No último sábado, 9 de julho, Serena Williams venceu a final de Wimbledon e chegou ao seu 22º título de Grand Slam de simples. Com a vitória, ela igualou o recorde de Steffi Graf e garantiu para si o posto de maior da história do tênis. Sobre o significado do feito de Serena, Djamila Ribeiro escreveu um importante texto que vale a pena ser lido (aqui) e sobre a dimensão esportiva do feito Andy Bull do Guardian escreveu o artigo “Quebradora de recordes incomparável, Serena é a maior que já existiu. (aqui em inglês)

Serena é a melhor e nem assim deixa de ser atacada. Ela cometeu o terrível crime de sair do seu lugar e jamais será perdoada, mas ao mesmo tempo vai incentivar outras a sair. Por isso acho que não devemos ligar para haters. Se Serena sendo a deusa do universo é atacada, imagina nós meras mortais. Devemos nos focar na luta para que uma mulher negra campeã no tênis não seja mais exceção, assim como na universidade e em outros espaços.
Djamila Ribeiro no Facebook
Verdade seja dita, “ser duas vezes melhor” não é suficiente nem pra começar a dizer o quão melhor do que todos e todas Serena novamente se tornou. Ela é a melhor que já existiu.
Andy Bull no The Guardian
Faltando um mês para as olimpíadas, uma atleta que virá ao Rio de Janeiro torna-se a maior da história na sua modalidade. Esse é um acontecimento que merece respeito e destaque, certo?
Só que não…
Para Serena, a imprensa brasileira dedicou pouquíssimas linhas e quase nenhum destaque. Por que será?
Segue uma análise das publicações de alguns portais e blogs esportivos brasileiros na segunda feira, 11 de julho, pós-fim-de-semana de finais em Wimbledon.
Então é assim, uma mulher negra atinge o topo do esporte, torna-se uma das maiores atletas da história, a maior de todos os tempos em sua modalidade e nem assim consegue um espaço minimamente digno na imprensa brasileira. Por quê? Porque a mídia privada brasileira é racista e machista e não permite às mulheres negras nem sequer espaço digno em seus veículos para celebrarem suas vitórias, conquistas e alegrias.
Para exaltar o feito de Serena segue um vídeo feito pela BBC, a tv PÚBLICA britânica, em que Serena recita o poema STILL I RISE de Maya Angelou
Ainda Assim me Levanto (Maya Angelou)
tradução Francesca Angiolillo
Você pode me inscrever na história
Com as mentiras amargas que contar
Você pode me arrastar no pó,
Ainda assim, como pó, vou me levantarMinha elegância o perturba?
Por que você afunda no pesar?
Porque eu caminho como se eu tivesse
Petróleo jorrando na sala de estarAssim como a lua ou o sol
Com a certeza das ondas no mar
Como se ergue a esperança
Ainda assim, vou me levantarVocê queria me ver abatida?
Cabeça baixa, olhar caído,
Ombros curvados como lágrimas,
Com a alma a gritar enfraquecida?Minha altivez o ofende?
Não leve isso tão a mal
Só porque eu rio como se tivesse
Minas de ouro no quintalVocê pode me fuzilar com palavras
E me retalhar com seu olhar
Pode me matar com seu ódio
Ainda assim, como ar, vou me levantarMinha sensualidade o agita
E você, surpreso, se admira
Ao me ver dançar como se tivesse
Diamantes na altura da virilha?Das choças dessa história escandalosa
Eu me levanto
De um passado que se ancora doloroso
Eu me levanto
Sou um oceano negro, vasto e irrequieto
Indo e vindo contra as marés eu me elevo
Esquecendo noites de terror e medo
Eu me levanto
Numa luz incomumente clara de manhã cedo
Eu me levanto
Trazendo os dons dos meus antepassados
Eu sou o sonho e as esperanças dos escravos
Eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto
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