Conecte-se conosco

Manifestações

Jornalistas Livres são questionados pela Tropa de Choque após conversa com casal que foi abordado pela Força Tática

Publicadoo

em

Por Kátia Passos, especial para os Jornalistas Livres

São Paulo, 9 de janeiro –  Ontem, após o ato contra o aumento das tarifas em SP, presenciamos uma abordagem policial extremamente violenta com um casal que passava pela rua 7 de abril, no centro da capital.

Cerca de dez homens da Força Tática entraram na via e, ali, ficaram enfileirados em frente a um bar lotado de jovens que curtiam a noite paulistana.

As pessoas que estavam no bar não entendiam nada. A música alta, a cerveja na mesa e a alegria do local não combinavam com as armas em punho e os olhares raivosos dos policiais ali parados. Os dois lados pareciam aguardar um bombardeio desses típicos de guerra no oriente médio, tal qual já havia ocorrido minutos antes, na av. 23 de maio, quando a polícia iniciou uma forte repressão aos manifestantes e black blocs que marchavam durante o protesto contra o aumento das tarifas de transporte.

O fato é que o casal (que pediu para não ser identificado) saía da manifestação em direção ao metrô quando foram parados. Inicialmente, um policial sem identificação pediu que o rapaz encostasse na mureta em obras da rua, revistou mochila e pediu seu documento. Até aí, “procedimento normal”. A questão é que, enquanto isso, a moça que o acompanhava foi jogada na porta de um comércio e agredida fisicamente e verbalmente por outros três policiais que faziam parte da “operação”. Empurrões, chutes e apertões fizeram parte do tratamento dado a jovem pela polícia, enquanto o rapaz era isolado do outro lado da calçada. Vadia, maconheira e outras palavras eram ditas à ela em tom de ironia e no ritmo da música que tocava ali no bar. Tudo em tom sarcástico e maldoso.

Nós, Jornalistas Livres, filmávamos tudo ali. E nem assim o contingente se intimidou. Pareciam estar cegos e insanos por violência gratuita.


O casal foi liberado e fomos conversar com eles para entender melhor o que havia ocorrido. Terminada a conversa nós partimos em direção à Praça Roosevelt, onde mais conflitos e repressões aconteciam. Eu e os colegas Fernando Sato e Ligia Roca fomos parados, desta vez, não pela Força Tática, mas pela Tropa de Choque – aqueles com toucas ninja.

Fecharam um círculo com 8 homens ao nosso redor e ali se iniciou uma nova abordagem. Pediram documentos de Sato e Roca. Eu fiquei sofrendo “apenas” a pressão psicológica de aguardar (sob a mira de metralhadoras) os outros dois colegas serem abordados e revistados e terem seus documentos anotados pelos “ninjas”.

2016 já começa com a continuidade de abordagens truculentas e desmedidas, temperadas pelo despreparo da polícia. A mesma que invadiu escolas nas ocupações contra a reorganização que feriu gravemente manifestantes e jornalistas em junho de 2013 com o apoio da secretaria de segurança pública e do governador Geraldo Alckmin. Só que desta vez, o vale a pena ver de novo da violência policial tem continuidade com mais força do que antes. Se nas ruas do centro o tom é esse, nem podemos imaginar qual é o tamanho da repressão dessa mesma polícia nas periferias contra pobres e negros. A palavra de ordem nas ruas e extremos da cidade neste ano realmente dá indícios de que será “salve-se quem puder!”

Continue Lendo
1 Comment

1 Comments

  1. hb cwb

    10/01/16 at 11:13

    Arbitrariedade, truculência intimidação, repressão, simulações de flagrantes, cerceamento da liberdade de imprensa e manifestação são algumas das práticas das polícias, criadas, treinadas e incentivadas a praticar a violência desproporcional e irracional de estado!

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Belo Horizonte

Marcha das Vadias – Por um mundo de respeito a todas as mulheres

Publicadoo

em

 

Fotografia: Sô Fotocoletivo

 

 

Marcha do que ? DAS VADIAS! Mas isso é xingamento! Sim… assim como puta, piranha, biscate ou “novinha”. Se as mulheres são seres marcados e oprimidos pela sociedade machista e patriarcal, que elas possam se remarcar e ser o que quiserem ser: bela, recatada, do lar (aff)! Mas também puta, da rua, da luta.

E não é não!
E marcharemos. Marcharemos até que todas sejamos livres.

 


A Marcha das Vadias surgiu em 2011, depois que o policial – segurança de uma universidade em Toronto, no Canadá, disse “para as vadias se comportarem para não ser atacadas”. Ele se referia à onda de estupros que estava ocorrendo lá. As vadias eram as mulheres vítimas dos ataques. O caso indignou as mulheres, que criaram a Marcha das Vadias para denunciar a Cultura do Estupro. Ela existe, não adianta negar. Assim como o machismo, e precisa ser extinta. A pauta é das mais urgentes.

A cada minuto uma mulher é violentada no Brasil. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e são assustadores. No mês seguinte ao caso de Toronto, as mulheres no Brasil passaram a marchar também. Em vários países elas marcham contra a Cultura do Estupro.

 


O ato começou espremido na Praça da Estação, pois o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, alugou a praça pública e assim “ela é privada hoje e não pública”, como disse o funcionário que ajudava na desmontagem da estrutura que havia no local. Na saída da Marcha das Vadias, o batuque do Bloco Bruta Flor e Tambores de Luta foi abafado por um som ligado bem na hora na tal estrutura. Estávamos ali há mais de uma hora e nada de som até ali. Coincidência não?

Mas marchamos.

