A manifestação que contou com mais de mil pessoas ocorreu em resposta ao assassinato de quatro moradores em menos de 48 horas
Mais de mil pessoas realizaram um protesto na manhã deste sábado (4) no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), pedindo por paz na comunidade, que tem mais de 15 mil habitantes. A manifestação ocorreu em resposta à violência policial e ao assassinato de quatro moradores em menos de 48 horas nesta semana, entre eles Eduardo de Jesus Ferreira, de apenas 10 anos.
Com cartazes que diziam “- Bala + Amor”, “Merecemos viver sem medo de morrer” e “Pobreza não é caso de polícia”, os moradores e militantes de direitos humanos saíram em marcha pelas ruas da comunidade vestidos de branco.
Foto: Mídia NINJA
“A minha filha mais velha não quer ir pra escola com medo de morrer. Estou caminhando hoje porque a nossa luta é pela vida. A gente quer viver”, relatou Camila, moradora do Complexo do Alemão e mãe de duas crianças, em entrevista à reportagem da Mídia Ninja, que transmitia ao vivo a mobilização.
Vanessa, que sempre viveu no Alemão, criticou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que foi instalada no local em 2012. “A UPP vem só para destruir. O caso do Eduardo não é inédito, já vem acontecendo. Um dia antes uma mãe morreu. Esses policiais são covardes. Só vem para matar, tirar a vida dos outros”, disse. Apesar de não possuir nenhuma história de assassinato na família, Vanessa afirmou que “cada sangue de inocente que é derramado, sangra na gente. Aqui no Complexo do Alemão todo mundo é uma família”.
Outra declaração veio de um morador, que não quis se identificar por medo de represálias, assim como muitos que a reportagem da Mídia Ninja buscou ouvir. Aos gritos em meio ao protesto, ele sentenciou: “O maior investimento de dinheiro público é na UPP. Mas a gente precisa de creche, de posto de saúde. Policial só oprime! Fora UPP!”. Mais um morador que não se identificou disse: “Eu não tenho muito pra falar, eu só quero é paz…”
Para Raul Santiago, morador do Alemão e comunicador do Coletivo Papo Reto, “o policial puxa o gatilho, mas quem assina o atestado é o Estado, a mídia comercial, essa mídia escrota. A gente da mídia alternativa tem que disputar isso. Se a gente ficar parado, o rolo compressor passa por cima. Por isso a gente tem que ir par rua, protestar, lutar.”
Analisando a violência urbana no estado carioca, Santiago apontou que “as favelas do Rio vivem uma guerra há muito tempo. A diferença é que agora o Estado está patrocinando uma facção. A UPP é uma milícia patrocinada pelo Estado”. Na sua opinião, “a saída é investir em saneamento básico, investimento na população, na base. Não é através das armas que vai mudar alguma coisa, mas é investindo no povo.”
Solidariedade
Moradores de outras comunidades também foram até o Complexo do Alemão expressar sua solidariedade, como Naldo Medeiros, morador da Maré. Segundo ele, “a única forma de diálogo que o Estado oferece para a favela é a polícia, a Secretaria de Segurança Pública. Ninguém aqui conhece o Secretário de Cultura, o de Educação. A opressão é grande, e não só da violência, você não tem escola, saneamento. Você vê a criança morrendo, o pobre, o preto morrendo, e isso corta o coração.”
Centenas da famílias foram às ruas do Complexo — Foto: Mídia NINJA
Participando do protesto também estava o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). Ele também criticou a falta de diálogo do Estado com as comunidades. “Não dá para olhar para o Alemão como um território a ser conquistado, como numa guerra. Tem que olhar como um lugar onde vivem pessoas, famílias. Enquanto o governador insistir em olhar para o Alemão como um território de guerra, vamos ter que contar os espólios dessa guerra. Vai morrer policial e morador”, disse.
Freixo ainda relacionou os casos de assassinatos de jovens negros com a recente aprovação da redução da maioridade penal em uma comissão da Câmara dos Deputados, avaliando que isso se trata de um retrocesso social muito grande.
“A gente já tem uma juventude negra e pobre que está morrendo. O índice de homicídios de um país em guerra não tem índices de jovens mortos por armas de fogo como nós temos. E o resultado disso é que agora o Estado quer criminalizar essa mesma juventude a jogando num cárcere, que já é abandonado. A gente institucionaliza que essa juventude estará no banco dos réus e não no banco das escolas”, criticou.
