por Louise Lessa, especial para os Jornalistas Livres
Ocupada desde o dia 17 de Novembro, a EEEIFM Brigadeiro Fontenelle, localizada no bairro da Terra Firme em Belém do Pará, resiste como uma das ocupações restantes da cidade em um bairro de periferia dentre os mais populosos da capital paraense. Os alunos não apenas reivindicam melhorias na escola, que passa por graves problemas de infraestrutura, mas também se posicionam contra a PEC 55 e a reforma do Ensino Médio, propostas pelo governo Temer.
Durante as três semanas de ocupação os alunos limparam a escola e construíram uma programação com oficinas, debates e multirões que contemplavam alunos e a comunidade. Durante a manutenção do espaço, eles também encontraram diversos materiais que nunca foram usados como merenda escolar vencida, materiais desportivos, livros, câmeras e tubos de ensaio.
A escola já foi referência no estado e ganhou condecoração da Unesco no ano de 2003, porém hoje apresenta problemas estruturais graves. De acordo com a aluna Victória Rodrigues “A sala de informática está fechada. Nem segurança temos, porque já chegaram a roubar os computadores aqui. Quando foi no outro dia nós vimos só os mouses jogados no chão. A gente estuda no calor. Ventilador não tem, ar condicionado falta. A água tem gosto de ferrugem, o banheiro aqui não tem descarga, os vasos são entupidos, a merenda ás vezes botam só leite ou se não, só bolacha. Já chegou a sair minhoquinha de dentro da torneira onde bebe água.” A aluna ainda denuncia que a biblioteca, que até possui bom número de livros, está sempre fechada e só é aberta se um professor levar os estudantes para o espaço, impedindo o livre acesso dos alunos ao ambiente de leitura.
Apesar da luta e das denúncias o diálogo com as autoridades não é eficiente. Houve um total de cinco assembléias dentro da escola buscando negociação com a Secretaria de Educação estadual. Na última assembleia no dia 5 de Novembro ainda não havia nada garantido e a representante da Seduc-PA deixou a escola antes mesmo do início da reunião. Em entrevista a assessora Beatriz Padovani afirma que “o que a Seduc estava querendo era negociar a volta às aulas, independente do movimento”.
As principais reivindicações incluem a reativação da biblioteca, retorno da banda estudantil, merenda de qualidade, reforma estrutural e principalmente um grêmio estudantil que possa continuar a luta por direitos. “A ocupaçao pode acabar, mas a força não acaba. A gente quer estar com força total aqui dentro. Mesmo que eles tentem parar, a gente sempre dá um jeito de se reerguer” afirma Jeová Monteiro, de 19 anos.