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Uma crise econômica artificial

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Você alguma vez já pensou que uma crise econômica pode ser artificialmente criada? Revimos as características das crises em geral e, em particular, das crises da dívida brasileira e dos imóveis nos EUA para buscar semelhanças com nossa economia em 2014.

Mesmo não acompanhando os dados gerados pelo IBGE, pelo Banco Central ou outros, sentimos no nosso dia a dia o movimento e os problemas da economia, certo? Vamos rever, então, nosso ano de 2014:

Vimos muitas empresas falirem?

Muita gente próxima a nós perdeu o emprego?

A TV mostrou inúmeras greves provocadas por demissões em massa?

Vimos filas de pessoas disputando emprego?

Multidões correram para tirar dinheiro dos bancos com medo que eles quebrassem?

Todos gastavam rapidamente o dinheiro porque ele perdia valor a todo o momento?

Todo mundo comprou dólares ou ouro?

Os preços dos imóveis despencaram? Ou explodiram?

O ministro da fazenda ajoelhou-se às portas do FMI?

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“O Juízo Final”, de Jerônimo Bosch

A resposta a todas essas questões é não. Então, desculpe minha franqueza, não vimos uma crise econômica em 2014 porque ela não existia. E se você acreditava nela, você foi induzido pela propaganda dos políticos de oposição e dos meios de comunicação tradicionais. Mas você não acreditou sozinho. O poder de convencimento pela repetição exaustiva de que afundávamos fez milhões de pessoas acreditarem na existência de um fantasma. E o fantasma se corporificou e, hoje, é visto em todas as esquinas. E agora eles repetem: “estão vendo como tínhamos razão?”

Vamos voltar um pouquinho na história brasileira?

Nos anos 1960 e 1970, sob regime militar, o país tomou emprestado muitos dólares para se industrializar. Dependíamos enormemente das importações, especialmente de petróleo, dado que produzíamos quase nada. Nessa época não imaginávamos que um dia, por causa da Petrobras, nos tornaríamos auto-suficientes.

Bem, continuando a história. Numa belo dia em 1973 os produtores de petróleo resolveram multiplicar o preço do barril por dez. O mundo chacoalhou e, logo em seguida, veio a alta nas taxas de juros internacionais. Devíamos muito, o custo da dívida foi para a Lua e não viveríamos sem petróleo. Nós, que vínhamos de uma longa fase de crescimento aos moldes chineses, assistimos a economia estancar por quase vinte anos a partir daí. Isso é uma crise.

Posso dar outro exemplo de crise com nossos vizinhos do norte?

Em 2007 os preços dos imóveis nos EUA vinham de anos de alta. Ninguém, nem tampouco essas arrogantes agências de avaliação de risco, acreditava que um dia pudessem cair. Os preços caíram e levaram com eles o sistema financeiro inteiro e empresas como a General Motors e a seguradora AIG. Nós não vimos quebrar a GM, o Citi, a AIG e inúmeros outros porque o governo estadunidense as entupiu de dinheiro do contribuinte.

O cidadão norte-americano que via sua casa só subir de preço, e a refinanciava para comprar outros bens, sentiu-se empobrecido e ficou com medo de perder o emprego. O sistema financeiro parou de emprestar e o consumidor não conseguia pagar os empréstimos que tinha. O resto da história já sabemos: assistimos uma encrenca de tamanho semelhante à de 1929 e estamos vendo a economia dos EUA lutando para se reerguer há oito anos. Isso é uma crise.

Qual é, então, a semelhança do Brasil de 2014 com esse dois exemplos de crise econômica? Não há nenhuma semelhança. Mas, então qual era a gravidade da situação econômica em 2014?

“O Juízo Final”, de Jerônimo Bosch

“O Juízo Final”, de Jerônimo Bosch

“A crise de 2015 foi fabricada artificialmente”, afirmou o professor Rubens Sawaya. Em seu texto Descalabro fiscal ou luta pela riqueza?, ele nos ensina que tivemos um deficit fiscal de 0,6% do PIB em 2014 por conta da queda de receitas e não por aumento de despesas. Esse número, associado ao tamanho da nossa dívida interna, está muito longe de representar um “descalabro” fiscal, uma gastança eleitoreira, como assistimos inúmeras vezes. Além disso, não se pode dizer que a inflação tinha origem nos gastos do governo: o governo gastou menos, mas as receitas diminuíram.

