A reforma da previdência de Doria na pauta, deputado xingando, da tribuna e com a palavra garantida pelo presidente tucano do parlamento paulista, trabalhadores públicos de vagabundo, e o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo fechada para manutenção?
Um dia após permitir que o deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei, passasse dez minutos fazendo provocações, chamando para briga os parlamentares do PT e aos trabalhadores públicos – “cadê o machão?” , “levanta o bracinho”, “ficou ofendidinho?”, dizia ele, “cadê o líder sindical?” –, o presidente da Assembleia Legislativa tomou medidas autoritárias que cercearam o acesso da população ao Palácio 9 de Julho.
O Diário Oficial desta quinta-feira, 5/12, publicou um requerimento que pedia o fechamento das galerias do plenário Juscelino Kubitschek, para impedir que os trabalhadores públicos acompanhassem a votação da reforma da previdência. Vinte oito deputados assinaram o pedido, entre eles a líder do PSDB, Carla Morando, e o líder do governo, Carlão Pignatari (PSDB).
Ao longo do dia, o presidente Cauê Macris (PSDB) dizia garantir que não seria impedido o acesso às galerias. Porém, a chegada das pessoas ao prédio da Assembleia já era restringida pelo fechamento de uma de suas entradas e pelo policiamento e revista na outra.
Às 19h, no começo da sessão extraordinária chamada para discutir a PEC 18/2019, da reforma da previdência do Estado, Beth Sahão, Professora Bebel e Márcia Lia, deputadas do PT, e Isa Penna e Monica Seixas, do PSOL, tomaram as cadeiras na mesa da presidência, em protesto. Cauê insistia que não determinou o fechamento das portas; mas as portas estavam fechadas e, na galeria, havia menos de trinta pessoas. A lotação é de 264 pessoas. No corredor de acesso, numa longa fila, trabalhadores públicos estavam decididos a não arredar pé e acompanhar a votação da reforma que quer lhes espoliar.
O líder da bancada PT, Barba, apelou para que as portas fossem abertas. Erica Malunguinho (PSOL) reclamou que evento marcado para um dos plenários estava sendo prejudicado porque os convidados estavam sendo impedidos de entrar. Cauê disse que para que pessoas entrassem, outras deveriam sair. A Casa teria atingido o limite de lotação, afirmava. E todos os plenários, além do Kubitschek, vazios.
Não deu para segurar. A sessão foi levantada e a segunda extraordinária, que deveria acontecer foi desconvocada e os convidados – para a posse da União Estadual dos Estudantes e para a audiência Cultura de Periferia – puderam entrar. Boa noite.