#JORNALISTASLIVRES CONTRA O GOLPE DO IMPEACHMENT

Foto: Giovanna Consentini

Esta rede de #JornalistasLivres nasceu às vésperas das manifestações de 15 de março de 2015 — quando a extrema-direita tomou as ruas do Brasil, apoiada pela Globo e outros grupos de mídia.

Surgimos para oferecer outra narrativa sobre o confronto que começou a se desenhar no horizonte naquele momento, e que agora assume ares dramáticos.

 Lina Marinelli para cobertura da manifestação pelos direitos das mulheres

De lá pra cá, mostramos que a corrupção no Brasil não surge só da relação promíscua entre estatais e empreiteiras — que financiam todos os principais partidos políticos no país.

Corrupção é PM bater em professor no Paraná. Corrupção é faltar água nas periferias de São Paulo. Corrupção é governador tentar fechar escola. Corrupção é o machismo, o racismo, a homofobia, a transfobia. Corrupção é a especulação imobiliária, que deixa famílias ao relento da esperança. E corrupção — também — é a velha mídia comercial não denunciar isso tudo, por conta de seus compromissos com o poder econômico.

De março pra cá, a extrema-direita ocupou espaços no Parlamento, ganhou mais força na mídia e agora marcha em direção a um golpe parlamentar.

Nós, #JornalistasLivres, dizemos desde sempre não à corrupção, não à desigualdade. E dizemos, agora, não ao golpe do impeachment!

Pesquisa de popularidade não é urna, e queda de aprovação não é motivo pra se derrubar governo.

O voto e a Constituição devem ser respeitados.

Há muitas razões para dizer não ao impeachment de Dilma — eleita pela maioria do povo brasileiro.

Foto: Fernando Sato para matéria sobre movimento de moradia

Primeiro: não há base jurídica para se tirar a presidenta do cargo.

O pedido de impedimento, assinado por um ex-ministro tucano e um ex-petista contestado até pelos filhos, é inepto juridicamente. Lista supostas irregularidades cometidas por Dilma no mandato anterior — o que (dizem todos os juristas sérios) não poderia ser levado em conta para suspender o atual mandato. E cita ainda supostas “pedaladas fiscais” de Dilma em 2015 (um remendo de última hora, incluído no pedido de impeachment, diante das críticas advindas da academia e de advogados renomados).

Ora, 2015 não acabou. E não houve sequer o julgamento das contas no TCU! Além do mais “pedalada” não é motivo para derrubar presidente.

O impeachment, portanto, não se sustenta tecnicamente. Mas a falta de conteúdo jurídico é apenas parte do problema.

Dizemos não ao impeachment, também e sobretudo, porque ele é fruto de vingança pessoal, perpetrada pelo presidente da Câmara dos Deputados.

Foto: Vinícius Carvalho para reportagem sobre a Marcha das Mulheres Negras

Acusado de ter contas na Suiça, e sob risco de perder o cargo e ir pra cadeia, Eduardo Cunha abriu o processo contra Dilma algumas horas depois de o PT anunciar que votaria pela cassação do mandato dele.

O impeachment não poderia ser, jamais, instrumento de barganha ou vingança.

Nós, #JornalistasLivres, exigimos o imediato afastamento de Cunha do cargo, e alertamos: a permanência desse personagem nefasto, no comando de um dos poderes da República, é uma ameaça à Democracia.

Foto: Fernando Sato para matéria sobre escolas ocupadas

Por último, o impeachment deve ser combatido porque se transformou num atalho para que os derrotados de 2014 cheguem ao poder. Sem voto do povo, o PSDB e seus aliados conspiram abertamente com o vice-presidente Michel Temer.

Isso é corrupção! Tramar contra a Democracia, desrespeitar as regras democráticas e atropelar a Constituição é corrupção tão grave como a cometida por aqueles que roubam os cofres públicos.

À frente do impeachment, está uma coalizão de interesses contrários ao Brasil e à imensa maioria de nosso povo.

À frente do pedido de impeachment estão privatistas e políticos ligados a grupos internacionais que querem controlar o Estado e entregar o Pré-Sal.

Ressaltamos, ainda, que o governo legítimo de Dilma Rousseff e as forças que o apóiam terão mais chance de combater o golpe se deixarem de lado as medidas liberais adotadas desde janeiro de 2015, assumindo claramente o programa vitorioso nas urnas em 2014.

Foto: Paulo Ermantino para matéria sobre redução da maioridade penal

Nós, #JornalistasLivres, manifestamos nosso repúdio ao golpe parlamentar em curso e damos nosso apoio decidido, e integral, para que se cumpra o mandato popular referendado pelas urnas.

Tramar contra a Democracia é a pior forma de corrupção!

Basta de corrupção!

Fora Cunha!

Dilma fica!

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