As pessoas, que ouviam o pisar e repisar da tese de que estávamos em crise, acabaram por conter seus gastos. Os empresários, que precisam ter no horizonte uma expectativa de lucro, retraíram seus investimentos. O próprio governo pisou no freio dos investimentos. O comércio internacional não ajudou nem um pouco. E a profecia se auto-realizou.

Para combater esse déficit e uma inflação de 6,5%, elevamos fortemente os juros em 2014 e reajustamos todos os preços administrados de uma vez nesse início de ano. Os juros aumentaram o déficit em 3% do PIB, a inflação foi para cima de 9% e a expectativa é que teremos uma recessão maior do que 2% nesse ano. E aí, chegaram os mensageiros do mercado financeiro, as agências de avaliação de risco, e rebaixaram a nota de crédito brasileiro. Para delírio da oposição e da mídia, veio a confirmação de que, de fato, estamos a um passo da “bancarrota”.

“O Juízo Final”, de Jerônimo Bosch

“O Juízo Final”, de Jerônimo Bosch

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, na Entrevista Coletiva com os Jornalistas Livres e outros coletivos independentes, afirmou que essa luta é para a elite recuperar o poder que teve no Brasil por 500 anos. Luta pela riqueza, apontaria o professor Rubens Sawaya. E, para continuar a receber a maior parte do bolo, essa elite criou uma crise artificial, finalizaria eu.

O texto do professor Rubens Sawaya pode ser encontrado em:

http://marxismo21.org/wp-content/uploads/2015/10/Rubens-Sawaya.pdf

#EleNão

Moradores da Maré são bailarinos em espetáculo com temporada na Suiça

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Foto: Andi Gantenbein, de Zurique, Suíça, para os Jornalistas Livres

Denúncias sobre os atuais tempos de antidemocracia, assassinatos da população preta, pobre e periférica e o da vereadora Marielle Franco aparecem em cartazes erguidos pelos bailarinos de “Fúria”, espetáculo de Lia Rodrigues, considerada uma das maiores coreógrafas brasileiras da atualidade e uma das mais engajadas na realidade política do país.

A foto é da noite deste sábado (16), durante apresentação do grupo brasileiro no ‘Zürcher Theaterspektakel’, em Zurique, Suíça.

No Brasil, Fúria estreou em Abril, no Festival de Curitiba. A montagem evidencia, de maneira crítica, relações de poder, desigualdades, e as interligações entre racismo e capitalismo.

O espetáculo foi concebido no Centro de Artes da Maré, na Maré, RJ. O local foi inaugurado em 2009, e o projeto nasceu do encontro de Lia Rodrigues Companhia de Danças com a Redes da Maré. Os bailarinos são moradores da favela e de periferias do RJ.

Fruto dessa mesma parceria é a Escola Livre de Dança da Maré que resiste, em meio ao caos do governo violento de Witzel contra as favelas do RJ.

 

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Temer/Kassab preparam ataque ao seu direito à Internet

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O método Temer de solapar direitos dos cidadãos brasileiros tem novo alvo: a Internet. Sem qualquer discussão prévia, os golpistas querem mudar a composição do Comitê Gestor da Internet.

A consulta pública determinada pelo governo, sem diálogo prévio com os membros do Comitê e com apenas 30 dias de duração, certamente pretende aumentar o poder e servir apenas aos interesses das empresas privadas. As operadoras de telefonia têm todo o interesse do mundo em abafar as vozes de técnicos, acadêmicos e ativistas que lutam pela neutralidade da rede, por uma Internet livre, plural e aberta.

Veja, abaixo, a nota de repúdio ao atropelo antidemocrático da consulta pública determinada por Temer/Kassab. A nota é da Coalizão Direitos na Rede que exige o cancelamento imediato desta consulta.

