação da lei”, finalizou João Dória.
Ignorando o momento populista de Dória, outro tema exposto pelo movimento, foi o fim da violência policial nos despejos e reintegrações de posse, como costuma ser comum nessas ocasiões. Pauta oportunamente colocada em debate na Prefeitura, poucos dias depois de uma violenta desocupação ocorrida em São Matheus, na qual, Boulos acabou sendo preso – sobre a falsa acusação de agredir um policial, quando, segundo ele, fazia a negociação entre as forças policias e os moradores, ele fora liberado no mesmo dia. Outra reivindicação levada pelo movimento foi uma posição sobre o decreto do prefeito João Doria (PSDB) que permite a retirada cobertores e pertences da população em situação de rua.
O ato seguiu pela Av. Paulista, passou Av. Consolação e chegou até a Prefeitura. Durante todo o trajeto, era massiva a presença de famílias, crianças e idosos.
“Tem que correr atrás, sem luta não conseguimos nada” declarou Clayton, manifestante, com Miguel, o filho menor nos ombros. Quando questionado sobre o motivo levar o garoto ao ato. “Sou pai solteiro, e não tem quem cuide dele… é importante ele saber o que é certo e errado. Isso que fazemos é direito nosso” concluiu.
Na chegada à Prefeitura, os manifestantes encontraram um prédio com portas fechadas e cercado por grades. Vários carros da Polícia Militar, GCM e da Força Tática já estavam estacionados na Praça do Patriarca e noViaduto do Chá, região central da cidade. Apenas a porta lateral usada pelos funcionários, estava “aberta” com um pelotão da Guarda Civil Metropolitana, encarregado de fazer uma triagem na entrada.
Um cordão de policiais do CHOQUE e grades de ferro impediam que a manifestação se aproximasse do prédio.
Dória não estava na Prefeitura. O assessor-militar da Casa permitiu que uma pequena comissão de manifestantes subisse para conversar com executivos do Prefeito. O grupo foi recebido pelo Secretário Municipal de Habitação, Fernando Chucre; Secretário Especial de Relações Governamentais, Milton Flávio; e pelo Secretário de Governo, Júlio Semighini para discutir os pontos levantados pelos manifestantes.
A reunião durou cerca de 2 horas. O prefeito chegou de helicóptero, vindo de uma conferência no hotel Grand Hyatt (como consta em sua agenda), antes do final da reunião, e participou de parte dela.
Depois de horas, a comissão desceu para o encontro com os manifestantes.
Ficou acordada agilidade nos licenciamentos dos projetos para a liberação dos alvarás, de ocupações consolidadas e apresentados durante a reunião (Copa do Povo, Vila Nova Palestina, Faixa de Gaza e Esperança Vermelha). No próximo dia 2 de fevereiro, haverá reunião com equipe técnica de aprovação da manutenção de repasses já acordados em terrenos da COHAB. Ficou prometida a manutenção do programa Casa da Família. Será criada uma Comissão de Mediação de Conflitos para analisar os casos e procurar soluções negociadas e pacíficas para evitar a repetição de violência policial, em casos de despejo iminente uma comissão provisória será criada; e o compromisso de não violação dos direitos das pessoas em situação de rua.
Essas garantias estão formalizadas numa carta, ponto a ponto, assinada pelos secretários de Habitação e de Governo (Fernando Chucre e Júlio Semighini).
Para o movimento, o momento agora é de acompanhar as movimentações da Prefeitura e fiscalizar o cumprimento das medidas. Ao anunciar para os presentes, o resultado da reunião, Boulos fez questão de lembrar que tais promessas só haviam sido colocadas no papel, graças aos 10 mil que ali compareceram fazendo valer o lema do MTST “Só a luta muda a vida!”.
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