Antes de mais nada, é preciso explicar para as pessoas que já não lêem jornal em papel, que a publicação do editorial na primeira página é daquelas iniciativas que se pretendem históricas. Que vem para fazer proclamas à Nação, como foi no célebre editorial da mesma “Folha”, em 30/6/1992, intitulado “Renúncia Já”, contra Fernando Collor de Mello, ou os editoriais do “Correio da Manhã”, “Fora!” (10/3/1964) e “Basta!” (31/3/1964), que operaram como a senha do Golpe de 1964.
Mas a montanha, hoje (3/abril/2016), pariu um rato.
488 palavras de embromação.
Primeiro, o texto afirma, exagerado:
“Depois de seu partido protagonizar os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia; depois de se reeleger à custa de clamoroso estelionato eleitoral; depois de seu governo provocar a pior recessão da história, Dilma colhe o que merece.”
Forte…
Mas logo vem a confissão de que tudo é apenas retórica.
“Embora existam motivos para o impedimento, até porque a legislação estabelece farta gama de opções, nenhum deles é irrefutável. Não que faltem indícios de má conduta; falta, até agora, comprovação cabal. Pedaladas fiscais são razão questionável numa cultura orçamentária ainda permissiva.”
Capotou na curva.
Ora, se a República está diante dos “maiores escândalos de corrupção”, como é que nenhum dos motivos para o impedimento é, até agora, “irrefutável”, e –pior!— falta “comprovação cabal”???
O editorial abusa da crença na estupidez de seus leitores. Pede que Dilma renuncie sem que haja míseras provas dos ilícitos de que é acusada, como admite a própria “Folha“.
Ah tá!
De triste tradição golpista, agora renovada, o jornal da alameda Barão de Limeira diz que
“enquanto Dilma Rousseff permanecer no cargo, a nação seguirá crispada, paralisada. É forçoso reconhecer que a presidente constitui hoje o obstáculo à recuperação do país.”
Deveria dizer:
“Enquanto acusarmos sem provas, enquanto formos apenas os reverberadores de um juiz irresponsável, a nação seguirá crispada, paralisada. É forçoso reconhecer que nos constituímos hoje em obstáculo à recuperação do país.”
Mas isso seria honesto. Não vai rolar.
5 respostas
A Folha de São Paulo sempre foi a Folha do “seu” Frias, o falso jornalista que emprestava viaturas ao DOI-CODI para prender (e não só prender) militantes de esquerda, enquanto enchia os burricos de dinheiro sujo por apoiar assassinatos, sequestros, torturas, desaparecimentos. O que esperar de uma empresa que cresceu sob a égide do crime e da corrupção? O que os filhos desse “coronel” poderiam professar se não o mesmo ódio golpista do papai?
Enfim, o Sr. Frias reconheceu que o GOLPE é uma “gelada”.
Viva o juiz Sergio Moro.