Estudantes da UFMT se mobilizam contra corte de bolsas

Os ataques à educação superior no Brasil seguem cada vez mais intensivos. Mas alguns alvos parecem ser preferenciais. Um exemplo é a Universidade Federal de Mato Grosso, cuja comunidade mais uma vez foi surpreendida com uma medida drástica, sem precedentes e sem qualquer aviso prévio: o corte de TODAS as bolsas tutoria, monitoria e extensão a partir do último dia 11 de outubro, sendo que os programas de extensão foram avisados apenas na segunda 14. Centenas de alunos, estima-se entre 800 e 900, necessitam desse auxílio, entre R$ 400 e R$ 900, para permanecerem na universidade. E muitas atividades, especialmente na extensão, que é a prestação de serviços para a comunidade fora da universidade, precisam dos bolsistas para seguirem funcionando.

Assim como aconteceu em 16 de julho, quando a Energisa simplesmente cortou a luz de cinco campi, ninguém foi avisado com antecedência, nem mesmo os gestores da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência – PROCEV e da Coordenação de Extensão – CODEX. Assim, esses departamentos acabaram de chamar uma reunião com os coordenadores, bolsistas e voluntários de projetos de extensão para o próximo dia 23, às 10:00 no teatro da universidade para discutir a suspensão das bolsas e também o possível cancelamento da X Mostra de Extensão da UFMT, programada para os dias 29 de outubro a 1º de novembro.

Desde segunda, 14, alunos, professores e coordenadores buscam, sem sucesso, entender quem é o responsável pela suspensão e sob quais critérios o corte foi definido. O despacho 1895053 do processo SEI 23108.083943/2019-85 foi assinado por uma assessora da reitoria, a ordenadora de despesas Cendyi Prado, que aparentemente ninguém conhece. A reitora, Myrian Serra, atacada pessoalmente como má gestora pelo ministro da educação em julho, quando houve o corte de luz, e novamente em setembro quando Abraham Weintraub esteve em Cuiabá para lançar o programa de escolas militares no estado e foi flagrado tramando um golpe para a troca da reitoria, está de férias. O vice-reitor, Evandro Aparecido Soares da Silva, que ocupa em exercício nesse momento o maior cargo da universidade, ainda não esclareceu os motivos do corte e nem se foi dada, e por quem, à ordenadora autoridade para isso.

Enquanto isso, professores e alunos se articulam para barrar as suspensões. Nessa sexta, 18, houve uma reunião de emergência na Faculdade de Comunicação e Artes que deliberou por questionar formalmente as instâncias superiores da UFMT e exigir transparência na decisão. Uma nota oficial deve ser divulgada em breve. Já os estudantes de Comunicação Social, via Diretório Acadêmico, divulgaram hoje uma nota exigindo que os editais de bolsas sejam honrados pela instituição e se colocando à disposição para, se for o caso, debater sobre cortes que não prejudiquem os alunos mais necessitados e não destruam dois dos pilares da missão da universidade, junto com o ensino: a pesquisa e a extensão. Veja abaixo a íntegra da nota:


 

 

Cuiabá, 18 de outubro de 2019.

NOTA

O Diretório Acadêmico de Comunicação Social vem por meio desta se manifestar sobre as últimas medidas tomadas pela Administração Superior da Universidade Federal de Mato Grosso. Consideramos totalmente errados os cortes das bolsas de tutoria, monitoria e extensão. Muitos estudantes necessitam de tais recursos como complemento de suas rendas e, em muitos casos, a bolsa acaba sendo o único meio de renda que possibilita a continuidade de estudos e participação integral dentro da universidade. Do mesmo modo, é uma irresponsabilidade da Instituição para com a sua comunidade o não cumprimento de editais elaborados pela mesma. Outro ponto importante a se destacar é que a extensão é um dos pilares da Universidade, juntamente com o ensino e a pesquisa. Nela atende-se diretamente o público externo através de trabalhos realizados, principalmente, por estudantes. Destacamos, ainda, que tais medidas apontam para um projeto de universidade que não é inclusivo por executar medidas que excluem parte significativa do corpo que forma a Universidade Federal de Mato Grosso.

Por fim, solicitamos aos conselheiros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) que considerem nossas reivindicações na próxima Reunião Extraordinária, marcada para o dia 22/10, e colaborem na busca de alternativas de redução de gastos em meios que não afetem diretamente na manutenção do corpo estudantil dentro da UFMT.

Pedimos que nossas considerações sejam atendidas e esperamos que a reunião do Consepe possa reverter tal medida.

 

Atenciosamente,

Diretório Acadêmico de Comunicação Social (DACOS – UFMT).

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

ENDEREÇO: Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 – Bairro Boa Esperança. Cuiabá – MT – 78060-900 FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES

DIRETÓRIO ACADÊMICO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

 

 

 

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