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Brasília

A covardia da polícia e a inocência dos estudantes

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Como toda manifestação estudantil, a de ontem não foi diferente. Tudo começou como esperado, muitas palavras de ordem, muita alegria característica da juventude e uma grande inocência em barrar a PEC da Desigualdade no Senado com pouco mais de 20 mil pessoas. Todos gritando pela mesma causa: Fora Temer e contra a PEC 55. Na manifestação, não havia os famosos coxinhas com seus charutos, prosecco, filé mignon, nem empregadas empurrando o carrinho de bebê ou fazendo selfies com a polícia. São jovens politizados que nos últimos anos tiveram acesso a educação de melhor qualidade e hoje sabem dos seus direitos e o que querem. Não vieram a Brasília, depois de passar vários dias dentro de um ônibus, dormir em barraca, para brincar de fazer manifestação. Eles são o futuro do Brasil. Entendem o que o governo golpista está promovendo em nosso país. São valentes e mostraram que a luta só está começando.

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Ontem foi um dia de protesto na Esplanada. Começou no MEC pela manhã e à tarde o grande ato que acabou com a violência desmedida da polícia. Cada grupo de estudantes que chegava ao Museu da República, local da concentração, era recebido com alegria. Reuniam-se em rodas e preparavam-se entoando jograis e ensaiando intervenções. Um grito de guerra contra o governo Temer estava em cada um deles. Eram grupos de diversas regiões, diferentes sotaques eram ouvidos.

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Até a saída da caminhada, havia uma divergência sobre como seria a marcha até o Congresso Nacional — talvez essa falta de unidade tenha contribuído para que os verdadeiros vândalos se infiltrassem e, por fim, para a dispersão do ato diante da truculência policial. Uma manifestação sem ninguém coordenando abre uma porta para os baderneiros da hora.

Para entender o que aconteceu, o bom jornalismo precisa fazer as perguntas que não querem calar. Aí vão elas:

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12 PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR

1. Quem são esses baderneiros que chegaram a jogar coquetel molotov na polícia a menos de 30 metros e não foram reprimidos?

 

 

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2. Algum estudante conhece pelo menos um que participou do quebra-quebra?

 

 

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3. Por que a polícia não fez a revista de sempre, como acontece em todas as manifestações dos movimentos sociais?

 

4. Por que a polícia não proibiu carros estacionados na Esplanada, como sempre faz quando vai haver uma grande manifestação?

 

 

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5. Por que a polícia não prendeu os agitadores que começaram a baderna virando um carro de uma emissora?

 

 

6. Por que só tinha um carro de imprensa onde todos os dias ficam parados vários de todas emissoras?

 

 

7. Por que a polícia não saiu batendo nos vândalos como sempre faz e só resolveu jogar bomba de gás lacrimogêneo, gás de pimenta e de efeito moral nos estudantes?

 

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8. Por que a polícia não saiu dando cacetadas em todos, como gosta de fazer mesmo quando não tem motivo?

9. Por que a polícia avançava jogando bombas, ameaçava com a cavalaria e recuava, quando os estudantes corriam?

 

10. Por que os policiais deixavam os baderneiros construírem barricadas com placas de sinalização, lixo e o que encontravam e não reprimiam?

 

 

11. Por que deixaram colocar fogo em um carro Audi de mais de R$ 200 mil e não fizeram nada, já que estavam a menos de 40 metros?

 

12. Quanto o governo golpista gastou ontem com todas as bombas que foram lançadas?

 

 

 

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Quando estávamos nos preparativos da Copa do Mundo no Brasil em 2013, o Exército fez uma demonstração de como agiriam em caso de manifestação violenta contra o evento. Tudo foi armado em uma área de setor policial sul em Brasília. Quando chegamos para cobrir a “manifestação”, fiquei de cara como os atores que seriam os personagens contra a Copa, pareciam com os baderneiros de ontem. Como eles agiam, como se vestiam, como se comportavam, provocando a Polícia. Na apresentação do Exército, todos sabiam que não seriam reprimidos e fizeram a cena muito bem.

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Ontem, quando fotografava os arruaceiros infiltrados, lembrei dos soldados da “manifestação-teatro” de antes da Copa. A “cena” foi a mesma, eles provocavam a PM, que jogava bomba, ameaçava com a cavalaria e recuava. Depois, começava tudo de novo, barricadas, bombas, reação dos baderneiros e corre-corre. O “gran finale” foi a polícia dispersando todos, principalmente quando anoiteceu, depois de ter vários motivos provocados pelos ”manifestantes”.

Ontem, não foi diferente.

Antes de começar a caminhada, um mascarado foi preso com acusação de porte de arma branca. A polícia mostrou seu troféu, um canivete, segundo eles, do manifestante. Será que era manifestante mesmo ou um infiltrado?

O roteiro seguiu como o de sempre –caminhada e chegada no gramado do Congresso. Quando os últimos participantes chegavam no gramado em frente ao Congresso, a baderna começou, alguns viraram o carro da TV Record, a poucos metros da polícia. A polícia não reprimiu os baderneiros como sempre faz. Em vez disso, começou a jogar bombas para todos os lados, com o propósito claro de provocar tumulto e correria. Parecia uma ação coordenada. Veja no filme que no começo da caminhada todos estão com o rosto descoberto e só os baderneiros têm as faces cobertas.

