Sobre motivos e consequências do aborto à margem da lei, os jornalistas Nathallia Fonseca e Eduardo Nascimento produziram o livro-reportagem Tira, que utiliza a linguagem dos quadrinhos para trazer narrativas reais de três mulheres pernambucanas que escolheram interromper suas gestações. A produção, com ilustrações da artista visual Berta V., será lançada na próxima quarta-feira, dia 7, em evento gratuito no Sexto Andar, Edifício Pernambuco, a partir das 19h.
Além do lançamento e distribuição gratuita do livro, o evento contará com uma roda de conversa com o médico obstetra Olímpio Moraes (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e as pesquisadoras Fernanda Capibaribe (UFPE) e Paula Viana (Grupo Curumim). O evento busca fomentar o diálogo sobre aborto no país onde uma a cada cinco mulheres com idades entre 18 e 39 anos já interromperam voluntariamente uma gravidez e, no entanto, pouco se sabe sobre suas histórias.
SOBRE O LIVRO – A humanização foi o caminho escolhido pelos autores para falar sobre aborto, um tema polêmico e com pouquíssimos dados divulgados. De diferentes idades e classes econômicas, as personagens da publicação trazem suas cicatrizes e impressões de maneira não-linear; são mulheres cujas histórias se confundem na dor e na violência sofrida em todas as etapas do procedimento – desde o parceiro que não lhes oferece auxílio ao médico que as assedia. O livro convida o leitor à reflexão sobre um assunto de saúde pública ainda tratado como tabu no Brasil.
O título faz alusão ao formato em quadrinhos e ao verbo “tirar”, utilizado como sinônimo de abortar na região Nordeste. Tira foi financiado pelo edital “Jornalismo Investigativo em Direitos Humanos Aborto e Saúde Pública”, do Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Global Health Strategies e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.