Sue Branford foi convidada a participar de um painel sobre Mídia, Percepção e a Consolidação da Democracia Brasileira na Brazil Forum, conferência de um dia para discutir temas ligados à atual crise política brasileira, e dividiu a mesa com Otávio Frias Filho, do grupo Folha e Silvia Salek, da BBC Brasil em Londres.
Em sua fala, Sue fez duras críticas à grande mídia do Brasil, citando a concentração de propriedade da mídia nas mãos de poucas famílias, todas bastante conservadoras, e a manipulação de notícias por esses veículos, seja por dar maior ênfase a algumas notícias, por omitir outras notícias e por editar e fazer coberturas de forma a distorcer a realidade. Durante sua apresentação ela usou dados de um relatório do Repórteres Sem Fronteiras sobre a mídia no Brasil e citou outras organizações e analistas que estudam o tema. Ela também relatou fatos que ela lembra de quando esteve no Brasil, como a notória edição do debate entre os candidatos à presidência em 1989, Lula e Collor, na véspera da eleição, feito pela Rede Globo, mostrando os piores momentos de Lula e os melhores de Collor.
Ao terminar sua fala, quando foi bastante aplaudida, o mediador do debate concedeu direito de resposta a Otávio Frias, pois a Folha havia sido citada.
Otávio então partiu para um ataque pessoal contra a conceituada jornalista inglesa
Ele a descreditou como jornalista dizendo que ela agia como a militância do PT e que sentia falta na mesa de alguém da militância do PSDB, papel que ele não poderia fazer pois vinha de uma escola de jornalismo onde o jornalista deve “ser crítico a todas as fontes de poder, cabe ao jornalista se desengajar, se distanciar, e adotar uma visão de crítica erga omnes” (em relação a todos)
Sue Branford já morou no Brasil em duas ocasiões, quando foi correspondente da BBC, do Guardian, do Financial Times e do Times, e foi analista da BBC para a América Latina durante dez anos. Atualmente é editora do Latin America Bureau (LAB), agência de notícias independente sobre a América Latina.
O Brazil Forum foi uma conferência de dois dias que aconteceu em 17 e 18 de junho e propunha um debate sobre a atual crise política do Brasil. O evento foi organizado por estudantes brasileiros de várias universidades britânicas e contou com a participação de dezenas de especialistas e acadêmicos de várias áreas, entre eles o ex-ministro Celso Amorim, o ministro do STF Luis Roberto Barroso e o procurador do MPF Deltan Dallagnol.Sue Branford foi convidada a participar de um painel sobre Mídia, Percepção e a Consolidação da Democracia Brasileira na Brazil Forum, conferência para discutir temas ligados à atual crise política brasileira, e dividiu a mesa com Otávio Frias Filho, do grupo Folha e Silvia Salek, da BBC Brasil em Londres.
Em sua fala, Sue fez duras críticas à grande mídia do Brasil, citando a concentração de propriedade da mídia nas mãos de poucas famílias, todas bastante conservadoras, e a manipulação de notícias por esses veículos, ao dar maior ênfase a algumas notícias e completamente omitir outras e ao fazer edições e coberturas de forma a distorcer a realidade. Durante sua apresentação ela mencionou informações de um relatório do Repórteres Sem Fronteiras sobre a mídia no Brasil e citou dados levantados por outras organizações e analistas que estudam o tema. Ela também relatou fatos que ela lembra de quando esteve no Brasil, como a notória edição que a Rede Globo fez do debate entre os candidatos à presidência em 1989, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor, na véspera da eleição, onde foram mostrados os piores momentos de Lula e os melhores de Collor.
Ao terminar sua fala, quando Sue foi bastante aplaudida, o mediador do debate concedeu direito de resposta a Otávio Frias, já que a Folha havia sido citada.
Otávio então partiu para um ataque pessoal contra a conceituada jornalista inglesa.
