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Lugar de travesti e transexual é na política!

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Nesta quarta-feira, (03) às 20h, será realizado o DebateBoca, a primeiro encontro público promovida pela Rede Jornalistas Livres entre candidat@s trans a vereador@s de São Paulo, que tratará sobre Políticas Públicas para a população LGBT. O debate será entre a professora de filosofia e ativista feminista Luiza Coppieters pré-candidata do Partido Socialista (Psol) e o ator e empresário Thammy Miranda, candidato pelo Partido Progressista (PP). No mesmo local acontecerá no próximo dia 10 o debate entre candidat@s negr@s e no dia 17 entre candidat@s mulheres.

T4“A gente precisa se unir. Temos uma série de demandas e bandeiras em comum. A gente tem que sair às ruas, se organizar, construir um discurso e ter a força para lutar contra esse poder conservador que está tomando conta de todas as instituições políticas. Nós como uma minoria atacada cotidianamente e vamos acabar perdendo os direitos que já adquirimos. Temos que nos unir para juntos sermos a resistência contra o governo golpista (do presidente interino Michel Temer)”

Essas são as palavras da mulher transexual lésbica Luiza Coppieters, professora de ensino médio do Colégio Anglo por 6 anos, que foi demitida no ano passado após assumir sua transexualidade. Ela conta que após a transição ocorrida em 2014, a escola foi fechando seu espaço, cortando aulas e diminuindo seu salário, como forma de pressão para que ela se demitisse. Este clima de opressão gerou um forte desequilíbrio emocional em Luiza que precisou se afastar do trabalho no começo deste ano para se submeter a um tratamento psíquico com diagnóstico de “síndrome do pânico”. Quando se preparava para retomar as atividades, Luiza recebeu a rescisão de contrato. Hoje filiada ao Psol, se prepara, se for eleita, para representar a comunidade LGBT, em especial a comunidade de travestis, mulheres transexuais e homens trans na Câmara Municipal de São Paulo.

T5Para o ator homem trans Thammy, a prioridade ” é a viabilização para que trans façam a mudança de nome. É importante também reorganizar a fila de cirurgia da mastectomia (retirada das glândulas mamárias). Ter estrutura para os psicólogos no SUS. Segurança para essas pessoas. Muitas coisas importantes”.

Thammy, no início desse ano, recusou um papel na nova novela da Glória Perez, que entre outros temas irá abordar a transexualidade, para ser o coordenador do núcleo da diversidade do PP, e sair candidato a vereador de São Paulo pelo partido, o mesmo do Jair Bolsonaro – o arquiinimigo da causa lgbt. A pergunta que fica é: como lutar por direitos para a comunidade LGBT, quando o partido abriga homotransfóbicos e tem uma agenda que exclui a luta por direitos humanos? Thammy terá que responder essa e outras perguntas referentes à sua atual posição política.

T2Valeryah Rodrigues de 36 anos, que acaba de se tornar a primeira mulher transexual a conseguir oficializar a candidatar dentro dos 30% da cota destinada a identidades femininas, também é candidata a vereadora pelo PCdoB pela cidade São Paulo.

“O que me levou a sair pré-candidata é a “necessidade de ter uma mulher T na Câmara para mudar a história e mostrar que nosso lugar é onde nós quisermos, para que mais e mais travestis e transexuais sintam-se empoderados”, declarou Valeryah pontuando que se sentiu abraçada e apoiada pel@s colegas do partido que a receberam muito bem, e disse que irá lutar por políticas públicas e pela criação de leis que realmente assistam à população trans.  Valeryah foi bolsista do programa Transcidadania, que oferece uma bolsa para travestis e transexuais voltarem a estudar, e, é coordenadora do instituto Nice de apoio a mulheres transexuais e mulheres travestis. Ela tem em seu histórico a violência transfóbica dentro de sua própria casa quando foi casada com um homem violento que a agredia com socos e pontapés. “A violência que eu nunca sofri na rua, eu sofri com o meu marido.”

T3O homem trans Régis Vascon sairá candidato também pelo PCdoB na cidade de Campinas. Formado em Ciências Jurídicas é ativista há 16 anos, ele relata que teve muitos problemas ao assumir sua transmasculinidade quando fazia parte do corpo de guardas municipais de Campinas: “A transfobia que enfrentei e ainda enfrento foi a ponto de sofrer seis processos administrativos”.  E ele acredita que também por transfobia tenha sido exonerado do cargo de assessor jurídico do Centro de Referência LGBT de sua cidade onde trabalhou por 3 anos. Régis se lança candidato levantando a bandeira contra a transfobia e para fazer frente à “bancada religiosa e reacionária que cada vez mais aprovará leis contrárias a nós”. Seus principais objetivos é a criação de um Ambulatório de Saúde integral para travestis e transexuais, e a “criação de uma casa de passagem e abrigo para travestis e transexuais na melhor idade pois existem pessoas trans vivendo em situação de rua ou que quando conseguem chegar aos 60 anos não tem com quem viver.”

