A PEC 55 é excludente!
Desde Adam Smith, sabemos que os donos do capital, ao decidir por um investimento, preocupam-se exclusivamente com seu próprio lucro. Contudo, Smith foi além: a taxa de lucro dos capitalistas não sobe com a prosperidade e cai com o declínio da sociedade. Ao contrário, a taxa de lucro é naturalmente baixa em países ricos e alta em países pobres e é a mais alta de todas em países que se encaminham rapidamente para a ruína. O interesse da classe empresarial não tem a mesma conexão com o interesse geral da sociedade como tem o interesse trabalhador e do dono da terra, concluía ele.
Ao apoiar o engessamento das finanças públicas por 20 anos, a elite empresarial está dizendo em alto e bom som que o bem-estar da sociedade brasileira não lhe diz respeito. Importa capturar parcela maior do orçamento público, importa criar fontes de lucro com a privatização de funções do Estado. O país, que começou recentemente a incluir seus pobres, voltará a excluí-los.
A PEC 55 é antidemocrática!
O programa econômico eleito, através da presidenta Dilma, não contemplava esse asfixiamento das finanças públicas. O teor da emenda não passou pela aprovação do voto popular. O poder executivo que lidera a proposta, com apoio das elites empresarial, política, do judiciário, da procuradoria e da grande mídia, não tem a legitimidade conferida pela população. Usam um golpe de estado, perpetrado contra o desejo manifesto da população na eleição de 2014, para impor a vontade de um grupo. O desprezo, deste grupo, à democracia é incontestável.
A PEC 55 é desumana e cruel!
A proposta coloca em risco o direito à vida dos mais pobres. As deficiências que sabemos existir na saúde e na educação públicas perdem relevância diante da possibilidade de falência completa desses serviços. O aumento de eficiência nunca foi, nem nunca será conquistado com estrangulamento de investimentos.
A PEC 55 é uma traição!
A possibilidade de nos aproximarmos dos países mais desenvolvidos diminui consideravelmente com o congelamento dos gastos públicos. Essa emenda destrói nossas esperanças em um país mais justo, que tenha sua força econômica derivada do consumo interno. Os direitos à saúde, à educação, à assistência social ficam instantaneamente reduzidos e, com eles, o próprio desenvolvimento econômico. É uma traição aos interesses da nossa nação retardar, deliberadamente, seu avanço.
A PEC 55 é uma burrice!
A retomada do crescimento econômico fica mais distante com a aprovação do congelamento do investimento público. O consumo pelos trabalhadores está retraído pela perspectiva de aumento do desemprego, o investimento pelos empresários está parado à espera de sinais de volta do crescimento e, com a emenda de agora, o governo está anunciando que, de sua parte, não sairá o impulso para reverter a recessão. Não há termo mais adequado do que burrice para qualificar a ação que dificulta acentuadamente a saída da debilidade econômica em que nos encontramos.
Políticos, empresários, juízes, procuradores e donos dos meios de comunicação que aprovaram a PEC 55 ficarão marcados como egoístas, antidemocráticos, desumanos, cruéis, traidores e, sobretudo, burros.
Nota
“The plans and projects of the employers of stock regulate and direct all the most important operations of labour, and profit is the end proposed by all those plans and projects. But the rate of profit does not, like rent and wages, rise with the prosperity and fall with the declension of the society. On the contrary, it is naturally low in rich and high in poor countries, and it is always highest in the countries which are going fastest to ruin. The interest of this third order, therefore, has not the same connection with the general interest of the society as that of the other two.”
(Adam Smith – https://www.marxists.org/reference/archive/smith-adam/works/wealth-of-nations/book01/ch11c-3.htm )