Muvucar é verbo recente, mania de gente verde que gosta de sombra e água fresca. Muvuca é a técnica de misturar sementes agrícolas e florestais que está ajudando a recuperar áreas degradadas. Tem estimulado também o acúmulo, comércio e dispersão de sementes de árvores nativas, dos diversos biomas brasileiros.
O engenheiro florestal, Luciano Eichholz, é um craque da muvuca, e nasceu em Nova Xavantina, MT, mas, criança ainda, mudou-se para Querência, cidade fundada em 1985, no nordeste de Mato Grosso. O município possui grande extensão de terras, área que abriga parte da Terra Indígena do Xingu. Cidade próspera no agronegócio, principalmente o cultivo da soja, após o ciclo de centenas de madeireiras que ocuparam a cidade por décadas, viu padecer suas florestas, verde que deu lugar a grandes lavouras de grãos e pasto para o gado.
Luciano, após formar-se na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e atuar entre os indígenas do Xingu, pelo Instituto Socioambiental, em projetos de manejo, iniciativas de reflorestamento do entorno da Terra Indígena e o plantio de pequi em grande escala, para produção de óleo, entre os índios Kisêdjê, compartilha a experiência no Espírito Santo, com coleta de sementes na área indígena Tupinikim – Guarani, para reflorestar a bacia do vale do Rio Doce, entre Minas Gerais e o Espírito Santo.
Se estamos fartos de imagens do fim do mundo, carentes estamos de cenas assim, o pronto socorro do planeta. É cedo para desistir, plantar é uma ordem, imprescindível lutar por sombra e água fresca para todos, muito além das grandes fazendas e dos vãos condomínios.