T1Outra candidata a vereadora pelo Psol na cidade de Campinas é a travesti e profissional do sexo Amara Moira, doutoranda em literatura pela Unicamp e autora do livro : “Se eu fosse puta” que acaba de ser lançado pela editora Hoo.

“Sair pré-candidata é trazer luz para as nossas pautas, trazê-las para o centro da disputa política, mostrar que política é também espaço de LGBTs, pessoas negras e mulheres, pois se não estivermos presentes nesses espaços, dificilmente a luta contra as opressões que nos estraçalham dia após dia será colocada com a urgência e ênfase necessárias.”

Segundo Amara houve um grande avanço na militância de travestis e transexuais que antes eram “reféns” das pautas relacionadas à saúde em consequência de que “única maneira como a sociedade conseguir nos ver era como vetores de DSTs”. Ela lembra também o fato da comunidade estar ocupando espaços importantes como as universidades, produtoras e difusoras de conhecimento, e se fazendo presentes em outros movimentos além do LGBT, como o feminista, negr@s, de prostitut@s e antiproibicionista. A principal demanda que Amara irá abraçar é a retificação do pré nome nos documentos por ela entender que “essa seja uma das formas mais eficazes de pessoas trans conseguirem acesso à cidadania. Não é com certeza pelas urnas que vamos transformar o mundo, mas conseguir um mandato e poder encher a câmara de travestis talvez seja uma maneira de apressar o mundo nessa direção. Lugar de travesti é na câmara!”

Num cenário político marcado pelo golpe institucional que afastou a presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff, pelo levante dos fundamentalistas religiosos e políticos conservadores interessados em barrar as conquistas em direitos humanos, mais de vinte travestis, mulheres transexuais e homens trans serão candidat@s a vereador@s no Brasil. Esse acontecimento inédito em nosso pais aponta para o embate necessário e urgente onde só uma grande aliança entre as populações socialmente vulneráveis, em especial o movimento organizado de mulheres, negr@s e LGBTs, pode impedir a perda dos direitos adquiridos e avançar na conquista de uma cidadania plena.

 

DEBATE BOCA

Quarta-feira, 03 de agosto, às 20h

Teatro Heleny Guariba – praça Franklin Rossevelt 184.

50 lugares – O teatro abre às 19h e os lugares serão preenchidos de acordo com a ordem de chegada.

Transmissão ao vivo: facebook/jornalistaslivres

DebateBOca_TS_FINAL

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1 Comment

1 Comments

  1. Vagner

    31/03/17 at 21:59

    como foi o debate?

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#EleNão

Moradores da Maré são bailarinos em espetáculo com temporada na Suiça

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Foto: Andi Gantenbein, de Zurique, Suíça, para os Jornalistas Livres

Denúncias sobre os atuais tempos de antidemocracia, assassinatos da população preta, pobre e periférica e o da vereadora Marielle Franco aparecem em cartazes erguidos pelos bailarinos de “Fúria”, espetáculo de Lia Rodrigues, considerada uma das maiores coreógrafas brasileiras da atualidade e uma das mais engajadas na realidade política do país.

A foto é da noite deste sábado (16), durante apresentação do grupo brasileiro no ‘Zürcher Theaterspektakel’, em Zurique, Suíça.

No Brasil, Fúria estreou em Abril, no Festival de Curitiba. A montagem evidencia, de maneira crítica, relações de poder, desigualdades, e as interligações entre racismo e capitalismo.

O espetáculo foi concebido no Centro de Artes da Maré, na Maré, RJ. O local foi inaugurado em 2009, e o projeto nasceu do encontro de Lia Rodrigues Companhia de Danças com a Redes da Maré. Os bailarinos são moradores da favela e de periferias do RJ.

Fruto dessa mesma parceria é a Escola Livre de Dança da Maré que resiste, em meio ao caos do governo violento de Witzel contra as favelas do RJ.

