Mobilização na embaixada do Brasil em Washington DC

Houve ontem, 01/06, uma mobilização na embaixada do Brasil, em Washington DC, para denunciar a criminalização dos movimentos sociais no Brasil, em especial, os ataques às comunidades indígenas, a repressão à manifestações pacíficas e os assassinatos de trabalhadores rurais e ativistas do MST. Além da demonstração em frente à embaixada, também foi entregue uma carta ao diplomata William Santos, denunciando essas violações e o governo ilegítimo de Michel Temer. A carta foi entregue por Medea Benjamin, co-fundadora do CODEPINK, uma das ativistas mais importantes aqui dos EUA. Segue a carta.

PAREM A CRIMINALIZAÇÃO DE MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL

Nós, ativistas, professores, estudantes, representantes da sociedade civil organizada, sindicatos, movimentos sociais, coletivos internacionais, bem como profissionais de diferentes áreas e experiências, denunciamos o atual governo do Brasil e o golpe parlamentar que levou Michel Temer à presidência.

Nós denunciamos as reformas laborais regressivas impostas ao país pelo governo não-eleito de Michel Temer. Nós também denunciamos a violenta repressão de civis, trabalhadores e estudantes que estavam protestando contra o governo nas ruas de Brasília em 24 de maio. Naquela ocasião, o não-eleito Temer promulgou um Decreto presidencial invocando as Forças Armadas a usar medidas repressivas contra os 200.000 manifestantes.

As forças de segurança atacaram civis que protestavam pacificamente com gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e armas de fogo. Nós condenamos os atos de Temer e declaramos que o chamado das Forças Armadas e os ataques violentos contra os manifestantes é inadmissível e repugnante. Ademais, nós defendemos fortemente os direitos civis de liberdade de expressão, integridade física, dignidade e segurança pessoal.

O governo ilegítimo também aumentou a repressão a movimentos sociais e de trabalhadores. Nós condenamos a criminalização de movimentos sociais no país, e os assassinatos de trabalhadores rurais lutando por seu direito constitucional à posse da terra. Nós também denunciamos o aumento da violência estatal e os abusos contra os direitos humanos das populações vulneráveis. Entre muitos outros, nós nos referimos ao ataque no estado do Maranhão, que deixou 16 indígenas feridos, incluindo 3 que tiveram suas mãos mutiladas.

A violência contra movimentos populares no Brasil vem evoluindo em velocidade sem precedentes. Levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) informa que, em 2015, 50 trabalhadores rurais foram assassinados em conflitos relacionados à Reforma Agrária. Em 2016, 61 ativistas foram assassinados devido à conflitos no campo e somente nos cinco primeiros meses de 2017, 36 pessoas já foram assassinadas.

Em 24 de maio, forças de segurança atacaram um grupo de trabalhadores rurais, matando 10 pessoas. Os sobreviventes testemunharam que os trabalhadores rurais foram torturados antes de serem assassinados. Esse é o segundo ataque mais sangrento da história do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra do Brasil (MST). O primeiro, conhecido como “Massacre de Eldorado dos Carajás”, aconteceu em 1996 e deixou 17 ativistas mortos e muitos outros feridos. A mídia tradicional brasileira está flagrantemente ignorando esses massacres.  

O encarceramento injustificado e a perseguição de manifestantes, membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra do Brasil (MST) e outros ativistas sociais reflete a clara intenção das forças de segurança do Estado de criminalizar movimentos de justiça social no Brasil, no contexto do ressurgimento das forças conservadoras durante o processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

O que nós vemos hoje no Brasil é uma clara expressão da luta de classes no país, profundamente enraizada em seu passado colonial. Nós nos solidarizamos com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra do Brasil (MST) e com o povo brasileiro. Nós demandamos a volta da democracia no Brasil e o direito a eleições diretas já.

Assinam: CODEPINK for Peace, Friends of MST, Brazilian Expats for Democracy and Social Justice, LACAN (Latin America and Caribbean Action Network) and the ANSWER Coalition.

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