Oi pessoal estou aqui na Gávea entre minha casa e escritório que ficam próximos,cumprindo minha quarentena,tocando e escrevendo sem parar. Este Cordel nasceu na madrugada do dia 17, envio para apreciação de vocês. Boa sorte
Quarentena (Moraes Moreira)
Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo, nem idade
Em resposta ao artista, o jornalista especializado em cultura Carlos Rizzo, escreveu seu recado poético:
Foi corona,
Não foi corona
Foi corona,
Não foi corona
Foi
Não foi
Foi
Não foi
Com tanta história solta
Deixo a razão de lado
Engato no whatsapp
Uma fake news abobado
Mas cadê a coerência
De um indivíduo informado
Não pode ser que no mundo
Tenha tanto cabra bilolado
Mas onde vou achar a verdade?
Pra manter esse mundo são
Só tome cuidado rapaz
Pra não matar cidadão
Lamento não ter mais tempo
Para poesia terminar
Pois estou aqui no Graacc
Esperando doutor me chamar
E tenho ainda por cima
Um celular acabando
Quem sabe voltando pra casa
Engato uma provocação
Quem em sua sã consciência
Pode aqui admitir
Que temos um presidente louco
Que vive sempre a mentir
Botando o povo na rua
Sem cuidado e sem proteção
Quisera meu Deus pudesse
Acabar com toda essa aflição
Levasse embora a doença
E junto levasse esse cão!
Carlos Rizzo, São Paulo, 2020