 

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Temer/Kassab preparam ataque ao seu direito à Internet

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O método Temer de solapar direitos dos cidadãos brasileiros tem novo alvo: a Internet. Sem qualquer discussão prévia, os golpistas querem mudar a composição do Comitê Gestor da Internet.

A consulta pública determinada pelo governo, sem diálogo prévio com os membros do Comitê e com apenas 30 dias de duração, certamente pretende aumentar o poder e servir apenas aos interesses das empresas privadas. As operadoras de telefonia têm todo o interesse do mundo em abafar as vozes de técnicos, acadêmicos e ativistas que lutam pela neutralidade da rede, por uma Internet livre, plural e aberta.

Veja, abaixo, a nota de repúdio ao atropelo antidemocrático da consulta pública determinada por Temer/Kassab. A nota é da Coalizão Direitos na Rede que exige o cancelamento imediato desta consulta.

Nota de repúdio

Contra os ataques do governo Temer ao Comitê Gestor da Internet no Brasil

A Coalizão Direitos na Rede vem a público repudiar e denunciar a mais recente medida da gestão Temer contra os direitos dos internautas no Brasil. De forma unilateral, o Governo Federal publicou nesta terça-feira, 8 de agosto, no Diário Oficial da União (D.O.U.), uma consulta pública visando alterações na composição, no processo de eleição e nas atribuições do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Composto por representantes do governo, do setor privado, da sociedade civil e por especialistas técnicos e acadêmicos, o CGI.br é, desde sua criação, em 1995, responsável por estabelecer as normas e procedimentos para o uso e desenvolvimento da rede no Brasil.

Referência internacional de governança multissetorial da Internet,

o Comitê teve seu papel fortalecido após a

promulgação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)

e de seu decreto regulamentador, que estabelece que cabe ao órgão definir as diretrizes para todos os temas relacionados ao setor. A partir de então, o CGI.br passou a ser alvo de disputa e grande interesse do setor privado.

Ao publicar uma consulta para alterar significativamente o modelo do Comitê Gestor de forma unilateral e sem qualquer diálogo prévio no interior do próprio CGI.br, o Governo passa por cima da lei e quebra com a multissetorialidade que marca os debates sobre a Internet e sua governança no Brasil.

A consulta não foi pauta da última reunião do CGI.br, realizada em maio, e nesta segunda-feira, véspera da publicação no D.O.U., o coordenador do Comitê, Maximiliano Martinhão, apenas enviou um e-mail à lista dos conselheiros relatando que o Governo Federal pretendia debater a questão – sem, no entanto, informar que tudo já estava pronto, em vias de publicação oficial. Vale registrar que, no próximo dia 18 de agosto, ocorre a primeira reunião da nova gestão do CGI.br, e o governo poderia ter aguardado para pautar o tema de forma democrática com os conselheiros/as.

Porém, preferiu agir de forma autocrática.

Desde sua posse à frente do CGI.br, no ano passado, Martinhão – que também é Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – tem feito declarações públicas defendendo alterações no Comitê Gestor da Internet. Já em junho de 2016, na primeira reunião que presidiu no CGI.br, após a troca no comando do Governo Federal, ele declarou que estava “recebendo demandas de pequenos provedores, de provedores de conteúdos e de investidores” para alterar a composição do órgão.

A pressão para rever a força da sociedade civil no Comitê cresceu,

principalmente por parte das operadoras de telecomunicações,

apoiadoras do governo.

Em dezembro, durante o Fórum de Governança da Internet no México, organizado pelas Nações Unidas, um conjunto de entidades da sociedade civil de mais de 20 países manifestou preocupação e denunciou as tentativas de enfraquecimento do CGI.br por parte da gestão Temer. No primeiro semestre de 2017, o Governo manobrou para impor uma paralisação de atividades em nome de uma questionável “economia de recursos”.

Martinhão e outros integrantes da gestão Kassab/Temer também têm defendido publicamente que sejam revistas conquistas obtidas no Marco Civil da Internet, propondo a flexibilização da neutralidade de rede e criticando a necessidade de consentimento dos usuários para o tratamento de seus dados pessoais. Neste contexto, a composição multissetorial do CGI.br tem sido fundamental para a defesa dos postulados do MCI e de princípios basilares para a garantia de uma internet livre, aberta e plural.

Por isso, esta Coalizão – articulação que reúne pesquisadores, acadêmicos, desenvolvedores, ativistas e entidades de defesa do consumidor e da liberdade de expressão – lançou, durante o último processo eleitoral do CGI, uma plataforma pública que clamava pelo “fortalecimento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, preservando suas atribuições e seu caráter multissetorial, como garantia da governança multiparticipativa e democrática da Internet” no país. Afinal, mudar o CGI é estratégico para os setores que querem alterar os rumos das políticas de internet até então em curso no país.

