“EU QUERO DEMOCRACIA, NÃO IMPUNIDADE”, LULA EM ARTIGO PARA O NEW YORK TIMES

A força de Lula ante a ditadura que vivemos deve servir de inspiração a todos os brasileiros e brasileiras. A nossa luta diária contra este estado de coisas esta fazendo a diferença e os atos  pacíficos  desobediência civil se espalham pelo Brasil, além de  alimentarem a esperança de que a democracia possa ser recuperada. É tempo de desobedecer esta ditadura e apoiar quem realmente pensa no Brasil e nos pobres deste pais. É tempo de luta para garantir direitos e não se deixar abater…Lula nos ensina com  esta determinação de lutar e agora  e nossa vez de entrar em campo para salvar o futuro de nosso país.

Do site do Lula:

Há um golpe de direita em andamento no Brasil, mas a justiça prevalecerá

O Sr. da Silva, o ex-presidente do Brasil, escreveu este ensaio para o New York Times da prisão.

CURITIBA, Brasil – Dezesseis anos atrás, o Brasil estava em crise; seu futuro incerto. Nossos sonhos de nos desenvolvermos em um dos países mais prósperos e democráticos do mundo pareciam ameaçados. A ideia de que um dia nossos cidadãos poderiam desfrutar dos padrões de vida confortáveis de nossos colegas na Europa ou em outras democracias ocidentais parecia estar desaparecendo. Menos de duas décadas após o fim da ditadura, algumas feridas daquele período ainda estavam cruas.

O Partido dos Trabalhadores ofereceu esperança, uma alternativa que poderia mudar essas tendências. Por essa razão, mais que qualquer outra, vencemos nas urnas em 2002. Tornei-me o primeiro líder trabalhista a ser eleito presidente do Brasil. Inicialmente, os mercados se abalaram, mas o crescimento econômico que se seguiu os deixou seguros. Nos anos seguintes, os governos do Partido dos Trabalhadores que chefiei reduziram a pobreza em mais da metade em apenas oito anos. Nos meus dois mandatos, o salário mínimo aumentou 50%. Nosso programa Bolsa Família, que auxiliou famílias pobres ao mesmo tempo em que garantiu que as crianças recebiam educação de qualidade, ganhou renome internacional. Nós provamos que combater a pobreza era uma boa política econômica.

Então este progresso foi interrompido. Não através das urnas, embora o Brasil tenha eleições livres e justas. Em vez disso, a presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment e foi destituída do cargo por uma ação que até mesmo seus oponentes admitiram não ser uma ofensa imputável. Depois, eu fui mandado para a prisão, por um julgamento questionável de acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.

Meu encarceramento foi a última fase de um golpe em câmera lenta destinado a marginalizar permanentemente as forças progressistas no Brasil. Pretende-se impedir que o Partido dos Trabalhadores seja novamente eleito para a presidência. Com todas as pesquisas mostrando que eu venceria facilmente as eleições de outubro, a extrema direita do Brasil está tentando me tirar da disputa. Minha condenação e prisão são baseadas somente no testemunho de uma pessoa cuja própria sentença foi reduzida em troca do que ele disse contra mim. Em outras palavras, era do seu interesse pessoal dizer às autoridades o que elas queriam ouvir.

As forças de direita que tomaram o poder no Brasil não perderam tempo na implementação de sua agenda. A administração profundamente impopular do presidente Michel Temer aprovou uma emenda constitucional que estabelece um limite de 20 anos para os gastos públicos e promulgou várias mudanças nas leis trabalhistas que facilitarão a terceirização e enfraquecerão os direitos de negociação dos trabalhadores e até mesmo seu direito a uma jornada de oito horas de trabalho. O governo Temer também tentou fazer cortes na previdência.

Os conservadores do Brasil estão trabalhando muito para reverter o progresso dos governos do Partido dos Trabalhadores, e eles estão determinados a nos impedir de voltar ao cargo no futuro próximo. Seu aliado nesse esforço é o juiz Sérgio Moro e sua equipe de promotores, que recorreram a gravações e vazamentos de conversas telefônicas particulares que tive com minha família e com meu advogado, incluindo um grampo ilegal. Eles criaram um show para a mídia quando me levarem para depor à força, me acusando de ser o “mentor” de um vasto esquema de corrupção. Esses detalhes aterradores raramente são relatados na grande mídia.

Moro tem sido celebrado pela mídia de direita do Brasil. Ele se tornou intocável. Mas a verdadeira questão não é o Sr. Moro; são aqueles que o elevaram a esse status de intocável: elites de direita, neoliberais, que sempre se opuseram à nossa luta por maior justiça social e igualdade no Brasil.

Eu não acredito que a maioria dos brasileiros aprove essa agenda elitista. É por isso que, embora eu possa estar na cadeia hoje, eu estou concorrendo à presidência, e por isso que as pesquisas mostram que se as eleições fossem realizadas hoje, eu venceria. Milhões de brasileiros entendem que minha prisão não tem nada a ver com corrupção, e eles entendem que eu estou onde estou apenas por razões políticas.

Eu não me preocupo comigo mesmo. Já estive preso antes, sob a ditadura militar do Brasil, por nada mais do que defender os direitos dos trabalhadores. Essa ditadura caiu. As pessoas que estão abusando de seu poder hoje também cairão.

Eu não peço para estar acima da lei, mas um julgamento deve ser justo e imparcial. Essas forças de direita me condenaram, me prenderam, ignoraram a esmagadora evidência de minha inocência e me negaram Habeas Corpus apenas para tentar me impedir de concorrer à presidência. Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem me derrotar de verdade, façam nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder vem do povo, que elege seus representantes. Então deixe o povo brasileiro decidir. Eu tenho fé que a justiça prevalecerá, mas o tempo está correndo contra a democracia.

Leia aqui a íntegra do texto em inglês

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Nota da defesa de Lula após a “histórica” vitória

A defesa do ex-presidente Lula emitiu uma nota logo após a “histórica” vitória declarada no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira. Nela, Cristiano e Waleska Zanin destacam que “a incompetência da Justiça Federal de Curitiba é afirmada por nós, advogados do ex-presidente Lula, desde a primeira manifestação escrita protocolada em Curitiba, em 2016, e foi sustentada em todas as instâncias do Poder Judiciário até chegar ao STF

Veja a programação do Mutirão Lula Livre (27/3)

Mutirão Lula livre (dia 27/3 ás 15 horas) terá a participação do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, da a presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Rosana Barroso. Também vão participar Debora Pereira, da coordenação do MTST e Kelli Mafort, do MST. Outra convidada é a jurista da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Tânia Oliveira e o advogado de Lula, Cristiano Zanin.

Mutirão Lula Livre e reforço na campanha #AnulaSTF

O tema do Mutirão Lula Livre
desta edição é ‘#AnulaSTF, queremos Lula Livre’ e refletirá sobre o impacto da Operação Lava Jato na destruição da democracia, soberania nacional e retirada de direitos.