Ao longo do Abril Vermelho, mês de lutas do MST, o Movimento construiu um laudo técnico que comprova a existência de mil famílias sem terra atingidas diretamente na região metropolitana de Belo Horizonte. Além de perderem a produção, essas famílias tiveram a saúde afetada, por viverem a menos de 1km do Rio Paraopeba, devastado pela Lama.
O Ministério Público e demais autoridades competentes já reconhecem as famílias como atingidas, e o cadastro feito pela Emater já é de conhecimento da Vale, que até o momento não se pronunciou sobre a indenização das famílias.
Vale calculou 2 milhões e 600 mil dólares por morte antes do rompimento da barragem, segundo denuncia da promotoria. André Sperling, promotor de Justiça, critica modelo que beneficia mineradoras e deixa população em risco.
Segundo Sperling, a empresa sabia dos riscos e mesmo assim sobrecarrou a barragem. “Eles trabalham quase como se fosse um cassino. Eles apostam que mesmo que a barragem esteja com nível de segurança inadequado, ela não vá romper. Eles precificam. A gente tem provas de que eles precificaram, por exemplo, o custo da vida humana no rompimento da barragem de Brumadinho. Cada vida humana teria um custo para eles de 2 milhões e 600 mil dólares, mais ou menos. Eles tinham isso nos boletins internos. Engraçado que agora, nos processos de reparação, eles não estão oferecendo esse dinheiro todo para as famílias.”
O MST defende que lutar é um direito e que a Vale, como criminosa, tem que pagar. “Nós vamos seguir na luta pelo direito das famílias atingidas, pelas mais de 300 vítimas, e para que a responsável, que é a Vale, pague por sua irresponsabilidade”, afirma Cristiano Meireles, da coordenação estadual do MST.
Fotos: Mídia Ninja