Nesse sentido, considerando o que estabelece o Marco Civil da Internet, o caráter multissetorial do CGI e também o momento político que o país atravessa – de um governo interino, de legitimidade questionável para empreender tais mudanças –

a Coalizão Direitos na Rede exige o cancelamento imediato desta consulta.

É repudiável que um processo diretamente relacionado à governança da Internet seja travestido de consulta pública sem que as linhas orientadoras para sua revisão tenham sido debatidas antes, internamente, pelo próprio CGI.br. É mais um exemplo do modus operandi da gestão que ocupa o Palácio do Planalto e que tem pouco apreço por processos democráticos.

Seguiremos denunciando tais ataques e buscando apoio de diferentes setores,

dentro e fora do Brasil,

contra o desmonte do Comitê Gestor da Internet.

 

8 de agosto de 2017, Coalizão Direitos na Rede

 

Notas

1 A Coalizão Direitos na Rede é uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil. Formada em julho de 2016, busca contribuir para a conscientização sobre o direito ao acesso à Internet, a privacidade e a liberdade de expressão de maneira ampla. O coletivo atua em diferentes frentes por meio de suas organizações, de modo horizontal e colaborativo. A nota está em https://direitosnarede.org.br/c/governo-temer-ataca-CGI/ .

2 Para ouvir a entrevista, à Rádio Brasil Atual, de Flávia Lefévre, conselheira da Proteste e representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet, que afirma que as mudanças visam a atender interesses do setor privado e ferem caráter multiparticipativo do Comitê: https://soundcloud.com/redebrasilatual/1008-enrevista-flavia-lefevre

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FRAGMENTO E SÍNTESE

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Ligar a tv logo cedo num pequeno quarto de hotel no interior do país é desentender-se dos fatos nos telejornais matutinos. Abre-se a janela e uma menina vai à escola à beira do rio, um menino faz gol de bicicleta entre guris e o homem ergue a parede de sua casa.  Tudo tão distinto das ruas em alvoroço de protestos urbanos ou políticos insanos.  No rincão o que se busca é continuar vivo entre chuvas e trovões, sem não ou talvez. Tudo é certo. Sem modernidades calam ou arremedam nossa urbanidade, gente que se defende com pimentas e ervas, oração e vizinhança. Voz sem boca, boca sem voz, essa gente não é parte nas notícias selvagens dos jornais distantes.  Se resolvem entre cozidos, arte, bola e santos. No país de tantos cantos, muitos voam fora da asa e sem golpes entre si vão tocando suas mazelas e graça.

Mas vivemos tempos obscuros, a noite persiste em nossos avançados quinhentos e tantos anos e muitos santos. Dizem que burro velho é difícil se corrigir nos hábitos. Em manhã chuvosa na grande São Paulo, ligo a tv e o notbook, as janelas se abrem antes que a cortina deixe entrar o novo dia. Surpreendente ver na tv o deputado Jair Bolsonaro afirmando em um clube israelita na cidade do Rio, que se presidente for, não teremos mais terras indígenas no país. Ao mesmo tempo o computador expõe na rede social a opinião de meu amigo Ianuculá Kaiabi Suiá, jovem liderança do Parque Indígena do Xingu, onde leio ao som do deputado que ladra:

Jair Bolsonaro, obrigado por você existir. Graças a você, hoje, temos noção de quanto a população brasileira carece de conhecimento, decência, consciência, juízo, amor e que carrega um imenso sentimento de ódio sem saber o porque. Sim, sim, não sabem. Um exemplo? Veja a bandeira de quem te aplaude, é de um povo que, assim como nós, sofreu as piores atrocidades cometidas pelas pessoas que pensavam como você. Enfim, eu não sei se essa parcela do povo brasileiro pode ser curada, mas vou pedir para um pajé fumar um charuto sagrado e revelar se o espírito maligno que se apossou da tua alma pode ser desfeita com uma grande pajelança.

Ianuculá sabe o que diz, sabe de todo martírio vivido pelos povos originários, e mesmo assim se propõe a consultar o mundo dos espíritos.

 

É deus e diabo na terra do sol, a mesma terra que ofende também abriga e anuncia uma mostra de cinema indígena nos próximos dias. Terra de etnias e corpos na terra, a cidade maravilhosa do Rio não se calará diante do fascismo desses tempos sombrios, acompanhe.

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