Paz, axé e resistência

foto: Fabiana Ribeiro
Como acontece há 33 anos em todo “ sábado de aleluia”,  a rua Treze de Maio,  em Campinas (SP), foi tomada por pessoas vestidas de branco , muitas flores, água de cheiro e ancestralidade.

É  o ritual da Lavagem das Escadarias da  Catedral Metropolitana que reúne  diversas comunidades  praticantes das religiões de matriz africana e também grupos de cultura popular.

Os participantes do evento se organizam  na Estação Cultura, no centro da cidade , e seguem em cortejo pela Rua Treze de Maio até a praça  José Bonifácio, onde fica a Catedral Metropolitana da cidade.

Durante o trajeto,  os participantes cantam, tocam instrumentos e dançam,  os praticantes das religiões de matriz africana carregam vasos com flores e água-de-cheiro  a  base de alfazema.

A lavagem da escadaria é feita com a essência da alfazema, flores, da energia da água e busca partilhar com o público a energia positiva das ervas e dos elementos da natureza, pois seus seguidores acreditam na importância desses elementos no tratamento terapêutico e energético. A essência da alfazema está ligada às energias femininas Matamba (Iansã), Dandalunda (Oxum), Kisimbe (Oxum Apará), Kaitumba (Iemanjá), Zumbaranda (Nanã). O ritual tem como suas fundadoras e organizadoras, Mãe Dango e Mãe Corajacy.

Grupos como Savuru Teatro e Dança, Caixeiras das Nascentes ( um grupo exclusivamente feminino),  Bateria Alcalina, Urucungos, Puitas e Quijengues, Afoxé Ibaô, Casa de Cultura Tainã, Comunidade Jongo Dito Ribeiro e Capoeira Ibeca   participam do cortejo e alguns se apresentam depois do ato da lavagem.

Para Mãe Dango, uma das idealizadoras da lavagem das escadarias :”É uma mistura de fé, religião, tradição, cultura e celebra a resistência dos povos negros vindos de todas as partes do território africano, com seu rico legado cultural e religioso”.

 

Campinas a última cidade do país a libertar os escravos

“O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. Campinas foi a última cidade do país”, segundo Ademir José da Silva, presidente da Comissão de Igualdade Racial, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campinas (SP). O especialista ainda relata que o município também ficou conhecido pela violência brutal com que tratava os negros escravizados e por isso, ser vendido para um barão da cidade era um castigo.

Fotos: Fabiana Ribeiro

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