Nota de repúdio

Contra os ataques do governo Temer ao Comitê Gestor da Internet no Brasil

A Coalizão Direitos na Rede vem a público repudiar e denunciar a mais recente medida da gestão Temer contra os direitos dos internautas no Brasil. De forma unilateral, o Governo Federal publicou nesta terça-feira, 8 de agosto, no Diário Oficial da União (D.O.U.), uma consulta pública visando alterações na composição, no processo de eleição e nas atribuições do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Composto por representantes do governo, do setor privado, da sociedade civil e por especialistas técnicos e acadêmicos, o CGI.br é, desde sua criação, em 1995, responsável por estabelecer as normas e procedimentos para o uso e desenvolvimento da rede no Brasil.

Referência internacional de governança multissetorial da Internet,

o Comitê teve seu papel fortalecido após a

promulgação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)

e de seu decreto regulamentador, que estabelece que cabe ao órgão definir as diretrizes para todos os temas relacionados ao setor. A partir de então, o CGI.br passou a ser alvo de disputa e grande interesse do setor privado.

Ao publicar uma consulta para alterar significativamente o modelo do Comitê Gestor de forma unilateral e sem qualquer diálogo prévio no interior do próprio CGI.br, o Governo passa por cima da lei e quebra com a multissetorialidade que marca os debates sobre a Internet e sua governança no Brasil.

A consulta não foi pauta da última reunião do CGI.br, realizada em maio, e nesta segunda-feira, véspera da publicação no D.O.U., o coordenador do Comitê, Maximiliano Martinhão, apenas enviou um e-mail à lista dos conselheiros relatando que o Governo Federal pretendia debater a questão – sem, no entanto, informar que tudo já estava pronto, em vias de publicação oficial. Vale registrar que, no próximo dia 18 de agosto, ocorre a primeira reunião da nova gestão do CGI.br, e o governo poderia ter aguardado para pautar o tema de forma democrática com os conselheiros/as.

Porém, preferiu agir de forma autocrática.

Desde sua posse à frente do CGI.br, no ano passado, Martinhão – que também é Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – tem feito declarações públicas defendendo alterações no Comitê Gestor da Internet. Já em junho de 2016, na primeira reunião que presidiu no CGI.br, após a troca no comando do Governo Federal, ele declarou que estava “recebendo demandas de pequenos provedores, de provedores de conteúdos e de investidores” para alterar a composição do órgão.

A pressão para rever a força da sociedade civil no Comitê cresceu,

principalmente por parte das operadoras de telecomunicações,

apoiadoras do governo.

Em dezembro, durante o Fórum de Governança da Internet no México, organizado pelas Nações Unidas, um conjunto de entidades da sociedade civil de mais de 20 países manifestou preocupação e denunciou as tentativas de enfraquecimento do CGI.br por parte da gestão Temer. No primeiro semestre de 2017, o Governo manobrou para impor uma paralisação de atividades em nome de uma questionável “economia de recursos”.

Martinhão e outros integrantes da gestão Kassab/Temer também têm defendido publicamente que sejam revistas conquistas obtidas no Marco Civil da Internet, propondo a flexibilização da neutralidade de rede e criticando a necessidade de consentimento dos usuários para o tratamento de seus dados pessoais. Neste contexto, a composição multissetorial do CGI.br tem sido fundamental para a defesa dos postulados do MCI e de princípios basilares para a garantia de uma internet livre, aberta e plural.

Por isso, esta Coalizão – articulação que reúne pesquisadores, acadêmicos, desenvolvedores, ativistas e entidades de defesa do consumidor e da liberdade de expressão – lançou, durante o último processo eleitoral do CGI, uma plataforma pública que clamava pelo “fortalecimento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, preservando suas atribuições e seu caráter multissetorial, como garantia da governança multiparticipativa e democrática da Internet” no país. Afinal, mudar o CGI é estratégico para os setores que querem alterar os rumos das políticas de internet até então em curso no país.

Nesse sentido, considerando o que estabelece o Marco Civil da Internet, o caráter multissetorial do CGI e também o momento político que o país atravessa – de um governo interino, de legitimidade questionável para empreender tais mudanças –

a Coalizão Direitos na Rede exige o cancelamento imediato desta consulta.

