Manifesto da Delicadeza em Tempos de Brutalidade

Assim como a boca seca
Quando há sede ou medo
Assim como o Sol aquece
E também pode cegar
Assim como a noite anuncia
A necessidade de descansar

 

 

 

 

 

Vivemos no mesmo mundo.
Estamos onde deveríamos estar?

 

 

Assim como o medo dispara
os passos e o coração, na rua
Assim como a voz se cala
Diante do Mar e das despedidas
Assim como Corpo vibra
Quando quer dançar a música

Vivemos no mesmo mundo.
Estamos onde deveríamos estar?

Se o ar nos falta diante do terror
Se a mata é destruída, dando lugar a edifícios
Se a cobiça mata e nos arranca o chão e o teto
Se a multidão transita desatenta à potência da Vida

Aqui, então, somos Corpo-Manifesto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em tempos de extermínio
[de pobres, negros, mulheres, Indígenas]
Em tempos de estupro, impunidade e terror
Em tempos de violência banalizada e Institucional
Em tempos de Educação e Cultura
[intencionalmente sucateadas]

 

Manifesto a Delicadeza, em Tempos de Brutalidade!

DELICADEZA, em tempos de BRUTALIDADE
AMOR, em tempos de EXTERMÍNIO
ARTE, em tempos de CONSUMO
DANÇA, em tempos de APATIA
CORPO, em tempos de AUSÊNCIA e PROJEÇÃO
AÇÃO, em tempos de REAÇÃO
COLETIVO, em tempos de ISOLAMENTO
AFETO, em tempos de ANESTESIA
LIBERDADE, em Tempos de COAÇÃO
SUSSURRO, em tempos de SURDEZ
PAÍS LAICO, em tempos de FUNDAMENTALISMO
EMPATIA, em tempos de INTOLERÂNCIA

 

Manifesto a Delicadeza em Tempos de Brutalidade
Manifesto a Delicadeza em Tempos de Brutalidade
Manifesto a Delicadeza em Tempos de Brutalidade

Que o NÓS desate esse nó
De mentiras e Direitos subtraídos
Que o NÓS nos enlace em uma Dança que evoque
O sentido fundamental de Liberdade!

 

Que se manifeste na Delicadeza,
Em tempos de Brutalidade.

 

Dezenas de bailarinas e bailarinos apresentaram “Manifesto da Delicadeza em tempos de Brutalidade” durante o Dia Nacional de Lutas em São Paulo, em 10/06/2016. Saindo do CRD – Centro de Referência da Dança, no centro de São Paulo, eles e elas dançaram até a avenida Paulista no que chamaram de ato poético e coreográfico coletivo.

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