Ele a descreditou como profissional dizendo que ela agia como a militância do PT e que sentia falta na mesa de alguém da militância do PSDB, papel que ele não poderia fazer pois vinha de uma escola de jornalismo onde o jornalista deve “ser crítico a todas as fontes de poder, cabe ao jornalista se desengajar, se distanciar, e adotar uma visão de crítica erga omnes” (em relação a todos).
Sue Branford já morou no Brasil em duas ocasiões, quando foi correspondente da BBC, do Guardian, do Financial Times e do Times, e foi analista da BBC para a América Latina durante dez anos. Atualmente é editora do Latin America Bureau (LAB), agência de notícias independente sobre a América Latina.
O Brazil Forum foi uma conferência de dois dias que aconteceu em 17 e 18 de junho e propunha um debate sobre a atual crise política do Brasil. O evento foi organizado por estudantes brasileiros de várias universidades britânicas e contou com a participação de dezenas de especialistas e acadêmicos de várias áreas, entre eles o ex-ministro Celso Amorim, o ministro do STF Luis Roberto Barroso e o procurador do MPF Deltan Dallagnol.
Mais informações sobre o evento podem ser encontradas no link http://brazilforum.co.uk/index.php/speakers/
O site oficial do LAB está em www.lab.org.br e sua página do facebook em https://www.facebook.com/latinamericabureau
A resposta do sr. Otávio Frias à fala da jornalista Sue Brandford está carente de um comentário maior por outros jornalistas. Mas vou expor meu pensamento sobre o que entendi do vídeo. Num primeiro momento, o que se percebe é que o sr. Otávio Farias ficou bastante aborrecido com o texto da jornalista Brandford. E então sua resposta foi dar um”puxão de orelhas” na palestrante companheira de mesa, insinuando uma militância política da jornalista; e em seguida, solicitando a presença, para que a Mesa ficasse equilibrada, segundo o que se pode entender de suas palavras, de alguma outra pessoa que fizesse a militância de um partido de oposição, o PSDB. Assim compreendi. O que, absolutamente, não faz o menor sentido como resposta ao texto apresentado pela jornalista inglesa. É inadequado e deselegante. Alegou que o fato de a mídia jornalística ser de uma família , como é o caso da sua própria família e sua propriedade – a Folha de São Paulo- não é absolutamente algo que possa depreciar ou descaracterizar uma mídia. E cita, em seguida, o caso da Carta Capital, uma publicação semanal, outro exemplo de mídia como uma empresa familiar. E eu concordo com ele que de fato,em princípio, não é problemático se ter uma imprensa cujos donos constituem uma família. Isto, porém, se pararmos a discussão neste ponto. E é o que ele faz. Ele não se propõe a dizer, ele omite o fato de que no Brasil, os grandes jornais, a televisão mais poderosa, as revistas que mais circulam são de grupos familiares ricos e poderosos que, em conjunto atuam, para sustentarem os interesses desses grupos de donos da grande imprensa brasileira; e agem, no seu fazer jornalístico, de modo a buscar um consenso da população geral, em torno ao que esses grupos consideram ser o certo e o errado, o que é melhor para a sociedade brasileira, o que deve ser levado em considerado na análise política do pais, o (s) partido (s) que melhor responderia (riam) ás necessidades da grande nação brasileira.
E esta grande nação brasileira não é constituída somente das populações abastadas, das grandes cidades, dos grandes centros, das regiões mais ricas, hoje, mas também do Brasil interiorano, do Brasil pobre, sem políticas pensadas e dirigidas para eles. Do Brasil que nem se conhece, de tão grande e tão isolados são os diversos agrupamentos sociais que habitam o solo brasileiro. Ele esquece de dizer que o Brasil não tem outras grandes empresas tão poderosas quanto eles mas que se filiem a outros modos de pensar sobre a sociedade brasileira, sobre as sociedades humanas em suas relações políticas, sociais, culturais, outros arranjos que possibilitem a um maior número de pessoas um nível de vida menos degradante do que o que ainda se vê, apesar das melhoras mais recentes, em solo brasileiro; um modo mais digno para todos e pelo qual outros grupos lutam para sua realização. O Sr. Otávio Frias esquece de comentar sobre essa desigualdade na oferta de textos jornalísticos, impressos ou simplesmente ouvidos, na televisão. Esquece que temos pouco divulgadas as contranarrativas ao que é posto por este grupo maior a que ele pertence, com sua Folha de São Paulo. Esquece, inclusive, do exemplo dado pela jornalista, de quando, no Amazonas, ela presenciou unicamente uma rede de televisão a dar informações sobre a política brasileira. Suas ponderações sobre não acreditar que a midia possa moldar o pensamento dos leitores, dos ouvintes das publicações difundidas deve soar bem quando se tem um panorama em que todos os sujeitos alvos do processo da leitura e da audição são contemplados por diversos enfoques e pela possibilidade de comparar uma narrativa a outra, sobre o fato que vai virar notícia no jornal, impresso ou falado, ou na revista. E daí então tomar sua posição.
