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Lésbicas de Campinas promovem Semana da Visibilidade

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Ser lésbica vai além de transar com mulheres. Enquanto lésbica, esta frase me contempla quando penso em tantas experiências que tive ao longo da vida que foram profundamente afetadas pela minha relação com outras mulheres. As coisas que conheci, que aprendi, que senti, neste universo particular que criamos sempre que queremos nos sentir a vontade e partilhar dessa força, desse carinho e desse acolhimento que emergem sempre que mulheres decidem se encontrar.

Foi nesta tônica que foi aberta a Semana de Visibilidade Lésbica de Campinas, neste domingo (dia 27), na Estação Cultura. O dia começou com a Oficina “Consciência corporal para lésbicas: autoestima e companheirismo” ministrada por Daniela Beskow seguido de um debate sobre militância lésbica em Campinas.

Durante a oficina, entramos em contato com nosso próprio corpo e com os corpos de nossas colegas lésbicas, em atividades que buscaram estreitar laços e tecer relações de colaboração e compartilhamento. Daniela estrutura sua oficina de forma a exercitar a sensibilidade de sentir e perceber, em um primeiro momento a si mesma, sentindo nosso próprio corpo e pensando sobre nós mesmas e nossas forças, nossas qualidades. Em um segundo momento, a ideia é deixar os canais de comunicação e percepção abertos, trocar olhares, observar as suas companheiras, para que então possamos construir algo coletivamente, respeitando umas as outras e aprendendo em conjunto.

Em seguida, organizamos um debate entre as presentes no qual tratamos da situação atual dos círculos de convivência lésbicos de Campinas além de diversos temas que se mostraram pertinentes. Antes de tudo, foi preciso ser colocada a grande demanda por espaços de convivência e discussão entre lésbicas na cidade, o que pareceu ser a questão mais urgente entre as mulheres presentes. Não só uma demanda por lugares de debate político, mas muitas vezes simplesmente lugares de convivência amigável, onde podemos nos conhecer, trocar experiências e nos sentirmos acolhidas. Como uma das mulheres da organização bem pontuou “Ficou muito clara tanto a falta desses espaços de convivência, como a nossa vontade de se ver, de se conhecer”.

Foi discutida também a questão de como as nossas diferentes condições perpassam a nossa existência enquanto lésbicas. Especialmente a importância de se discutir como ser uma mulher negra afeta profundamente a experiência lésbica e como os espaços de encontro devem sempre ter em vista e pautar essa questão ao tratar da condição das mulheres lésbicas.

O encontro acabou funcionando para falar da articulação entre lésbicas latino-americanas. Uma das mais importantes é o Encuentro Lesbico Feminista de Abya Yala, que está sendo planejado desde já para o ano que vem. Foi colocada também a data do dia 13 de outubro, o dia da Rebeldia Lésbica, como um dia que se deve lembrar e destacar. Em 2007, durante o VII Encuentro Lésbico Feminista de América y el Caribe, foi decidido que o dia 13 de outubro será lembrado como o Dia da Rebeldia lésbica, pois foi neste dia, no México, em 1987, que se realizou o primeiro dos encontros Lésbico Feministas da América e do Caribe.

Uma das participantes do encontro, a estudante Ana*, diz que foi muito bom escutar outras mulheres lésbicas, pois não se sente encaixada na maioria dos espaços, ela se sente procurando um lugar, especialmente por ser uma mulher lésbica negra. A estudante Diana sente que foi bom falar sobre as experiências do cotidiano sem julgamento. Ela acha que não pode falar sobre isso no dia a dia, porque ninguém entende, especialmente por morar em uma cidade pequena.

A psicóloga Larissa, que faz parte do Rolê das Pretas (movimento de mulheres negras), ficou animada com a ideia de se encontrar mais vezes e discutir outros temas. Segundo Larissa, ser lésbica e ser negra se relacionam de diversas formas, em aspectos como a questão da solidão da mulher negra, que muitas vezes é colocada na segunda opção, ou que é escolhida como parceira para ser exibida como uma quebra de padrão, para mostrar que a parceira não tem preconceito.

