O que esses caras, que põem fogo no mato, roubam da gente? Queimam nossa parte, lesam a pátria. Aqueles que podem habitam as águas; findarão também entre lama nos dentes, um dia.
Até o Pantanal esfumaçou, quem diria, o lugar das águas. A beleza que me molha nas imagens do fotógrafo, queima minha alma tal tronco antigo de árvore em brasa. É uma sucuri a apertar minha mente, aperta tudo, de repente, pesadelo.
Não existisse a fotografia e esse povo fotógrafo que insiste, uma gente obstinada, como veríamos aquilo que não se apresenta, que foge, que esconde e conta o inferno que se aproxima enquanto o paraíso anoitece?
São dias de lamentos, vida selvagem que esvai. Fogo nas matas, a fumaça a turvar um futuro que tínhamos nas mãos. A boca grande da sociedade tudo devora, a cobiça do sistema nos rói em todo canto.
Bichos não protestam ou votam. Correm, desesperadamente, para onde dá.
Restarão as fotografias, papéis velhos, pixels, resguardos dos sonhos que jogamos no lixo.
O magnífico trabalho do fotógrafo Luciano Candisani, nos revela aquilo que somos e o quanto estão cegos os que dizem que os dólares são mais belos.
Luciano Candisani produz há duas décadas narrativas fotográficas que interpretam culturas tradicionais e ecossistemas ao redor do mundo. Suas imagens, reconhecidas com alguns dos principais prêmios da fotografia mundial, reúnem uma identidade estética e se equilibram de forma peculiar entre arte e documento. São imagens sempre carregadas com a motivação criativa do autor: mostrar a vida nos grandes espaços naturais remanescentes e alertar para a urgência de salvaguardar territórios e culturas em risco.
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