Mas isso não acontece para a maioria da população brasileira.
Bom dia. Sue Branford:
— “You will be sued by me.”
Saudações “#FicaDilma, #ForaTemerGolpsista; resistir, lutar até o fim. Se todos lutarmos, os golpistas abrem“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.
A data 25 de outubro ficará marcada para sempre na história do Chile. Em 2019, foi o dia em que mais de 1,2 milhão de pessoas saíram às ruas para exigir um país mais digno. Um ano depois dessa manifestação, a maior do país, no dia 25 de outubro de 2020 os chilenos decidiram enterrar o último legado da ditadura de Augusto Pinochet: a Constituição de 1980.
Por Amanda Marton Ramaciotti, jornalista brasileira-chilena
No domingo, milhões de chilenos votaram em um plebiscito sobre escrever ou não uma nova Carta Magna, uma medida que nasceu como uma saída política à crise social iniciada em 2019. O resultado foi avassalador: 78,27% da população aprovou a iniciativa, contra 21,73% que a rejeitou.
Além disso, 78,99% dos votantes disse que quer que a nova Constituição seja redigida por uma Convenção Constituinte formada por 155 membros eleitos pela sociedade; versus um 21,01% que expressou que preferia uma Convenção Mista, formada por 172 membros, a metade deles legisladores e o restante constituintes.
A comemoração durou horas. Em Santiago, milhares de pessoas foram a pé, de carro e de bicicleta em caravana até a avenida principal da capital e à praça central (antes conhecida como Praça Itália e agora, pelas manifestações, chamada popularmente de “Praça Dignidade”). Bandeiras do Chile e cartazes com as palavras “adeus, general” (em referência ao Pinochet) eram vistos em várias ruas.
Nova Constituição: chance de o Chile renascer – @delight_lab_oficial
A sensação era de um êxtase coletivo. “Ainda não consigo acreditar no que está acontecendo… Mais do que isso, é impossível dimensionar tudo que conseguimos”, me disse uma manifestante. Em um dos edifícios emblemáticos de Santiago, foi possível ler uma grande projeção com a palavra “Renasce”.
“Para mim, é o começo de uma nova era”, comentou um jovem que estava comemorando os resultados do plebiscito.
Ele tem razão. Apesar de que a Carta Magna “do Pinochet” —escrita pelo advogado constitucionalista e ideólogo da direita chilena Jaime Guzmán—, sofreu alterações durante a democracia, manteve vários dos seus aspectos principais. Ela continuou sendo a base do modelo neoliberal chileno que se adentrou na saúde, educação e sistema de aposentadoria, e também impedia grandes reformas estruturais pela exigência de um quórum de dois terços ou três quintos que, na prática, sempre foi muito difícil de ser alcançado.
O novo ciclo
A decisão de escrever uma nova Carta Magna encerra um ciclo doloroso para milhares de pessoas que foram vítimas da ditadura do Pinochet, uma das mais sangrentas na América Latina, e também para tantas outras que até agora vivem em um país desigual devido, em grande parte, às disposições da atual legislação. O ciclo que começa agora é cheio de esperanças, mas também repleto de desafios.
