“Em defesa da autonomia nacional, democracia, desenvolvimento econômico com a diminuição da desigualdade” por Ciro Gomes, Bresser Pereira e Eleonora de Lucena
Na última sexta feira, o Projeto Brasil Nação foi lançado para os estudantes presentes no 55º CONUNE. Correspondendo às expectativas dos presentes – que formaram fila na espera da palestra e até uma pequena concorrência pelos primeiros assentos -, o vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira e a jornalista Eleonora de Lucena, dissertaram e argumentaram sobre sua proposta brasileira.
Logo de início, a jornalista Eleonora convidou ao debate um projeto nacional: “eu acho que a gente tá acostumado muito a discutir políticas específicas (…), o que falta é uma política nacional que englobe tudo isso”. E continua: “(o projeto) é uma defesa da autonomia nacional, da democracia, do desenvolvimento econômico com a diminuição da desigualdade e da defesa do meio ambiente”.
Bresser, ao tomar palavra, deixou claro que o que se procura é uma alternativa ao modelo liberal vigente, objetivando a volta do crescimento do país junto da justiça ao povo. Segundo ele, sofremos de três crises: econômica, política e moral e, “desde 1880, o Brasil cresce muito pouco”. Depois de apresentar um panorama da situação brasileira dos últimos governos, afirmou que o projeto segue a linha do novo desenvolvimentismo, o qual concorda com uma política econômica baseada em cinco pontos: uma regra fiscal responsável; uma taxa de câmbio competitiva; um nível de taxa de juros baixa; uma capacidade de investimento Estatal e um sistema tributário progressivo – “só assim se distribui renda. O Brasil é o único país onde tributos são regressivos”.
Para finalizar a apresentação, Ciro Gomes conquistou a simpatia dos estudantes com discurso em defesa dos ideais do projeto Brasil Nação. Considerando pontos da história política e econômica do país enquanto apontava falhas governamentais, Ciro enfatizou o problema da inflação – a qual “toma todas as energias do país”-, a importância da presença do Estado na economia e o problema de termos “abrido mão do investimento interno” e, agora, dependermos de exportação. Ele aconselhou: “leiam tudo, mas não deixem de observar a realidade com seus próprios olhos, porque o Brasil não é nem para amadores nem para manuais estrangeiros”. E continuou: “O Brasil, para crescer, precisa compreender que estamos proibidos de crescer. Primeiro, anos na fila de juros alto colapsou o balanço das empresas privadas; não há um ponto que nós podemos esperar das empresas privadas para o investimento no país. Segundo, há um colapso do real que está fazendo despencar a receita pública.”
Ciro afirmou que a taxa de câmbio – presente em um dos cinco pontos do projeto – deve se tornar assunto público, já que interfere diretamente na vida das pessoas. Além disso, ressaltou: “Nós precisamos de política industrial de comércio exterior que supere esse desequilíbrio e (…) ter um câmbio estimulante que trabalha e produz”, terminando com um convite: “vamos pensar o Brasil”.
O manifesto do projeto Brasil Nação conta com assinaturas de Chico Buarque, Raduan Nassar, Laerte, entre outras influências. Seu acesso é livre pelo site.