Luis Fernando Camacho, o fundamentalista que derrubou Morales

Por Jornal GGN

A figura do líder opositor Luis Fernando Camacho ganhou força na Bolívia desde que afirmou desconhecer o resultado das eleições presidenciais de 20 de outubro, e foi o primeiro a convocar manifestações contra a nova eleição de Evo Morales no país. Suas iniciativas ganharam força em nível nacional, ao ponto de Morales renunciar ao cargo neste final de semana.

O jornalista Victor Farinelli traçou um perfil de Camacho para o site chileno El Desconcierto, e é possível perceber que Camacho tem muito em comum com outros políticos de extrema-direita na América Latina. Aos 40 anos, Camacho é advogado e se vangloria de seu fundamentalismo religioso – embora católico, o líder opositor tem grande proximidade com igrejas evangélicas e sempre afirmou que “faria com que Deus voltasse ao Palacio Quemado“.

Logo após o golpe que tirou Morales do poder, o opositor leu a Bíblia colocada por cima de uma bandeira boliviana, em uma espécie de cerimônia litúrgica improvisada.

“Suas declarações mostram uma tremenda sede de vingança, instigando a “anotar os nomes dos traidores do povo, pois queremos que estejam presos pela manhã, mas não por rancor de ódio, e sim por justiça”, pontua Farinelli.

“Ainda que (Camacho) diga que não tem rancor e ódio, as práticas de seus seguidores o desmentem, como se viu na ação bárbara contra a prefeita Patricia Arce, na cidade de Vinto, que foi agredida e humilhada em praça pública”.

Além de presidente do Comitê Cívico da cidade de Santa Cruz, Camacho é o dono do Grupo Empresarial Nacional Vida S.A, que detém uma série de participações em empresas do setor de saúde boliviano. Segundo Farinelli, existem registros de que algumas dessas participações estão envolvidas no escândalo Panamá Papers, que envolve evasão de divisas em paraísos fiscais centro-americanos.

Segundo Farinelli, o boliviano se parece muito com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro ao ser um católico que formou alianças com setores evangélicos fundamentalistas. Em maio, Camacho esteve no Brasil e se reuniu com o chanceler Ernesto Araújo e, segundo informações da revista Forum, foi instruído sobre como agir diante da Constituição boliviana e que teve o compromisso “governamental” do Brasil sobre a questão.

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