O presidente Sebastián Piñera, quem em nenhum momento do processo deixou claro qual era o seu voto, disse domingo de noite que o plebiscito “não é o fim, é o começo de um caminho que juntos deveremos percorrer para escrever uma nova Constituição para o Chile. Até agora, a Constituição nos dividiu. A partir de hoje todos devemos colaborar para que a nova Constituição seja o grande marco de unidade, de estabilidade e de futuro do país”.
Ainda são poucas as definições que já foram tomadas sobre como será a assembleia constituinte. Sabemos que, em abril de 2021, os chilenos voltarão às urnas para escolher os 155 cidadãos que serão parte do processo. Sabemos que ela estará formada de forma paritária por homens e mulheres (algo inédito no país). Mas ainda falta uma série de decisões, como se poderão participar do processo pessoas que não estejam associadas a partidos políticos e se o órgão terá assentos reservados para os povos originários.
A assembleia contará com até 12 meses para redigir uma nova Carta Magna, cujas normas deverão ser aprovadas por dois terços dos integrantes. Esta será submetida a outro plebiscito, cuja participação será obrigatória.
Esse ponto é o que desperta mais dúvidas na sociedade. É que o plebiscito do domingo passado foi de caráter voluntário, e acudiram às urnas um total de 7,5 milhões de chilenos dos mais de 14 milhões habilitados para votar. Apesar de ter sido a participação mais alta da sociedade desde 2012, quanto o sufrágio começou a ser optativo no país, a votação do dia 25 de outubro não deixa claro qual será o resultado final se as 6,5 milhões de pessoas que não participaram no domingo votarem em 2022.
Mas, como dizem por aqui, isso é uma decisão para o Chile do futuro. O Chile do presente quer comemorar. E tem motivos de sobra para isso.
O estádio nacional, um dos maiores centros de tortura durante a ditadura, neste domingo foi um dos lugares que recebeu mais votantes – Bárbara Carvajal (@barvajal)
Era uma demanda colocada por alguns setores da sociedade chilena há anos, mas foram os protestos de 2019 os que voltaram exigir a derrubada da Constituição de 1981, imposta pela ditadura militar de Augusto Pinochet. Agora, no domingo 25 de outubro, mais de 14 milhões de chilenos acudirão às urnas em um plebiscito histórico que decidirá se o país “aceita” (aprueba) ou “rejeita” (rechaza) uma nova Carta Magna. A votação foi pensada como um caminho político para aplacar a crise social que o Chile enfrenta.
Os ânimos estão à flor da pele. Nos muros, nas redes sociais, na mídia praticamente não se fala de outra coisa. Não é para menos, já que o plebiscito, inicialmente marcado para o dia 26 de abril, foi atrasado pelo governo devido à pandemia. Além disso, acontecerá somente uma semana depois do primeiro aniversário do chamado “estallido social”, iniciado em 18 de outubro de 2019, quando milhões de pessoas saíram às ruas para exigir um país mais igualitário. Mas a sociedade chilena -como tantas outras na América Latina e no mundo- está profundamente polarizada e, apesar de as pesquisas dizerem que a maioria votará pelo “aceita”, nada está definido.
Foto: Pablo Gramsch / Instagram: @active_grounds
Por um lado, o “apruebo” reúne intenções diversas, que vão desde exigir uma mudança no modelo neoliberal chileno até entregar mais direitos às mulheres, aos índios e às diversidades sexuais.
Alejandra Saez, uma trabalhadora independente, me disse que vai aprovar porque “se necessita uma mudança imediata, apesar de que o resultado chegue com o tempo, tomar a decisão de transformar o sistema já é um grande avanço”. “Quero que as novas regras validem o bem-estar das pessoas e não os cofres dos outros. Que não nos sintamos atacados pelo sistema”, afirmou.
Já o bioquímico Francisco Pereira me explicou que votará “apruebo” porque considera que é necessária uma “mudança drástica na atual Constituição, já que apesar de que outorga direito a serviços básicos, em nenhum momento garante o acesso a esses serviços, deixando muitos recursos principalmente nas mãos do mundo privado. Além disso, foi escrita para um contexto de desenvolvimento de país determinado muito diferente do atual, e é bastante rígida, o que dificulta que ela seja adaptada às atuais necessidades do Chile”.