O ator Paulo Betti também esteve no protesto e cobrou maior compromisso do poder público. “Acho que as pessoas não têm consciência de que não é colocando na cadeia e punindo que o problema vai ser resolvido. O problema é social, é falta de escola. Não adianta colocar na cadeia, tem que colocar na escola. O que falta do governo é uma definição mais radical em favor dos pobres e não dos mais ricos”, afirmou.
Considerando como uma questão de justiça o ato pela paz no Alemão, Betti criticou outros protestos que vem sendo feitos pelo país, como aqueles que pedem o impeachment. “Chega a ser ridículo quando eu vejo aqui no Rio e em São Paulo aquelas manifestações de pessoas vestindo verde e amarelo. Política é algo mais complexo do que isso.”
Trajeto
O ato iniciou Estrada do Itararé e, pouco antes de terminar, ele parou em frente a Praça 24 de outubro onde foram feitos discursos contra a morte de inocentes na comunidade. Na linha de frente da marcha estavam dezenas de mototaxistas, que abriam caminho para a manifestação. Ao longo do trajeto, a população protestava em uníssono “Sem hipocrisia, essa polícia mata pobre todo dia” e “UPP chegou pra matar trabalhador.”
No final do protestos alguns moradores discursaram contra a violência policial — Foto: Mídia NINJA
Acompanhando a caminhada, o som vinha do funk “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é. E poder me orgulhar, e ter a consciência que o pobre tem seu lugar”. Cornetas, bandeiras e faixas com dizeres pedindo paz eram carregadas pelos moradores, principalmente pelas crianças.
As vaias vinham sempre quando passavam pela manifestação as viaturas da Polícia Militar, entre elas o chamado “caveirão”, um veículo blindado da PM que tem a aparência de um tanque de guerra. De acordo com o G1, o policiamento na região está reforçado por policiais das UPPs do Alemão e outras unidades, além de agentes do Comando de Operações Especiais, que envolve o Batalhão de Operações Especiais (Bope), além de veículos blindados e helicóptero.
O ato terminou por voltas das 13h com um anúncio no carro de som informando que mais um tiroteio estava ocorrendo, desta vez, no Morro da Grota.
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Marcha do que ? DAS VADIAS! Mas isso é xingamento! Sim… assim como puta, piranha, biscate ou “novinha”. Se as mulheres são seres marcados e oprimidos pela sociedade machista e patriarcal, que elas possam se remarcar e ser o que quiserem ser: bela, recatada, do lar (aff)! Mas também puta, da rua, da luta.
E não é não!
E marcharemos. Marcharemos até que todas sejamos livres.
A Marcha das Vadias surgiu em 2011, depois que o policial – segurança de uma universidade em Toronto, no Canadá, disse “para as vadias se comportarem para não ser atacadas”. Ele se referia à onda de estupros que estava ocorrendo lá. As vadias eram as mulheres vítimas dos ataques. O caso indignou as mulheres, que criaram a Marcha das Vadias para denunciar a Cultura do Estupro. Ela existe, não adianta negar. Assim como o machismo, e precisa ser extinta. A pauta é das mais urgentes.
A cada minuto uma mulher é violentada no Brasil. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e são assustadores. No mês seguinte ao caso de Toronto, as mulheres no Brasil passaram a marchar também. Em vários países elas marcham contra a Cultura do Estupro.
O ato começou espremido na Praça da Estação, pois o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, alugou a praça pública e assim “ela é privada hoje e não pública”, como disse o funcionário que ajudava na desmontagem da estrutura que havia no local. Na saída da Marcha das Vadias, o batuque do Bloco Bruta Flor e Tambores de Luta foi abafado por um som ligado bem na hora na tal estrutura. Estávamos ali há mais de uma hora e nada de som até ali. Coincidência não?
Mas marchamos.
Marchamos por respeito a vida de todas as mulheres.
Marchamos pelo fim da Cultura do estupro. Pela legalização do aborto. Pela igualdade. Pela maternidade como escolha, e não imposição. Pela vida de todas as mulheres. Marchamos contra o golpe em curso e em repúdio a políticos corruptos, machistas e homofóbicos:”Ei Temer, não sou da sua laia. Fora Cunha, Bolsonaro e Malafaia”.
E marchamos. Denunciamos. Brigamos. Piadas machistas não podem mais ser toleradas. É preciso revidar. Um homem não pode afirmar que uma mulher gosta de “piroca”. Isso é invasão, é desrespeito, é a cultura do estupro no seu sentido mais “desenhado”. E não, você não diz o que a novinha quer, só ela sabe e o querer é dela.
