Florida e Carolina do Norte são os estados principais para se prestar atenção
Enquanto os americanos se dirigem às eleições na terça-feira (8), cerca de um terço do eleitorado de 2016 – 43,6 milhões de pessoas – já votou, com comparecimento recorde de mulheres e não-brancos.
É por isso que os analistas estão prevendo que Hillary Clinton será eleita presidenta e os democratas retomarão o Senado com a menor margem absoluta.
“Em estados-chave como Carolina do Norte, Nevada e Flórida, o aumento da participação de mulheres e minorias na eleição anima os esforços dos democratas para bloquear o caminho de Trump para a vitória”, disse o Los Angeles Times, nessa segunda-feira, resumindo as últimas pesquisas e estatísticas de voto antecipado. “Trump, também, viu grandes aumentos de participação entre seus eleitores alvos, mas eles não têm dominado as forças democráticas como alguns em seu partido esperavam.”
Será que os eleitores de Clinton também votarão nos candidatos democratas ao senado? Essa é a pergunta seguinte. Na segunda-feira passada, os pesquisadores estavam dizendo que o Senado pode acabar empatado com as cadeiras divididas ao meio, caso em que o voto do vice-presidente seria o decisivo. Se o Partido Republicano mantiver maioria, o Senado, junto com uma Câmara controlada pelos republicanos, vão disputar cada passo no caminho de uma presidência de Clinton – a começar pelo preenchimento de uma vaga aberto na Suprema Corte.
No final da segunda-feira, as principais pesquisas da nação indicavam que Clinton ganharia o voto popular e o voto do Colégio Eleitoral para se tornar a próximo presidenta. Nate Silver tuitou que ela tem chance entre “65% -> 70%” de ganhar o voto popular. O último palpite de Larry Sabato é que ela vai ter 322 votos do Colégio Eleitoral, 100 a mais do que Trump. O Consórcio Eleitoral de Eleições diz que Clinton superará Trump por 90 votos no Colégio Eleitoral.
Por outro lado, todos os analistas preveem empate no Senado, com democratas ganhando cadeiras em Illinois, Wisconsin, Pensilvânia e New Hampshire. Desnecessário dizer que as pesquisas têm errado muitas vezes em 2016, e eles podem estar errados novamente. Mas, no que diz respeito à presidência, as estatísticas de votação antecipada – quantos membros do partido votaram, sua discriminação por gênero e raça – mostram que mulheres e minorias têm superado a participação de 2012 em quase todos os estados, sugerindo que impulsionarão a vitória de Clinton.
Esse padrão tem ocorrido em dois estados chave, Flórida e Nevada, nos quais tanto podem vencer democratas como republicanos. Michael McDonald do Projeto Eleição dos Estados Unidos, que acompanha o comparecimento dos eleitores, tuitou, nessa segunda-feira, sobre os números recordes da Flórida: “FL #voto antecipado variação da raça contra 2012 via @electionsmith Afr-Am + 70.6K (+ 9.2%) Hisp + 453.8K + 86,9%) Branco + 900K (+ 27,2%) Outro + 121,5K (+ 48,3%).”
Esses números mostram os democratas se reanimando, explicou o Huffington Post. “Há uma semana, os democratas estavam preocupados com os primeiros resultados. O comparecimento entre os eleitores negros estava demorando, e enquanto os latinos estavam votando em grande número, bem como os eleitores brancos, tidos como mais propensos a apoiar Trump “, disse HuffPo. “Essas tendências mudaram nos últimos quatro dias. A afluência negra aumentou substancialmente, impulsionada pelas múltiplas visitas de Obama à Flórida e pelas votações das eleições de domingo dirigidas por igrejas negras. O comparecimento negro na Flórida vai acabar sendo maior do que em 2012, previu Daniel Smith, professor de ciência política da Universidade da Flórida e analista de dados eleitorais.
Parecia haver um ressurgimento semelhante em Nevada, disse Jon Ralston, decano da imprensa do estado, que previu uma vitória decisiva de Clinton, mas disse que a disputa pelo Senado será mais apertada. “Eu acho que agora, com base na história e minhas fontes: Trump está abaixo de pelo menos 40.000 votos: cerca de 770.000 votos já foram para as urnas, provavelmente dois terços dos votos. Suponhamos que haja uma participação de 450.000 eleitores em um dia de eleição. Trump provavelmente precisaria ganhar terça-feira por cerca de 10 pontos para vencer, Isso é quase impossível, a menos que os democratas decidam não apareceer para votar no dia das eleições.” Ralston continua: “a dinâmica da disputa no Senado dos EUA é diferente, o que dá esperança à equipe Joe Heck. Se ele conseguir ganhar o seu próprio distrito, ele tem chance. Os números não parecem bons … “
Supressão de eleitores na Carolina do Norte
Se há um estado a observar, que possa negar aos democratas uma maioria absoluta do Senado, é a Carolina do Norte, onde o Partido Republicano controlam o legislativo e o governo do estado. Ali foram adotadas algumas das mais draconianas reviravoltas de direitos de voto da nação imediatamente depois que a Suprema Corte destruiu certas cláusulas da Lei de Direitos de Voto de 1965. Até há algumas semanas atrás, as comissões de eleição controladas por republicanos, nas regiões de maioria negra, estavam cancelando as horas de votação antecipada nos fins de semana, que é quando os negros historicamente votaram após a igreja.
Surpreendentemente, o Partido Republicano do estado emitiu um comunicado de imprensa na segunda-feira se vangloriando de suprimir a votação antecipada não branca. A nota oficial foi intitulado, “North Carolina Obama Coalition Crumbling” [A Desintegração da Coalizão de Obama na Carolina do Norte], e observou que o voto antecipado dos negros foi 8,5 por cento menor do que 2012, enquanto “voto antecipado dos brancos cresceu 22,5 por cento comparado a 2012.”
“É estranho e alarmante para um partido político ficar feliz com menos pessoas votando, em vez de conseguir mais pessoas para votar – especialmente de uma forma que é claramente motivada por questões raciais”, escreveu Vox.com, citando Carter Wrenn, há tempos consultor do Partido Republicano no estado, explicando seu entusiasmo para frustrar direitos de voto. “Olha, se os afro-americanos votassem esmagadoramente nos republicanos, eles teriam mantido o direito de voto antecipado da forma que estava”, disse ele.
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Steven Rosenfeld aborda questões políticas nacionais para a AlterNet, incluindo a crise da aposentadoria na América, a democracia e os direitos de voto, campanhas e eleições. Ele é o autor de “Count My Vote: A Citizen’s Guide to Vooting” (AlterNet Books, 2008).
Nota: texto original em http://www.alternet.org/election-2016/early-voting-and-final-polls-suggest-women-and-minorities-will-propel-clinton-victory