Marchamos por respeito a vida de todas as mulheres.

 

 

Marchamos pelo fim da Cultura do estupro. Pela legalização do aborto. Pela igualdade. Pela maternidade como escolha, e não imposição. Pela vida de todas as mulheres. Marchamos contra o golpe em curso e em repúdio a políticos corruptos, machistas e homofóbicos:”Ei Temer, não sou da sua laia. Fora Cunha, Bolsonaro e Malafaia”.
E marchamos. Denunciamos. Brigamos. Piadas machistas não podem mais ser toleradas. É preciso revidar. Um homem não pode afirmar que uma mulher gosta de “piroca”. Isso é invasão, é desrespeito, é a cultura do estupro no seu sentido mais “desenhado”. E não, você não diz o que a novinha quer, só ela sabe e o querer é dela.

 

 

Tinha mulher vestida de todo jeito, e inclusive com pouca roupa. E não era um convite. “Tô de minissaia. Não te devo nada!”. A marcha terminou na Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte. Local conhecido por abrigar muitas casas de prostituição, havia muitos homens ali, e foi ali que rolou olhares furtivos e piadas machistas. A marcha das vadias também é pelas putas. É por todas as Mulheres.

Continue Lendo

Campinas

Parada LGBT resiste mesmo sem apoio oficial e atrai milhares às ruas de Campinas

Publicadoo

em

O domingo (26) na cidade de Campinas teve suas ruas tomada de cores, pessoas, alegria, música e protesto. A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas, neste ano, tem como tema “Diga sim à educação e não à transfobia. Intolerância: o vírus mais assassino. Contra qualquer forma de opressão” . O tema, segundo Douglas Holanda, um dos organizadores é um alerta a todo e qualquer tipo de intolerância”.

A luta contra a incompreensão do segmento LGBT sofre no seu dia-a-dia se estendeu aos órgãos públicos. A Polícia Militar e o Ministério Público aconselharam a Prefeitura a não apoiar a Parada por falta de segurança. A Prefeitura também já havia sinalizado a insuficiência de recursos para colaborar com a Parada, assim como vem fazendo há alguns anos. O impasse aconteceu na semana passada, faltando poucos dias para o evento.

Segundo Lúcia Costa, integrante do Aos Brados e da Comissão da Parada LGBT de Campinas: “A Prefeitura nos desrespeitou ao acatar o Ministério Público, não lutou por nós, não pensou em nós. Ela se negou a dar banheiros químicos, segurança para as pessoas se recusando a pagar horas extras para a Guarda Municipal e Saúde. É um retrocesso e desrespeito ao movimento. É um movimento pacífico que leva grande número de pessoas, não há uma agressão. É menos violento que qualquer dérbi. O ato mais agressivo é um travesti retocando seu batom”.

Mesmo com a falta do apoio público, a Organização da Parada se articulou e conseguiu ajuda para que acontecesse a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas. Mais de 20 mil pessoas acompanharam os dois trios elétricos, durante o trajeto pelas ruas centrais da cidade com muita  animação.

Várias pessoas residentes, na área central, acompanharam a Parada das janelas dos apartamentos,  algumas acenavam para os Trios Elétricos, na Avenida Francisco Glicério houve chuva de papel picado vinda dos prédios.

Encerrando o trajeto, a multidão que acompanhava lotou as praças do Largo do Rosário e Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).

Este ano a concentração da 16ª edição da Parada foi ao lado do Fórum, na Avenida Dr. Campos Sales. De lá, a multidão subiu a Avenida Francisco Glicério até Dr. Moraes Sales, seguiu até o cruzamento com a Rua Irmã Serafina, continuando pela Avenida Anchieta até a Avenida Benjamin Constant. Ao retornarem à Avenida Francisco Glicério, o grupo seguiu até o Largo do Rosário.

A manifestação transcorreu pacífica até por volta das 20h, quando, segundo relatos a Polícia Militar  quis dispersar as pessoas que ainda estavam pelo centro da cidade. A concentração era na Praça Bento Quirino, um local habitualmente frequentado pela comunidade LGBTQ+.  Ainda segundo os relatos, a PM usou gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borrachas para dispersar as pessoas. Algumas pessoas ficaram feridas e foram socorridas por populares durante a ação truculenta da Polícia.

Continue Lendo

Campinas

A cidade de Campinas amanhece com faixas de denúncia ao Prefeito Jonas Donizette.

Publicadoo

em

Campinas amanhece com faixas de denúncia contra governo de Jonas Donizette espalhadas pela cidade.

Nesta quinta-feira (30/06), mesmo dia em que a prefeitura inaugura a conclusão das obras da avenida Francisco Glicério, agentes culturais espalharam pela cidade faixas com uma série de críticas à gestão de Jonas Donizette (PSB).

Faixas laranjas foram fixadas em pontilhões e passarelas localizados em pontos de intensa circulação e fluxo de pessoas. A má gestão dos recursos, o atraso de pagamentos, a terceirização de serviços públicos que prejudica o atendimento à população, o descaso em relação à criação do conselho municipal de cultura, cuja lei não foi encaminhada à câmara e está parada há dois anos, e a recente repressão ao movimento LGBT ocorrida no final de semana, foram temas criticados pelas faixas.

Assim como no dia 8 de junho, em que faixas semelhantes foram estendidas das janelas do 15º andar da prefeitura, onde se localiza a Secretaria de Cultura, as faixas espalhadas pelos viadutos e passarelas na manhã de hoje trouxeram como assinatura apenas o termo “#cultura”, e até o momento a autoria não foi assumida por nenhum movimento específico da cidade.

 

Continue Lendo

Trending