Nas campanhas eleitorais, também é possível ver que muitos dos que pedem uma nova Constituição querem reformar as instituições encarregadas da segurança pública, já que, em 2019,pelo menos 30 pessoas morreram, milhares ficaram feridas e o Chile foi cenário de graves violações aos direitos humanos no marco dos protestos sociais, segundo Human Rights Watch, a ONU, entre outros. De acordo com o Instituto Nacional de Direitos Humanos, 460 pessoas sofreram lesões oculares durante as manifestações devido ao uso excessivo da força policial. Delas, pelo menos duas ficaram completamente cegas.
Por outro lado, Natalia C. (que pediu não ser identificada) aposta pelo “rechazo” porque considera que “não há necessidade de escrever uma nova Constituição inteira para realizar as reformas que o país precisa”. Nas redes sociais, as pessoas que chamam a votar por essa alternativa também dizem temer que o Chile se transforme em um país “caótico” e/ou “esquerdista”.
Além disso, muitos sinalizam que votar “apruebo” seria dar um aval à destruição de patrimônio que ocorreu no marco das mobilizações sociais. É que o metrô de Santiago, várias igrejas, ruas e estátuas foram parcialmente destruídos e/ou incendiados desde outubro de 2019, mas não há informação detalhada disponível sobre quem foram os responsáveis de cada um desses atos.
Foto: Pablo Gramsch / Instagram: @active_grounds
Muitos ainda estão indecisos. O microempresário Javier Baltra comentou que achava melhor votar nulo porque “ambas as opções estão cheias de problemas. Aprovar pode ser sinônimo de um Estado maior, e eu acho isso problemático para a economia. E rejeitar é deixar tudo como está até agora e não sei se isso é uma boa ideia”.
Além de escolher entre as opções “apruebo” ou “rechazo” uma nova Constituição, os chilenos devem votar se desejam que a eventual Carta Magna seja escrita por uma Convenção Constitucional formada por 155 constituintes eleitos ou por uma Convenção Mista de 172 membros (metade legisladores e metade cidadãos eleitos).
A LEI ATUAL
Qualquer pessoa que não conheça a história do Chile provavelmente se surpreenderá ao saber que um país como este tenha ainda uma Constituição que foi escrita na época da ditadura militar. “Nossa, mas é um país tão desenvolvido”; “como assim?”; “sério?” foram alguns dos comentários que recebi de amigos brasileiros quando contei sobre o que está acontecendo agora.
A Constituição atual foi aprovada em um questionado plebiscito realizado no dia11 de setembro de 1980, em plena ditadura do Pinochet, quando milhões de chilenos viviam sob o medo da repressão, sem registros eleitorais e com os partidos políticos dissolvidos. O texto foi escrito pelo advogado constitucionalista Jaime Guzmán, um dos maiores ideólogos da direita chilena, e que foi assassinado por um comando de ultraesquerda em 1991.
Ele foi escolhido por uma comissão designada pela ditadura. Posteriormente, a redação contou com a revisão e o apoio do Conselho de Estado e a Junta Militar, composta pelos máximos chefes do Exército e o diretor da polícia, que exercia como “poder legislativo”. Guzmán criou uma série de regras muito difíceis de alterar para perpetuar seu modelo econômico e político.
Como ele mesmo disse quando escrevia a Constituição, sua ideia era que, se os adversários chegassem a governar, eles se veriam “obrigados a seguir uma ação não tão distinta ao que alguém como nós gostaria (…) que a margem seja suficientemente reduzida para fazer extremamente difícil o contrário”.
Foto: Pablo Gramsch / Instagram: @active_grounds
Para realizar reformas à Carta Magna, Guzmán detalhou que é necessário alcançar um quórum de dois terços ou três quintos, segundo o caso, algo que, na prática, tem sido praticamente impossível de conseguir, porque nem o oficialismo nem a oposição conta com essa quantidade de votos.
