“O respeito a soberania de um povo é condição elementar para o convívio entre as nações. É inaceitável, em face do Direito Internacional e para quem defende a paz e a autodeterminação dos povos, o que ocorre no país vizinho ao Brasil, com o bloqueio de seus ativos financeiros por outros países, a ameaça de intervenção militar, sabotagens e ataques internos realizados por mercenários.
Nicolás Maduro sofre todas as calúnias propagadas pela grande imprensa e também pelas redes, as quais vão desde chamá-lo de ditador a ser líder de um governo “narcotraficante” e “terrorista”.
No passado, em 2002, sequestraram Hugo Chávez e também outro agente dos norteamericanos se “auto intitulou” presidente. O povo venezuelano foi às ruas e garantiu a continuidade da revolução.
Cabe destacar que entre 1998, ano da primeira eleição de Chávez, e 2018 ocorreram 25 eleições nesse país irmão. Na última, participaram 16 partidos políticos que apresentaram, além do candidato à reeleição, Nicolás Maduro, 5 concorrentes – dois dos quais se retiraram ao longo do processo. A eleição chegou a ser antecipada (ocorreram em maio, não em dezembro) a pedido da oposição, depois das reuniões de conciliação realizadas na República Dominicana – importante evento que as empresas de comunicação brasileiras não se dignaram a cobrir. Ao final do pleito, acompanhado por jornalistas e mais de uma dezena de observadores de diversos países e organismos internacionais, Maduro sagrou-se reeleito por larga margem (67,84% dos votos).
Recentemente, porém, um parlamentar oposicionista, em desacordo com as leis do país e incentivado abertamente pelo governo de Donald Trump (que vive uma grave crise interna), decidiu se auto-intitular “presidente interino”. O aventureiro contou com manifestações de apoio de diversos governos, entre eles o de Jair Bolsonaro.
É inadmissível que Washington continue a fazer valer a encardida “doutrina Monroe”, tomando a América Latina como seu quintal.
Podemos tecer críticas ou debater amplamente os rumos da Revolução Bolivariana, mas é imprescindível exigir o primado da lei e o respeito à independência e à autodeterminação dos povos. O Brasil, nos termos de sua Constituição, abraça esses princípios, como também a não-intervenção, a igualdade entre os Estados, a defesa da paz e a solução pacífica dos conflitos. Nossa melhor tradição diplomática ilustra isso, e urge recuperá-la.
No Brasil, nos últimos anos, forjaram uma denúncia falsa, o que levou ao golpe jurídico-parlamentar que cassou a presidenta Dilma Rousseff e mantém preso, em um processo farsesco, o maior líder popular que o Brasil teve em sua história, o ex-presidente Lula. Tudo para eleger um capitão neofascista como presidente, que tem mostrado nesses primeiros dias de governo que não passa de um agente provocador dos EUA e sionistas, com ações que desrespeitam nossa soberania e destroem a economia nacional.
Neste momento, democratas de todos os matizes devem se solidarizar com o povo venezuelano, repudiando veementemente a prepotência, o intervencionismo, a escalada de tensão que não interessa, absolutamente, aos nossos povos.
Uma agressão militar contra a Venezuela não interessa aos venezuelanos nem aos brasileiros. Quem morrerá serão os nossos filhos.
Uma agressão militar contra a Venezuela não interessa aos venezuelanos nem aos brasileiros. Quem morrerá serão os nossos filhos. Não é demais lembrar que há muito mais brasileiros vivendo na Venezuela do que venezuelanos aqui, e que cabe às autoridades brasileiras zelar pela segurança de uns e de outros, evitando embarcar num conflito de consequências humanas previsivelmente desastrosas.
A guerra somente servirá para que os EUA sigam saqueando outros países, como fizeram ao longo de sua história e, mais recentemente, no Iraque e Líbia, em busca do petróleo.
Não se pode esquecer que a Venezuela detém 20% das reservas petrolíferas do planeta, verdadeiro interesse do governo norte-americano ao espalhar mentiras, provocar a crise econômica e o sofrimento de milhões de pessoas na Venezuela e em muitas partes do mundo.
Defendemos o direito de cada povo decidir soberanamente o seu caminho e destino, como prevê a legislação internacional.
Defendemos o princípio da autodeterminação, para que o povo venezuelano possa seguir com dignidade suas escolhas.
O povo brasileiro não abre mão da paz no continente!”
Assinam esta nota:
Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz
Ibraspal – Instituto Brasil Palestina
MOJUS – Movimento de Olho na Justiça
Casa de Cultura Carlos Marighella
PCB – Partido Comunista Brasileiro
PCML – Partido Comunista Marxista-Leninista
CLCN – Comitê de Luta contra o Neoliberalismo
Jornalistas Livres
Movimiento Travesía por la Paz
Frente Cultural Amazônia Caribe
PCdoB – Partido Comunista do Brasil
PCO – Partido da Causa Operária
Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba
Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos- Capítulo Brasil
Movimento Humanista
TV Cidade Livre Comunitária de Brasília
MST – Movimento dos Sem-Terra
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
UJS – União da Juventude Socialista
ICAD-MG Instituto Celso Aquino de Direitos Fundamentais
Adesões da Guatemala
Adesões do Uruguai
Convocamos para esta quinta-feira, 31/1, às 18h, um ato em frente à Catedral de Brasília, em defesa da soberania e da paz na Venezuela e na América Latina |