“Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração.” ( Palavras de Jesus aos religiosos do seu tempo, em Mateus 12:34)
Quem não chorou ontem, no Brasil, pela morte abrupta dos adolescentes na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano-SP, ou não tem dimensão do que estamos passando ou tem essa dimensão e, na verdade, torce por isso.
O Brasil está refém de, mais do que uma onda de violência, um “espírito de violência” (não de cunho espiritual – pode até ser também – mas aqui um espírito social, um zeitgeist), onde o uso das armas são apenas o complemento de algo já maquinado e orquestrado por essa época onde ódio e violência parecem dar as cartas e têm totalmente o jogo nas mãos.
E, sim, precisamos falar de Bolsonaro.
E, sim, precisamos falar do apoio evangélico a esse projeto de violência.
A campanha de Bolsonaro foi uma ode à violência, ao feminicídio, à LGBTFobia, ao uso das armas, à violência física como ação final contra todos aqueles que se levantassem contra o projeto de poder do führer tupiniquim.
Não me causou espanto a violência de Bolsonaro, homem tosco, oriundo dos militares repressores e opressores. Deu o que tinha para oferecer: violência, e mais nada. Nada de projetos, nada de planos, nada de governo. Quando abre a boca, destila ódio e violência aos diferentes.
Mas o mais interessante é que também não me causou espanto o apoio dos evangélicos e católicos conservadores ao então candidato. Nem um pouco de espanto. O conservadorismo “cristão” (e aqui as haspas são necessárias) sempre foi calcado na violência contra o outro, sempre na imposição de suas ideias e, historicamente, sempre matou quando foi preciso. Quem sabe um dia essa história seja recontada por uma Escola de Samba: O sagrado violento e a profanação que liberta!
Foram muitas as manifestações de líderes e grupos “cristãos”, postando fotos onde todos faziam arminhas com a mãos, gesto simbólico e maior da campanha de Jair Bolsonaro. Não hesito em parafrasear o versículo com que iniciei este texto: “Raça de cobras venenosas, como podem vocês, que são maus, fazer coisas boas? As mãos simbolizam do que está cheio o coração de vocês.” Sim! Fazem arminhas com as mãos porque em seus corações o que reina é o ódio e a violência. Se pudessem, e torcem para isso, sairiam atirando sem pestanejar em feministas, LGBT’s, negros “amaldiçoados”, mães e pais de santo…
Suzano, infelizmente, se repetirá. Queria poder acreditar que não, e luto para isso… mas essa gente quer que a violência triunfe, para que seus projetos de poder se façam valer, cada vez mais pela força, pelo rancor e pelo desejo de vingança de tempos em que o Brasil aspirou a igualdade entre todos.
Eles não suportam isso.
E o “deus” deles, e o presidente deles, autorizam a barbárie!
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós…
José Barbosa Junior – teólogo e pastor da Comunidade Batista do Caminho, Belo Horizonte
Uma resposta
Artigo ridículo! Essas violências sempre existiram se você não via o cego e tapado é você.