Essa Constituição também instaurou um modelo econômico, político e social neoliberal, que se adentrou na educação e na saúde privada e um sistema de aposentadoria conhecido como AFP baseado na poupança individual e que no ano passado entregou aposentadorias pelo valor de 110.000 pesos chilenos (uns US$ 140). Esse sistema, hoje sumamente questionado pela população chilena, foi elogiado pelo Ministro de Economia do Brasil, Paulo Guedes, em várias ocasiões.
Se bem que o texto legal não estabeleça especificamente que a saúde, a educação ou o sistema de aposentadoria devam ser privados, na prática, sim, impõe princípios que limitam a ação do Estado e promove a atividade privada nesses setores. Por exemplo: não existe no Chile nenhuma universidade que seja gratuita.
Segundo analistas, a Constituição atual também é hierárquica e desconecta a cidadania do poder político, porque não inclui muitos mecanismos de participação.
Ao longo da sua história, sofreu duas modificações: a primeira, em 1989, ano do fim da ditadura, quando foi derrogado um artigo que declarava “ilícitos” a grupos que realizassem “violência ou uma concepção da sociedade do Estado ou da ordem jurídica de caráter totalitário ou fundada na luta de classes”. Outra, em 2005, quando depois de um grande acordo político o presidente socialista Ricardo Lagos conseguiu alterar outros aspectos, como que os comandantes em chefe das Forças Armadas passassem a estar subordinados ao poder civil, e a eliminação de senadores designados e vitalícios. Isto permitiu que em 2006 (há 14 anos!) o Senado fosse totalmente conformado por membros de eleição popular.
Agora, se a opção “apruebo” ganhar o plebiscito, o texto não só será modificado: a sociedade poderá dar adeus à chamada “Constituição do Pinochet”. Sem dúvidas, uma decisão histórica.
DECLARAÇÃO DE IMPRENSA DO EX-PRESIDENTE EVO MORALES Buenos Aires, 18 de outubro de 2020
Desde a cidade de Buenos Aires, neste dia histórico, domingo, acompanho nosso povo em seu compromisso com a pátria, com nossa democracia e com o futuro de nossa amada Bolívia, de exercer seu direito ao voto em meio aos acontecimentos em nosso País.
Saúdo o espírito democrático e pacífico com que se desenvolve a votação.
Diante de tantos rumores sobre o que vou fazer, venho declarar que a prioridade é exclusivamente a recuperação da democracia.
Quero pedir a vocês que não caiam em nenhum tipo de provocação. A grande lição que nunca devemos esquecer é que violência só gera violência e que com ela todos perdemos.
Por este motivo, conclamo as Forças Armadas e a Polícia a cumprirem fielmente o seu importante papel constitucional.
Diante da decisão do Tribunal Supremo Eleitoral de suspender o sistema DIREPRE (Divulgação de Resultados Preliminares) para ir diretamente para a apuração oficial, informo que, felizmente, o MAS possui seu próprio sistema de controle eleitoral e que nossos delegados em cada mesa irão monitorar e registrar cada ato eleitoral.
O povo também nos acompanhará nesta tarefa de compromisso com a democracia, como o fez tantas vezes, situação pela qual somos gratos.
É muito importante que todas e todos os bolivianos e partidos políticos esperemos com calma para que cada um dos votos, tanto das cidades como das zonas rurais, seja levado em conta e que o resultado das eleições seja respeitado por todos.
Neste domingo, no campo, nas cidades, no altiplano, nos vales, nas planícies, na Amazônia e no Chaco; em cada canto de nossa amada Bolívia e de diversos países estrangeiros, cada família e cada pessoa participará com alegria e tranquilidade na recuperação da democracia.
