Montevidéu acorda para votar a presidente, senador e deputado

Considerado um dos países com mais igualdade, liberdades e direitos sociais da América Latina, o Uruguai acorda hoje para decidir seu destino. Não só o presidente será eleito, mas 30 senadores e 99 deputados federais que compõem as duas câmaras, formada por 129 parlamentares, divididos pelos 19 estados departamentos. Eles são tão importantes quanto o presidente porque a democracia uruguaia, consolidada nos 15 anos da Frente Ampla, fundamenta todas as decisões no apoio do legislativo. O primeiro a votar foi o popular ex-presidente Pepe Mujica, candidato a senador aos 84 anos, que votou no bairro La Teja.

Pela manhã cedo, o presidente Tabaré Vásquez deu uma entrevista sensível à rede Tele falando sobre sua forma de positiva de lidar com seus graves problemas de saúde. ” temos que superar a ideia de que o câncer é uma tragédia”. No segundo mandato consecutivo, Vásquez deixará a presidência aos 84 anos, com a saúde fortemente abalada por um câncer avançado de pulmão. Mas a força e dignidade do político, que é também um famoso médico oncologista, comove o povo uruguaio. “É a pessoa mais linda e digna que conheço. Sua gestão representou um grande ganho moral, intelectual e espiritual para nosso país”, afirma Gustavo Área, 54 anos, recepcionista de hotel em Montevidéu, que como grande parte dos uruguaios marcantes por sua politização.

As ruas de Montevidéu amanheceram muito tranquilas neste domingo, em clima de primavera. O candidato da frente ampla, o engenheiro Daniel Martínez, é o amplo favorito, com 43% das intenções de voto, seguido por Lacalle Pou, com 26%. Apesar da tendência ao crescimento ainda maior do candidato da coalizão de esquerda, a vitória no primeiro turno não é segura porque ainda está a 10 pontos pelo menos de atingir 50% mais um da soma dos demais candidatos.

Como os demais candidatos com expressão nas pesquisas são de direita, a ameaça de uma coalizão de direita no segundo turno, marcado para 24 de novembro, assusta a militância da frente. Ernesto Talvi, do Partido Colorado, tem 13% e Guido Manini Ríos, do Cabildo Abierto, o Bolsonaro uruguaio, tem 11%. A confiança da direção da FA é na divisão de setores mais democráticos desses partidos a uma formação política que conte com Manini para derrotar Martínez. “Vamos aguardar os resultados. Nada está definido”, afirma Javier Miranda, presidente nacional da Frente Ampla.

*Raquel Wandelli, da equipe enviada especial dos Jornalistas Livres para as eleições do Uruguai

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