Evaristo Magalhães – Psicanalista
Nada é mais generoso que morrer.
Quem parte deixa tudo.
A morte é a maior das entregas.
Na verdade, ninguém morre.
Ninguém parte sem deixar algo.
Todos que vão – de alguma maneira – ficam também.
A herança humana é o que conforta a perda.
A morte é apenas um corpo que vai.
As atitudes ficam.
As escolhas permanecem.
As concessões também.
Fora a dedicação e o amor que jamais serão esquecidos.
Isso vale mais que tudo.
O valor de uma pessoa não está na qualidade de sua formação intelectual e nem na quantidade de riqueza que acumulou.
Não tem preço uma vida bem conduzida.
Precisamos focar na bonita trajetória de amizade, simpatia e generosidade de quem partiu.
Precisamos eternizar a dedicação e a sensibilidade daqueles que não estão mais entre nós para promover o bem e a união entre todos. Precisamos lembrar sempre da capacidade – de quem passou por aqui – de manter acesa a esperança em um mundo mais justo e mais solidário.
Não se trata de uma vida interrompida.
Trata-se de uma vida construída de forma vitoriosa.
Ninguém que vai deixa um vazio.
Todo mundo que parte deixa tudo de si para os que ficam.
Neste mundo individualista – em pouco tempo – não mais choraremos nossos mortos.
Se não há o que ser lembrado, também não há motivo para a tristeza.
O melhor remédio para a dor da perda é o reconhecimento da importância dos que se foram para a vida dos seus e para a vida do mundo.
É a única maneira de mantê-los de alguma maneira ainda vivos.
Vai o corpo e fica a alma.
Louvemos a partir de agora a memória dos que se foram.
Façamos homenagens e falemos deles para o mundo.
Deve ser um alento para quem morre saber que deixou um legado de atitudes, ideias, sentimentos e crenças para as gerações posteriores. Aos mortos, cabem a nossa reverência.
Que bom que temos o que lembrar, o que dizer e o que apontar daqueles que nos deixaram.
É em função dos que se foram que a vida pode seguir melhor.
A vida é um ciclo e precisamos dar continuidade.
Precisamos testemunhar a lembrança.
Se assim não for, não há porque viver.
Podemos e devemos assegurar aos que ficam, que os que se foram, de alguma maneira continuarão para sempre conosco!
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