Em 2014 eu votaria nele. Quem me conhece pode estranhar mas sim, eu fui fã do Bolsonaro. Eu tinha 15 anos e na escola eu nunca tinha discutido sobre política, eu tinha acabado de entrar no mundo da internet e assim como milhões, as únicas informações que eu tinha do meu ‘herói’ eram através dos vídeos que viralizavam no Facebook, um melhor que o outro, bem editados, era uma chuva de respostas na ponta da língua, pulso firme e destreza, eu enxergava ali a salvação do país, pouco importava questões econômicas, estruturais, sociais, etc.. Em 2015 (Já estudando sobre política) eu tomei posse como Deputado Federal Jovem no Parlamento Jovem Brasileiro em Brasília, lá eu tive a oportunidade de conhecê-lo, estive com ele em 2015 e 2016, me recebeu muito bem, nas duas vezes, Bolsonaro me levou pra dentro do Plenário Ulysses Guimarães durante a sessão, tirou foto minha, me falou como funcionava a sessão, enfim. Era um máximo ser ‘Bolsominion’, eu entrava nas discussões políticas, e na época era só “culpar a Dilma”, falar as frases que ele repetia e manter a pose egocêntrica de que era assim que tudo se resolvia.
De lá pra cá a possibilidade dele se tornar presidente se tornou real, porém, (e ainda bem) eu tive 4 anos pra estudar a democracia, pra conhecer melhor o Brasil fora do quintal de casa, pra enxergar outras realidades além do meu umbigo, mas principalmente, eu tive 4 anos para desenvolver empatia e perceber o quanto eu estava completamente CEGO, o fascismo seduz e eu sinto vergonha por, em um momento da minha vida ter depositado a esperança de um País tão diverso como o nosso em alguém tão estúpido e despreparado.
Por mim, essa foto nunca viria a público, porém, não poderia ficar calado diante da grande ameaça que temos pela frente e eu digo o porquê. Porque (e vou sim repetir tudo o que vocês já sabem, eu espero) alguém que chama mulher de vagabunda, é machista. Quem diz que prefere a morte de um filho a saber que ele é gay, é homofóbico. Quem fala de peso de negros em arroubas, é racista. Quem diz que nada entende de economia não pode postular a presidência de um país. É ignorante. Quem defende que índio tem de evoluir e adotar costumes dos outros, os nossos, dos brancos civilizados, comete etnocentrismo. Quem defende que uma ditadura como a chilena deveria ter matado mais, achando três mil assassinatos pouco, é um monstro. Quem já pregou o fuzilamento de adversários políticos, como o de Fernando Henrique Cardoso, e o fechamento do Congresso Nacional, não é um democrata.
Quem defende tortura e execução sumária de criminosos, não acredita em Estado de Direito. Prefere a lei do mais forte. Coloca a vingança acima do Direito. Legitima a barbárie. É um perigo para a democracia. Quem afirma que o erro da ditadura brasileira foi não ter matado mais, é psicopata. Quem sente saudade de ditador e dos momentos mais repressivos de um regime hediondo de exceção, é perverso. Quem tem torturador notório como herói, não é Brilhante em coisa alguma. Quem aceita que mulher pode ganhar menos pelo mesmo trabalho feito por homem, é misógino. Quem diz que não estupraria uma mulher por ela ser feia, derrapa duas vezes: admite e compreende hipoteticamente estupro de mulher bonita; revela-se grosso, vulgar, rasteiro e estúpido. A maioria de quem o apoia, está indignado com a situação do Brasil (assim como eu), mas quem o apoia, involuntariamente ou não, está apoiando toda a onda de ódio e as barbáries (e olha que essas são públicas, imagine as que nunca soubemos) que esse texto acabou de abordar. Lembrem-se que a pior cegueira é daquele que não quer ver.
Me desculpe Bolsonaro, mas eu acordei, e quero que outras pessoas acordem enquanto ainda há tempo.
#elenao #fascimotambemnao #brasilsemodio #mude
2 respostas
Puxa, que coisa linda! Como eu gostaria que as pessoas que eu amo também acordassem! Apenas fica mais uma vez provado que só a EDUCAÇÃO É QUE SALVA! Parabéns Abner Tofanelli!
Kkk essa foi boa! já estranhei o título mas quando li os “porquês”, está evidente que este moço nunca foi de direita a pauta esquerdista já está na ponta da língua e no fundo da mente. Infelizmente.