A bancária Letícia, membro do grupo Mulheres que leem mulheres e do cineclube Purpurina, afirma que ainda se sente insegura em alguns espaços em Campinas, pelo medo dos homens olhando, o medo da violência. Ela diz: “Acho que ter a Parada LGBT para dizer que a gente existe e vocês vão ter que nos engolir ainda é uma questão pertinente”. Sobre o cineclube, ela comenta que às vezes ele acaba virando uma sessão de psicologia, pois as pessoas não tem espaço para falar em outros lugares e de repente começam a desabafar.

A técnica de segurança do trabalho, Cris*, gostou da oportunidade de falar com outras lésbicas no encontro. No setor industrial e construção civil ela diz se sentir retraída de sair do armário, pois sabe que vai ter repressão.

Em uma conversa entre as mulheres da organização do evento, a sensação que ficou do primeiro dia foi a satisfação de ter saído de lá com a proposta de encontros futuros. Houve a troca de contatos e foi esboçada uma ampliação da rede de mulheres que já vem se formando desde que nos propusemos a nos juntar para promover o Rolê Lésbico Feminista, que aconteceu em maio deste ano, com a Oficina de defesa pessoal para mulheres e a festa Sapaelas.

Ficou muito evidente, ao mesmo tempo, a diversidade da expressão lésbica na cidade. Como somos diferentes umas das outras, temos gostos e sonhos diversos, somos negras, brancas, jovens, idosas, de meia idade, da periferia, do bairro de classe média, estudantes, trabalhadoras, autônomas. E ao mesmo tempo ficou evidente como muitas vezes tanto as características que nos unem como as que nos diferenciam umas das outras ficam invisíveis, uma vez que a nossa própria existência muitas vezes é negada nos meios de comunicação e nos espaços de sociabilidade.

O evento de domingo foi aberto exclusivamente para mulheres. Quando questionei a organização a respeito da importância desses espaços, uma de nós colocou como é evidente a diferença que faz estar em espaços só para mulheres: “quando todo mundo chega a gente está sorrindo, querendo acolher. Diferente de outros espaços, quando a roda se desfez, todas se comunicaram, todas se abraçaram, foram falar minimamente umas com as outras e demonstrar esse afeto”.

 

Terça da Visibilidade

Na terça-feira de manhã fizemos o programa de rádio Bom dia Sapatão, quando discutimos diversos tópicos relacionados à nossa vivência. Começamos falando sobre a origem da data da Visibilidade Lésbica, 29 de agosto (instituída no 1º Seminário Nacional de Lésbicas e Bissexuais – Senale, ocorrido em 29 de agosto de 1996) e da origem de outras datas importantes, como o 13 de outubro. Falamos sobre a saúde da mulher lésbica, sobre a violência que sofremos nos consultórios ginecológicos e a invisibilidade das nossas demandas específicas. Falamos sobre a vida de mulheres lésbicas importantes como Sappho, Audre Lorde e a nossa querida Cássia Eller. À noite nos encontramos no bar Stout, em Barão Geraldo, para um Happy Hour. Passamos a noite entre mulheres conversando sobre nossas vidas, nossas experiências, cantando músicas ao som do violão (como boas sapatonas que somos) e ouvindo músicas cantadas por mulheres.

 

Quinta no MIS

Na quinta à noite foi exibido o documentário Eu sou a próxima, sobre violência lesbofóbica, no Museu da Imagem e Som de Campinas, em parceria com o Cineclube Catavento. No filme, as integrantes da coletiva interpretam relatos de casos reais de violência lesbofóbica, entre eles a história de Luana Barbosa, mulher preta, lésbica, mãe e periférica assassinada pela Polícia Militar, no dia 13 de abril de 2016, em Ribeirão Preto.

