O centro de Uberlândia foi tomado nessa terça, 24 de maio de 2016, por cerca de 200 jovens que se manifestavam contra o golpe comandado pelo ficha suja Michel Temer e seu partido, o PMDB, com o apoio de outros partidos como PP, DEM, PSDB e PSD. Integravam a manifestação, movimentos de juventude que compõem a Frente Brasil Popular, além de ativistas independentes, artistas, produtores culturais, estudantes universitários e secundaristas. Para eles, o golpe que ocorre no Brasil nada mais é do que um acordo da burguesia interna, subserviente a interesses internacionais, para retirar direitos sociais do povo e entregar o patrimônio público conquistado pelo povo brasileiro para corporações estrangeiras.
A marcha seguiu pelas ruas evocando palavras de denúncia ao pacote de ataques ao povo trabalhador que incluem a privatização da Petrobrás, o fim das receitas vinculadas para a saúde e educação, redução dos direitos trabalhistas e reforma da previdência com aumento de tempo para aposentadoria.
A primeira parada da manifestação foi um escracho em frente ao escritório regional do deputado federal Odelmo Leão, que já foi prefeito da cidade em duas ocasiões e faz parte da ala mais conservadora e reacionária do Congresso Nacional: a B.B.B. – Bancada da Bíblia, da Bala e do Boi. Odelmo, ruralista convicto, é defensor do agronegócio, votou a favor do golpe, e seu nome figura na Lista de Furnas – suposto esquema de pagamentos de propinas a políticos mineiros comando pelo ex-governador do estado, o tucano Eduardo Azeredo.
O deputado votou, ainda, a favor de projetos que intensificam a terceirização e precarizam as condições de trabalho, permitindo que as empresas possam até mesmo terceirizar a sua atividade fim. Essa mudança daria margem para o funcionamento de empresas com todos os funcionários terceirizados em todos os setores, sejam operários em fábricas, professores em escolas públicas ou mesmo médicos em hospitais. Assim, é quebrado o vínculo entre profissionais e seu público e local de trabalho, já que estariam à disposição das empresas fornecedoras de mão de obra para atuar em qualquer local, horário e sem estabilidade no emprego.
Além disso, o deputado federal integra o Partido Progressista – PP que, diga-se de passagem, de progressista só tem o nome, pois sua bancada vota constantemente contra os direitos de mulheres, de negras e negros, de trabalhadoras e trabalhadores, e de LGBTs. Se não bastasse o PP é o partido mais citado na Lava Jato e figura entre os partidos mais corruptos do país – segundo um levantamento do TSE, de 2011, o partido é o terceiro mais barrado na Lei da Ficha Limpa.
Durante o escracho – ação política à porta de escritório ou residência de alguma figura pública para constrangê-la mediante uma denúncia de interesse popular – os manifestantes através de paródias, cartazes e outras formas de expressão, procuravam evidenciar ao povo uberlandense, quem seria Odelmo Leão: “Um verdadeiro golpista e sem compromisso algum com o Estado Democrático de Direito e nem com o povo”, afirmava uma das manifestantes. “Odelmo está associado a deputados extremamente reacionários como Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano, que defendem esse mesmo tipo de posicionamento político”, completou outro manifestante.
Após, a parada no escritório do deputado, a marcha seguiu pela Avenida Afonso Pena, uma das principais da cidade, acompanhada de panfletagens para dialogar com a população que circulava pelas ruas. O trânsito chegou a ser travado por alguns minutos, o que causou um certo tumulto e irritação de alguns transeuntes, motoristas e usuários de ônibus. Todavia, os manifestantes seguiram firmes até a praça Tubal Vilela, onde encerraram o ato político com uma plenária em que se definiram novas ações da articulação entre movimentos e ativistas populares.
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