Irresponsabilidade é pouco. A palavra correta é COVARDIA! Temos no Palácio do Planalto um fascista ignorante e covarde que está jogando sobre a população a responsabilidade sobre um tratamento médico potencialmente fatal. Com a polêmica idiota entre Cloroquina X Tubaína como cortina de fumaça e a divulgação, pouco depois, do vídeo recheado de palavrões, alucinações e crimes contra a honra de ministros do STF, governadores e prefeitos, a covardia do governo com chamado “novo protocolo” de uso da hidroxicloroquina acabou engolida por outros fatos.
Que o fascismo funciona na pulsão de morte, como alertava Freud e depois Adorno, não há dúvida. Ainda nos anos 1990, Bolsonaro já dizia na TV que uma mudança política no Brasil só aconteceria com o “que o regime militar não fez: matando uns 30 mil“. A pandemia já está, oficialmente, prestes a bater essa marca. A “culpa” pelas mortes, no entanto, não é do presidente que quer armar a população contra os “bostas” dos prefeitos, do ministro da área econômica preocupado em “perder dinheiro” com ajuda às pequenas e médias empresas (responsáveis por 70% dos empregos formais), do ministro da educação que usa seu tempo de fala para destilar ódio contra o termo “povos indígenas” e os “vagabundos” do STF que ele gostaria de prender enquanto milhões de estudantes no país não têm nenhuma orientação sobre como será o ano letivo. A culpa não é sequer do ministro relâmpago da saúde que se recusou a assinar o tal protocolo, assim como seu antecessor, e saiu do ministério abrindo espaço para mais de 20 militares sem formação médica.
A culpa é SUA! Sim. Se você não tem um smartphone, pacote de internet e expertise digital para preencher todos os formulários digitais e baixar senhas que duram uma hora para o saque do auxílio emergencial de R$ 600, a culpa é sua. Se o banco não aceita seus bens (casa, carro, escritório etc) e seu histórico de décadas de atividade comercial ou industrial como garantias com “liquidez” para fornecer um empréstimo que segure por dois meses os custos e folha de pagamento, a culpa é sua. E se você pegar Covid-19 por ter que rodar os bancos tentando o empréstimo prometido há dois meses pelo governo ou por ser obrigado a ficar horas e horas aglomerado nas filas da Caixa (porque o governo não libera o pagamento nem pelo Banco do Brasil!!!) para a ajuda emergencial, a culpa, claro, é sua.
E agora temos mais uma culpa pra você: a responsabilidade sobre as consequências do uso de um medicamento controverso mesmo entre os cientistas mais renomados do mundo. Se NINGUÉM no ministério, nem ao menos um técnico de segundo escalão, teve coragem de assinar o novo protocolo da Cloroquina, não há responsáveis no ministério ou no Governo Federal. Mas o profissional de saúde que decide, na ponta, usar o medicamento, pesando os prós e os contras da sua administração levando em conta o histórico médico do paciente, é o responsável por possíveis consequências, certo? Não.
O novo protocolo prevê a assinatura do paciente num “Termo de Ciência e Consentimento” que traz explicitamente: “A Cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais como redução dos glóbulos brancos, disfunção do fígado, disfunção cardíaca e arritmias, e alterações visuais por danos na retina. […] não existe garantia de resultados positivos para a Covid-19 […] (e) podem levar à disfunção de órgãos, ao prolongamento da internação, à incapacidade temporária ou permanente e até ao óbito”.
Traduzindo para o português: a cloroquina pode destruir seu sistema imunológico, parar seu fígado, parar seu coração, comprometer sua visão até a cegueira e matá-lo. E não há nenhuma garantia de que o remédio vai curá-lo da doença. Então, se você tomar e morrer a culpa é exclusivamente SUA. Quando um paciente tem que assinar um documento autorizando o uso apesar das possíveis consequências, ele tira a responsabilidade do médico e é exatamente o que o Governo Federal, covardemente, fez, ao mesmo tempo em que tenta passar uma legislação que retire de suas costas qualquer consequência jurídica sobre seus atos e omissões “no tocante” à pandemia.
Não há governo. Não há ministério. Não há médico. No final, quem deve tomar a decisão é uma pessoa sem conhecimento médico ou científico, sofrendo com uma doença nova que já matou mais de 22 mil brasileiros em menos de três meses e soterrada por informações, desinformações e fake news contraditórias. Assim, se você morrer ou ficar sequelado devido a um medicamento ministrado dentro do serviço público de saúde, não adianta tentar jogar a responsabilidade sobre alguém preocupado somente com a possibilidade da justiça provar seus crimes e “foder minha família ou amigo meu“. A CULPA É SUA!
4 respostas
eita pôrra…
Sem defender o louco do Bostanaro, queria que vocês me indicassem um único remédio que não tenha contra indicação?
Juarez Cruz
Salvador-BA
Não é questão de ter contra-indicação. É questão de empurrar um medicamento sem benefício comprovado, cuja contra-indicação pode ser fatal e jogar essa responsabilidade sobre o paciente fragilizado.
Por vezes, os remédios mais eficazes são as chamadas “terapias de choque”. E se há um aspeto positivo nesta desgraça que assola o mundo, +e mostrar à generalidade dos cidadãos a verdadeira dimensão de Estado dos populistas. Bolsonaro e Trump andam completamente às cegas, chocando contra todos os obstáculos e sem encontrarem uma saída. Boris Johnson teve inteligência suficiente para, num determinado momento, dar o dito por não dito, e conter os estragos. Quanto às oposições, na Itália, Salvini começa a levantar a cabeça, depois de tudo ter estabilizado e, em França, Marine Le Pen continua a fazer de “mulher invisível”…
A governação de um País é algo muitíssimo mais complexo do que os quatro oi cinco lugares-comuns de que se servem os populistas nos seus programas eleitorais e nada melhor do que uma pandemia para colocar tudo isso a nu!!!