Depois da exibição, fizemos uma roda de conversa com as criadoras do documentário, Fernanda e Ane, da Coletiva Luana Barbosa. A conversa foi extremamente rica e as meninas fizeram um incrível panorama sobre as diversas questões que enfrentam na trajetória da Coletiva. Foram discutidos temas como a violência lesbofóbica, que tem como principal alvo a mulher negra periférica que não performa a feminilidade. Discutimos também a pressão que existe sobre as mulheres que não performam a feminilidade que muitas vezes são precocemente diagnosticadas como homens trans. Também foi apontada a falta de políticas públicas de apoio à mulher lésbica, que passam por situações de violência na família, de privação, que são forçadas a se prostituírem e acabam caindo em situação de rua.

Ao longo da conversa, também foram abordadas as questões específicas das lésbicas negras; a saúde da mulher lésbica, especialmente sobre as doenças sexualmente transmissíveis; o uso de drogas dentro da comunidade lésbica, que acabou gerando grupos de discussão e apoio por parte da Coletiva; a violência doméstica e os relacionamentos abusivos entre mulheres; a importância de pensar a condição das lésbicas que são mães e de sempre providenciar creches para os eventos lésbicos como proposta de inclusão dessas mães; a festa Sarrada no Brejo, exclusiva para mulheres, que é mensalmente organizada pela Coletiva; e, consequentemente, o rebuceteio!

Foi uma semana maravilhosa de muita lesbicagem, assim como imagino que tenha sido os diversos eventos lésbicos que aconteceram por todo o Brasil neste mês da Visibilidade Lésbica. Gostaria também de chamar todas as sapas que não puderam participar ou não ficaram sabendo do evento a vir conosco nessa jornada de luta e autoconhecimento que está apenas começando ou também a se juntar com as suas companheiras lésbicas e promover encontros e debates, pois é juntas que conhecemos mais sobre nossa existência lésbica, é juntas que nos fortalecemos para0= fazer frente às opressões que enfrentamos todos os dias e é juntas que comemoramos, damos risada e nos acolhemos. Afinal, melhor que uma sapatão só um brejo inteiro!

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Famílias da Comunidade Mandela fazem ato em frente à Prefeitura de Campinas

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Comunidade Mandela Luta por Moradia

Em busca de uma solução, mais uma vez, moradores tentam ser atendidos

Os Moradores da Comunidade Mandela  fizeram nesta quinta-feira (17), um ato de protesto em frente à Prefeitura  de Campinas. O motivo da manifestação  é o   impasse  para o  problema da moradia das famílias que se arrasta desde 2016. E mais uma vez,  as famílias sem-teto  estão ameaçadas pela reintegração de posse, de acordo com despacho  do juiz  Cássio Modenesi Barbosa, responsável pelo processo a  sua decisão  só será tomada após a manifestação do proprietário.
Entretanto, o juiz  não considerou as petições as Ministério Público, da Defensoria Pública que solicitam o adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19, e das especificidades do caso concreto.
O prazo  final   para a  saída das famílias de forma espontânea  foi encerrado no dia 31 de agosto, no dia  10 de setembro, dez dias depois de esgotado o a data  limite.

As 104 famílias da Comunidade ” Nelson Mandela II” ocupam uma área de de 5 mil metros quadrados do terreno – que possui 300 mil no total – e fica  localizado na região do Ouro Verde, em Campinas . A Comunidade  Mandela se estabeleceu  nessa área em abril de 2017,  após sofrer  uma violenta reintegração de posse no bairro Capivari.

Negociação entre o proprietário do terreno e a municipalidade

A área de 300 mil metros quadrados é de propriedade de Celso Aparecido Fidélis. A propriedade não cumpre função social e  possui diversas irregularidades com a municipalidade.

 As famílias da Comunidade Mandela já demonstraram interesse em negociar a área, com o proprietário para adquirir em forma de cooperativa popular ou programa habitacional. Fidélis ora manifesta desejo de negociação, ora rejeita qualquer acordo de negócio.

Mas o proprietário  e a municipalidade  – por intermédio da COAB (Cia de Habitação Popular de Campinas) – estão negociando diretamente, sem a participação das famílias da Comunidade Mandela que ficam na incerteza do destino.