É repudiável que um processo diretamente relacionado à governança da Internet seja travestido de consulta pública sem que as linhas orientadoras para sua revisão tenham sido debatidas antes, internamente, pelo próprio CGI.br. É mais um exemplo do modus operandi da gestão que ocupa o Palácio do Planalto e que tem pouco apreço por processos democráticos.

Seguiremos denunciando tais ataques e buscando apoio de diferentes setores,

dentro e fora do Brasil,

contra o desmonte do Comitê Gestor da Internet.

 

8 de agosto de 2017, Coalizão Direitos na Rede

 

Notas

1 A Coalizão Direitos na Rede é uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil. Formada em julho de 2016, busca contribuir para a conscientização sobre o direito ao acesso à Internet, a privacidade e a liberdade de expressão de maneira ampla. O coletivo atua em diferentes frentes por meio de suas organizações, de modo horizontal e colaborativo. A nota está em https://direitosnarede.org.br/c/governo-temer-ataca-CGI/ .

2 Para ouvir a entrevista, à Rádio Brasil Atual, de Flávia Lefévre, conselheira da Proteste e representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet, que afirma que as mudanças visam a atender interesses do setor privado e ferem caráter multiparticipativo do Comitê: https://soundcloud.com/redebrasilatual/1008-enrevista-flavia-lefevre

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Artigo

FRAGMENTO E SÍNTESE

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Ligar a tv logo cedo num pequeno quarto de hotel no interior do país é desentender-se dos fatos nos telejornais matutinos. Abre-se a janela e uma menina vai à escola à beira do rio, um menino faz gol de bicicleta entre guris e o homem ergue a parede de sua casa.  Tudo tão distinto das ruas em alvoroço de protestos urbanos ou políticos insanos.  No rincão o que se busca é continuar vivo entre chuvas e trovões, sem não ou talvez. Tudo é certo. Sem modernidades calam ou arremedam nossa urbanidade, gente que se defende com pimentas e ervas, oração e vizinhança. Voz sem boca, boca sem voz, essa gente não é parte nas notícias selvagens dos jornais distantes.  Se resolvem entre cozidos, arte, bola e santos. No país de tantos cantos, muitos voam fora da asa e sem golpes entre si vão tocando suas mazelas e graça.

Mas vivemos tempos obscuros, a noite persiste em nossos avançados quinhentos e tantos anos e muitos santos. Dizem que burro velho é difícil se corrigir nos hábitos. Em manhã chuvosa na grande São Paulo, ligo a tv e o notbook, as janelas se abrem antes que a cortina deixe entrar o novo dia. Surpreendente ver na tv o deputado Jair Bolsonaro afirmando em um clube israelita na cidade do Rio, que se presidente for, não teremos mais terras indígenas no país. Ao mesmo tempo o computador expõe na rede social a opinião de meu amigo Ianuculá Kaiabi Suiá, jovem liderança do Parque Indígena do Xingu, onde leio ao som do deputado que ladra:

Jair Bolsonaro, obrigado por você existir. Graças a você, hoje, temos noção de quanto a população brasileira carece de conhecimento, decência, consciência, juízo, amor e que carrega um imenso sentimento de ódio sem saber o porque. Sim, sim, não sabem. Um exemplo? Veja a bandeira de quem te aplaude, é de um povo que, assim como nós, sofreu as piores atrocidades cometidas pelas pessoas que pensavam como você. Enfim, eu não sei se essa parcela do povo brasileiro pode ser curada, mas vou pedir para um pajé fumar um charuto sagrado e revelar se o espírito maligno que se apossou da tua alma pode ser desfeita com uma grande pajelança.

Ianuculá sabe o que diz, sabe de todo martírio vivido pelos povos originários, e mesmo assim se propõe a consultar o mundo dos espíritos.

 

É deus e diabo na terra do sol, a mesma terra que ofende também abriga e anuncia uma mostra de cinema indígena nos próximos dias. Terra de etnias e corpos na terra, a cidade maravilhosa do Rio não se calará diante do fascismo desses tempos sombrios, acompanhe.

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