É no futuro que todos os bolivianos, inclusive eu, nos dedicaremos à tarefa principal de consolidar a democracia, a paz e a reconstrução econômica na Bolívia. Viva a Bolívia! Evo Morales
Helena Blanco
25/06/16 at 20:19
A resposta do sr. Otávio Frias à fala da jornalista Sue Brandford está carente de um comentário maior por outros jornalistas. Mas vou expor meu pensamento sobre o que entendi do vídeo. Num primeiro momento, o que se percebe é que o sr. Otávio Farias ficou bastante aborrecido com o texto da jornalista Brandford. E então sua resposta foi dar um”puxão de orelhas” na palestrante companheira de mesa, insinuando uma militância política da jornalista; e em seguida, solicitando a presença, para que a Mesa ficasse equilibrada, segundo o que se pode entender de suas palavras, de alguma outra pessoa que fizesse a militância de um partido de oposição, o PSDB. Assim compreendi. O que, absolutamente, não faz o menor sentido como resposta ao texto apresentado pela jornalista inglesa. É inadequado e deselegante. Alegou que o fato de a mídia jornalística ser de uma família , como é o caso da sua própria família e sua propriedade – a Folha de São Paulo- não é absolutamente algo que possa depreciar ou descaracterizar uma mídia. E cita, em seguida, o caso da Carta Capital, uma publicação semanal, outro exemplo de mídia como uma empresa familiar. E eu concordo com ele que de fato,em princípio, não é problemático se ter uma imprensa cujos donos constituem uma família. Isto, porém, se pararmos a discussão neste ponto. E é o que ele faz. Ele não se propõe a dizer, ele omite o fato de que no Brasil, os grandes jornais, a televisão mais poderosa, as revistas que mais circulam são de grupos familiares ricos e poderosos que, em conjunto atuam, para sustentarem os interesses desses grupos de donos da grande imprensa brasileira; e agem, no seu fazer jornalístico, de modo a buscar um consenso da população geral, em torno ao que esses grupos consideram ser o certo e o errado, o que é melhor para a sociedade brasileira, o que deve ser levado em considerado na análise política do pais, o (s) partido (s) que melhor responderia (riam) ás necessidades da grande nação brasileira.
E esta grande nação brasileira não é constituída somente das populações abastadas, das grandes cidades, dos grandes centros, das regiões mais ricas, hoje, mas também do Brasil interiorano, do Brasil pobre, sem políticas pensadas e dirigidas para eles. Do Brasil que nem se conhece, de tão grande e tão isolados são os diversos agrupamentos sociais que habitam o solo brasileiro. Ele esquece de dizer que o Brasil não tem outras grandes empresas tão poderosas quanto eles mas que se filiem a outros modos de pensar sobre a sociedade brasileira, sobre as sociedades humanas em suas relações políticas, sociais, culturais, outros arranjos que possibilitem a um maior número de pessoas um nível de vida menos degradante do que o que ainda se vê, apesar das melhoras mais recentes, em solo brasileiro; um modo mais digno para todos e pelo qual outros grupos lutam para sua realização. O Sr. Otávio Frias esquece de comentar sobre essa desigualdade na oferta de textos jornalísticos, impressos ou simplesmente ouvidos, na televisão. Esquece que temos pouco divulgadas as contranarrativas ao que é posto por este grupo maior a que ele pertence, com sua Folha de São Paulo. Esquece, inclusive, do exemplo dado pela jornalista, de quando, no Amazonas, ela presenciou unicamente uma rede de televisão a dar informações sobre a política brasileira. Suas ponderações sobre não acreditar que a midia possa moldar o pensamento dos leitores, dos ouvintes das publicações difundidas deve soar bem quando se tem um panorama em que todos os sujeitos alvos do processo da leitura e da audição são contemplados por diversos enfoques e pela possibilidade de comparar uma narrativa a outra, sobre o fato que vai virar notícia no jornal, impresso ou falado, ou na revista. E daí então tomar sua posição.
Mas isso não acontece para a maioria da população brasileira.
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morvan bliasby
01/07/16 at 8:39
Bom dia.
Sue Branford:
— “You will be sued by me.”
Saudações “#FicaDilma, #ForaTemerGolpsista; resistir, lutar até o fim. Se todos lutarmos, os golpistas abrem“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.