As famílias querem ser ouvidas

Durante o ato, uma comissão de moradores  da Ocupação conseguiu ser liberada  pelo contingente de Guardas Municipais que fazia  pressão sobre os manifestantes , em sua grande maioria formada pelas mulheres  da Comunidade com seus filhos e filhas. Uma das características da ocupação é a liderança da Comunidade ser ocupada por mulheres,  são as mães que  lideram a luta por moradia.

A reunião com o presidente da COAB de Campinas  e  Secretário de  Habitação  – Vinícius Riverete foi marcada para o dia 28 de setembro.

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Ação Humanitária

Vítimas da Covid-19 e seus familiares recebem homenagem e solidariedade

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Em Campinas, interior de SP, coletivo se organiza contra o apagamento da memória  das verdadeiras vítimas da pandemia

Hoje,  05 de setembro, aconteceu pela  manhã  no centro da cidade  o “Ato Vidas Interrompidas” promovido  pelo   Coletivo 1000vidas. O  ato foi planejado para evitar aglomeração e foi transmitido ao pela página https://tv.socializandosaberes.net.br,    com  falas e intervenções artísticas  que iniciaram no Largo do Rosário .

Ato Vidas Interrompidas – Campinas-05-09-2020 Foto: Fabiana Ribeiro

Na sequência, os participantes seguiram em cortejo para a Praça Bento Quirino . Na praça – marco zero da cidade – está localizado o monumento-túmulo de Carlos Gomes, que  recebeu uma instalação artística com o intuito de homenagear às vítimas do Covid-19. Dessa forma foram colocados mil laços de fitas representando cada vida perdida para a doença, na cidade de Campinas.

Ato Vidas Interrompidas – Campinas-05-09-2020 Foto: Fabiana Ribeiro

Na  semana passada, Campinas superou as 1000 mortes confirmadas, sendo o 11º município brasileiro com mais óbitos causados pela Covid-19.
 Campinas ainda tem mais óbitos pela doença que 15 capitais de estado do Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, entre elas Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, que são mais populosas e que têm 969, 944 e 663 mortes confirmadas, respectivamente.

Ato Vidas Interrompidas – Campinas-05-09-2020 Foto: Fabiana Ribeiro

O coletivo

O Coletivo 1000vidas nasceu da indignação de algumas pessoas com o apagamento da memória de amigos, familiares, conhecidos e cidadãs/ãos que estão morrendo ou sofrendo com o Covid-19 sob um manto de apatia de governantes e de parte da imprensa que nos têm tratado como estatísticas de adoecimentos e mortes aceitáveis frente às necessidades da economia e do mercado.  Movido pelo sentimento incômodo da indignação, o  coletivo propõe ações  que desvelem as narrativas   das famílias e as dores de suas perdas e pretende realizar diversas outras  atividades , uma das propostas é um Memorial Virtual  na forma de uma página na internet dando voz e prestando  homenagens, a quem partiu e a quem sofre por estas vidas interrompidas prematuramente. O memorial conta com apoio do Conselho Municipal de Saúde de Campinas.

 Integram o coletivo mais de 40  movimentos organizados de trabalhadores, sociais, culturais e outros.

Mais retomada de atividades e número de vítimas continua crescendo

No dia 02 de setembro, o Prefeito de Campinas – Jonas Donizette (PSB) assinou o decreto que autoriza a retomada de atividades culturais, como museus, cinemas e teatros, além de permitir eventos, convenções e serviços de bufê adulto, a partir de 04 de setembro .

A Prefeitura de Campinas (SP) informou, neste sábado (5), que foram confirmadas mais 10 mortes por novo coronavírus, além de outros 344 casos. Com isso, a cidade chegou a 1.069 óbitos provocados pela covid-19, e 29.327 moradores infectados.