Tinha mulher vestida de todo jeito, e inclusive com pouca roupa. E não era um convite. “Tô de minissaia. Não te devo nada!”. A marcha terminou na Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte. Local conhecido por abrigar muitas casas de prostituição, havia muitos homens ali, e foi ali que rolou olhares furtivos e piadas machistas. A marcha das vadias também é pelas putas. É por todas as Mulheres.
O domingo (26) na cidade de Campinas teve suas ruas tomada de cores, pessoas, alegria, música e protesto. A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas, neste ano, tem como tema “Diga sim à educação e não à transfobia. Intolerância: o vírus mais assassino. Contra qualquer forma de opressão” . O tema, segundo Douglas Holanda, um dos organizadores é um alerta a todo e qualquer tipo de intolerância”.
A luta contra a incompreensão do segmento LGBT sofre no seu dia-a-dia se estendeu aos órgãos públicos. A Polícia Militar e o Ministério Público aconselharam a Prefeitura a não apoiar a Parada por falta de segurança. A Prefeitura também já havia sinalizado a insuficiência de recursos para colaborar com a Parada, assim como vem fazendo há alguns anos. O impasse aconteceu na semana passada, faltando poucos dias para o evento.
Segundo Lúcia Costa, integrante do Aos Brados e da Comissão da Parada LGBT de Campinas: “A Prefeitura nos desrespeitou ao acatar o Ministério Público, não lutou por nós, não pensou em nós. Ela se negou a dar banheiros químicos, segurança para as pessoas se recusando a pagar horas extras para a Guarda Municipal e Saúde. É um retrocesso e desrespeito ao movimento. É um movimento pacífico que leva grande número de pessoas, não há uma agressão. É menos violento que qualquer dérbi. O ato mais agressivo é um travesti retocando seu batom”.
Mesmo com a falta do apoio público, a Organização da Parada se articulou e conseguiu ajuda para que acontecesse a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas. Mais de 20 mil pessoas acompanharam os dois trios elétricos, durante o trajeto pelas ruas centrais da cidade com muita animação.
Várias pessoas residentes, na área central, acompanharam a Parada das janelas dos apartamentos, algumas acenavam para os Trios Elétricos, na Avenida Francisco Glicério houve chuva de papel picado vinda dos prédios.
Encerrando o trajeto, a multidão que acompanhava lotou as praças do Largo do Rosário e Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).
Este ano a concentração da 16ª edição da Parada foi ao lado do Fórum, na Avenida Dr. Campos Sales. De lá, a multidão subiu a Avenida Francisco Glicério até Dr. Moraes Sales, seguiu até o cruzamento com a Rua Irmã Serafina, continuando pela Avenida Anchieta até a Avenida Benjamin Constant. Ao retornarem à Avenida Francisco Glicério, o grupo seguiu até o Largo do Rosário.
A manifestação transcorreu pacífica até por volta das 20h, quando, segundo relatos a Polícia Militar quis dispersar as pessoas que ainda estavam pelo centro da cidade. A concentração era na Praça Bento Quirino, um local habitualmente frequentado pela comunidade LGBTQ+. Ainda segundo os relatos, a PM usou gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borrachas para dispersar as pessoas. Algumas pessoas ficaram feridas e foram socorridas por populares durante a ação truculenta da Polícia.
Campinas amanhece com faixas de denúncia contra governo de Jonas Donizette espalhadas pela cidade.
Nesta quinta-feira (30/06), mesmo dia em que a prefeitura inaugura a conclusão das obras da avenida Francisco Glicério, agentes culturais espalharam pela cidade faixas com uma série de críticas à gestão de Jonas Donizette (PSB).
Faixas laranjas foram fixadas em pontilhões e passarelas localizados em pontos de intensa circulação e fluxo de pessoas. A má gestão dos recursos, o atraso de pagamentos, a terceirização de serviços públicos que prejudica o atendimento à população, o descaso em relação à criação do conselho municipal de cultura, cuja lei não foi encaminhada à câmara e está parada há dois anos, e a recente repressão ao movimento LGBT ocorrida no final de semana, foram temas criticados pelas faixas.
Assim como no dia 8 de junho, em que faixas semelhantes foram estendidas das janelas do 15º andar da prefeitura, onde se localiza a Secretaria de Cultura, as faixas espalhadas pelos viadutos e passarelas na manhã de hoje trouxeram como assinatura apenas o termo “#cultura”, e até o momento a autoria não foi assumida por nenhum movimento específico da cidade.