Reportagem e vídeos Luiza Rotbart | Jornalistas Livres
Se não houver a intervenção de um desembargador, 43 famílias incluindo 32 crianças e adolescentes, 10 idosos e 4 pessoas com doenças graves, uma delas com câncer terminal, correm risco de irem parar nas ruas!
A juíza Andrea de Abreu e Braga, da 10° Vara CÍvel de São Paulo, assinou a emissão da reintegração de posse não levando em consideração que as famílias não têm onde morar e que a perda do endereço interfere no final do ano letivo das crianças e compromete o tratamento médico dos enfermos.
A Ocupação Almirante Negro instalou-se no edifício de oito andares, situado na rua Carlos de Sousa Nazaré 630, centro de São Paulo, desde 15 de abril de 2018. O imóvel que anteriormente já foi locado para a Prefeitura e abrigou o projeto Braços Abertos. De propriedade de Law Kin Chong, empresário sino-brasileiro, acusado e réu em casos de contrabando, o imóvel encontrava-se desocupado e completamente depredado. As famílias organizaram-se e investiram cerca de 50 mil reais para reformar a edificação, providenciando fiação elétrica, encanamento e instalações de cozinhas, banheiros e janelas.
Veja o depoimento do Pastor Ricardo que acompanha as famílias:
O Pastor Ricardo da Igreja Metropolitana de São Paulo, que convive com as famílias da ocupação Almirante Negro a mais e um ano, faz um apelo emocionado à juíza que assinou reintegração de posse de 43 famílias.
A juíza Andrea de Abreu e Braga, não aceitou os recursos da equipe técnica, como a denúncia de abuso ocorrido no último dia 11/10, quando a advogada do proprietário, acompanhada de forte aparato policial, quis mobilizar o despejo forçado das famílias, sem possibilidade de defesa, encostando vários caminhões na porta do edifício e alegando risco de desabamento, sem apresentação de laudo.
Nesse momento crucial, a única possibilidade de reverter o despejo será através da intervenção direta do Ministério Público, uma vez que a Juíza não aceitou os recursos apresentados nem o apoio do Conselho Tutelar.
AS HISTÓRIAS DE VIDA QUE NÃO ESTÃO SENDO VISTAS:
Conheça um pouco mais de cada história de vidas das moradoras, na sua maioria mães, que tem os filhos matriculados e estudando na região:
Rose, 4 filhas:
Liliana é uma das mães, com 4 filhos, que mora no imóvel, e não tem outra opção de sobrevivência. Ela é imigrante da Bolívia e seus 4 filhos são brasileiros.
Kettia é uma das mães que moram no imóvel, ela veio do Haiti, e tem uma filha com problemas cardíacos.
Paula é mãe de 3 filhos, mora no imóvel, e não tem outra opção de sobrevivência “Se eu tiver que pagar aluguel eu não como”.
Valéria é mãe de 2 filhos. Seu filho de 15 anos acabou de ganhar uma bolsa de estudo numa escola próxima a ocupação.
Lidiane é baiana, mãe de 7 filhos, 5 moram com ela em São Paulo. Ela não tem outra opção de sobrevivência “Como vou pra rua com 5 crianças?”
Estima-se que São Paulo possui atualmente, mais de 206 ocupações que abrigam cerca de 45 mil pessoas. A perseguição aos Movimentos de Luta por Moradia coloca em risco a vida de milhares de pessoas e crianças atualmente abrigadas em ocupações e provocará o aumento de pessoas em situação de rua, que já beira a mais de 17 mil nas ruas da capital.
A FLM – Frente de Luta por Moradia, é uma junção de Coletivos e Movimentos Sociais unidos pela construção de políticas públicas habitacionais, que obriguem o poder estatal a cumprir o dever constitucional de garantir o direito à moradia e demais direitos sociais garantidos na Constituição Federal e Declaração dos Direitos Humanos.
3 respostas
Parabéns por abordar tema como este q a imprensa normal não menciona importante este tipo de jornalismo
Inacreditável, essas mulheres não param de parir. São elas as maiores responsáveis por deixar essas crianças sem teto.
Lindo e comovente o trabalho de vocês. Vídeos no youtube seriam muito bom. Parabéns.