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Campinas

Em meio à Pandemia a Comunidade Mandela amanhece com ameaça de despejo

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O dia de hoje (31/08) será decisivo para as 108 famílias que vivem na área ocupada na região do Jardim Ouro Verde em Campinas, interior de São Paulo.  Assim sendo, o último dia do mês de agosto, a data determinada como prazo final para que os moradores sem-teto deixem a área ocupada, no Jardim Nossa Senhora da Conceição.   A comunidade está muito apreensiva e tensa aguardando a decisão do juiz  Cássio Modenesi Barbosa – da 3ª Vara do Foro da Vila Mimosa que afirmou só se manifestar sobre a suspensão ou não do despejo na data final, tal afirmativa só contribuiu ainda mais para agravar o estado psicológico e a agonia das famílias.

A reintegração é uma evidente agressão aos direitos humanos  dos moradores e moradoras  da ocupação, segundo parecer socioeconômico  do Núcleo  Habitação da Defensoria Pública do Estado de São Paulo . As famílias não têm para onde ir e cerca de entre as/os moradoras/es estão 89 crianças menores de 10 anos, oito adolescentes menores de 17 anos, dois bebês prematuros, sete grávidas e 10 idosos. 62 pessoas da ocupação pertencem ao grupo de risco para agravamento da Covid-19, pessoas idosas e com doenças cardiológicas e respiratórias, entre outras podem ficar sem o barraco que hoje as abriga.

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara de Campinas e o Ministério Público (MP-SP) se manifestaram em defesa do adiamento da reintegração durante a pandemia. A Governo Municipal  também  se posicionou favoravelmente  a permanência após as famílias promoverem três atos de protesto. Novamente  a  Comunidade  sofre com a ameaça do despejo. As famílias ocupam essa área desde 2017 após sofrem uma reintegração violenta em outra região da cidade.

As famílias

Célia dos Santos, uma das lideranças  na comunidade relata:

“ Tentamos várias vezes propor  a compra do terreno, a inclusão das famílias em um programa habitacional, no processo existem várias formas de acordo.  Inclusive tem uma promessa que seriam construídas unidades habitacionais no antigo terreno que ocupamos e as famílias do Mandela  seriam contempladas. Tudo só ficou na promessa. Prometem e deixam o tempo passar para não resolver. Eles não querem. Nós queremos, temos pressa.  Eles moram no conforto. Eles não têm pressa”

Simone é mulher negra, mãe de cinco filhos. Muito preocupada desabafa o seu desespero

“ Não consigo dormir direito mais. Eu e meu filho mais velho ficamos quase sem dormir a noite toda de tanta ansiedade. Estou muito tensa. Nós não temos para onde ir, se sair daqui é para a rua. Eu nem arrumei  as  coisas porque não temos nem  como levar . O meu bebê tem problemas respiratórios e usa bombinha, as vezes as roupinhas dele ficam sujas de sangue e tenho sempre que lavar. Como vou fazer?”

Dona Luisa é avó, mulher negra, trabalhadora doméstica informal e possui vários problemas de saúde que a coloca no grupo de risco de contágio da covid-19. Ela está muito apreensiva com tudo. Os últimos dias têm sido de esgotamento emocional e a sua saúde está abalada. Dona Luisa está entre as moradores perderam tudo o que possuíam durante a reintegração de posse em 2017. A única coisa que restou, na ocasião, foi a roupa que ela vestia.

“ Com essa doença que está por aí  fica difícil  alguém querer dar abrigo  para a gente. Eu entendo as pessoas. Em 2017 muitos nos ajudaram e eu agradeço a Deus. Hoje será difícil. E eu entendo. Eu vou dormir na rua, junto com meus filhos e netos.
Sou grupo de risco, posso me contaminar e morrer.
E as minhas crianças? O quê será das crianças? Meu Deus! Nossa comunidade tem muitas crianças. Esses dias minha netinha me perguntou onde iríamos morar? Eu me segurei para não chorar na frente dela. Se a gente tivesse para onde ir não estaria aqui. Não é possível que essas pessoas não se sensibilizem com a gente.
Não é possível que haja tanta crueldade nesse mundo.”

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