As ações da Johnson&Johnson derreteram após divulgação da investigação da agência de notícias Reuters que afirma que a Johnson&Johnson sabia há décadas que seu talco infantil escondia amianto. No final do pregão da bolsa de Nova York a ação caia quase 13% em relação ao preço de fechamento de quinta-feira (13/12). Veja o gráfico com os preços dos últimos 5 dias pelo Wall Street Journal.
A reportagem investigativa da Reuters, por Lisa Girion em 14/12, inicia-se com uma revelação assustadora: “enfrentando milhares de processos que alegam que seu talco causou câncer, a Johnson&Johnson insiste na segurança e pureza de seu produto icônico. Mas documentos internos analisados pela agência Reuters mostram que o pó, às vezes, estava contaminado com amianto carcinogênico e que a Johnson&Johnson mantinha essa informação escondida dos órgãos reguladores e do público”.
O informativo da Unesp “O fantasma do amianto, um mal invisível” nos ensina que “o amianto é uma fibra mineral natural sedosa, largamente utilizada em vários produtos e presente em quase todos os tipos de construção. Pode ser encontrado em telhas, caixas d’água, guarnições de freios e revestimentos de discos de embreagem em veículos, vestimentas especiais, materiais plásticos reforçados, termoplásticos, massas, tintas, pisos vinílicos, indústrias etc, principalmente por suas qualidades de resistência ao fogo, ao ataque químico e biológico, leveza, durabilidade e preço.”
Apesar das vantagens que confere a esses produtos, o informativo da Unesp cita a pesquisadora Cecília Binder: “é comprovado cientificamente que uma pessoa em exposição ao amianto, inalando-o constantemente, pode adquirir vários tipos de câncer, entre os quais a asbestose, a mais frequente entre as enfermidades fatais, que ocorre quando as fibras do mineral alojam-se nos alvéolos, comprometendo a capacidade respiratória; a mesotelioma, um câncer da membrana que envolve os pulmões (…) Estes tipos de enfermidades, oriundas do contato com o amianto, podem levar até 20 anos para se manifestar e, em quase todos os casos, não há uma cura concreta”.
A Reuters aponta que: “a Johnson’s não contou à agência federal de saúde dos Estados Unidos – a Food and Drug Administration (FDA) que, pelo menos, três testes em três diferentes laboratórios, entre 1972 e 1975 tinham encontrado amianto em seu talco infantil – em um dos casos em nível bastante alto”
A reportagem conta a história de Darlene Coker, 52 anos, que “sabia que ela estava morrendo. Ela só queria saber o porquê.” Darlene desenvolveu mesotelioma, o que revelava exposição a amianto, aparentemente sem nunca ter tido contato mineral. Ela contratou um advogado que suspeitou do talco, ele sabia que o amianto e o talco podem ocorrer juntos na natureza. Como não conseguiram provar que a origem do amianto era o talco da Johnson’s, ele foram obrigados a desistir da ação iniciada em 1997, possivelmente a primeira contra o talco infantil. Darlene morreu sem saber o que havia causado seu mesotelioma.
Notas
1 Para ver a reportagem da Reuters em inglês: https://www.reuters.com/investigates/special-report/johnsonandjohnson-cancer/
2 Para ver o informativo da Unesp “O fantasma do amianto, um mal invisível “:
https://www.unesp.br/proex/informativo/edicao03dez2001/materias/amianto.htm