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Veio na memória o bardenaço de 84, no governo José Sarney, quando rolou um quebra-quebra muito parecido com o de ontem. Era a época da redemocratização e os militares ainda não queriam largar por completo o poder. A imprensa não era golpista e fazia jornalismo. No dia seguinte ao badernaço, toda a mídia começou uma guerra contra os baderneiros e foram atrás na tentativa de identificar todos eles pelas fotos. Só um pobre funcionário dos Correios, que foi fotografado jogando uma pedra em uma loja no setor comercial sul em Brasília foi identificado. Todos os outros, ninguém conhecia. Depois, ficamos sabendo que eram militares (P2) de outros Estados. Ontem, a ordem era avançar, como o comandante da operação dizia para os deputados que tentaram parar a ação truculenta e não conseguiram. Só resta uma certeza, sem a permissão do governador ou do Palácio do Planalto, a polícia não teria feito o que fez.

Vamos voltar para rua –é a única saída.

Brasília

Ato ecumênico em Brasília em protesto à marca de 50 mil mortes por covid-19 no Brasil

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Texto e fotos: Matheus Alves
O Brasil chegou na última semana ao triste número de 50 mil mortos.

O país chora e, com aquele aperto no peito, grita por justiça, dignidade e o nobre ato do luto. Em um desses gritos, dezenas de pessoas correram para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília e ocuparam, com mil cruzes, a Alameda dos Estados — que faz frente ao Congresso Nacional.

O choro se instala e sem querer se prende à garganta que dói cansada. O respiro perde o compasso. A boca seca. O tremor vem, a lágrima cai.

A sensação de perder um ente querido tão de repente é, sem dúvida, uma das piores demonstrações vitais que o corpo humano pode dar e, bastasse isso, ainda há a infeliz necessidade de assistir aos atos genocidas de um Presidente da República que nega a gravidade da maior crise sanitária da história.

Por mais que tentem explicar, o luto e a luta são as únicas formas de expressar o que é sentir falta de quem não está mais entre nós.

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Brasília

Racistas, fascistas, não passarão!

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Em um lado da Esplanada dos Ministérios, um ato em defesa da democracia, contra o racismo e o fascismo. No outro, a marcha do ódio e antidemocrática dos bolsonaristas defendendo o mesmo de sempre: fechamento do STF, intervenção militar, morte aos comunistas, maconheiros e outros absurdos.

Houve muita provocação verbal dos dois lados, mas apenas os bolsonaristas tentaram criar um embate físico, ao cruzarem a barreira policial no gramado central, para correr entre os manifestantes antifa. A polícia? Parecia mais preocupada em intimidar aqueles que defendem a democracia. Mas a resposta dos que lutam contra o racismo e o fascismo foi linda: muito grito de luta, um ato cheio de emoção e sem violência, como era esperado.

Confira a galeria de imagens da cobertura dos Jornalistas Lives em Brasília

Galeria 1- Fotos: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

 

Galeria 2- Fotos: Matheus Alves

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Brasília

Agora com a ajuda do genro de Silvio Santos, brasileiros são levados ao matadouro

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A muvuca que o vírus gosta: Doria "libera" comércio para a Covid-19

Por Ricardo Melo*

O Brasil está no fundo do poço. Não pretendia gastar muito tempo com Bolsonaro, um facínora orgulhoso de sua condição.

Mas não pode passar sem registro seu ato mais recente: criar um ministério para o genro de Silvio Santos, o tal Fabio Faria.

Para quem não se lembra, Fabio Faria é aquele mesmo, deputado pilhado pagando passagens com verba parlamentar para namoradas como Adriane Galisteu e família.

Membro do tal centrão, agora “colega de trabalho” do sogro decrépito e capacho de qualquer governo, Fabio Faria une o inútil ao desagradável aos olhos do povo: engrossa a gangue do capitão no Congresso e fortalece os laços com o dono de uma emissora já conhecida como Sistema Bolsonaro de Televisão. Sim, o SBT, que entrou para a história ao tirar do ar um telejornal de horário nobre para não se indispor com seu patrão do Planalto.

A patiFaria corre solta.

Falemos dos governadores e prefeitos que tentaram posar de equilibrados de olho em dividendos eleitorais.

Não durou muito tempo. Um exemplo. João Dória, o Bolsodória, e seu assecla Bruno Covas vinham fazendo discursos ¨humanitários” até outro dia. Seu repertório esgotou-se tão rápido quanto sua sinceridade.

São Paulo, assim como o Brasil, vive um momento de ascenso da pandemia. O número de vítimas cresce sem parar. Qualquer aspirante a médico sabe que é hora de reforçar as poucas medidas de defesa à disposição. A única à mão enquanto não se descobre uma vacina é manter as pessoas isoladas e dar a elas condições de sobreviver.

O que faz Bolsodória? O contrário. Libera geral. Manda abrir tudo obedecendo ao comando de seus tubarões do Lide de sempre. As fotos estampadas nas redes mostram multidões circulando pelas ruas indefesas diante do apetite do coronavírus e dos senhores das bolsas de valores.

No Rio, a mesma coisa. Assim como Bolsodória, Witzel segue na prática os mantras de quem o elegeu: “E daí”. Ou: “todos vão morrer mesmo. É o destino”. Enquanto isso, faz o que parecia inacreditável. Alimenta uma máquina de corrupção à custa do sofrimento de milhares de brasileiros. Contrata a construção de hospitais a preços hiper super faturados que nunca saíram do papel. Assim acontece em vários outros estados. “Governantes” valem-se da morte do povo para engordar seus cofres particulares.

Tentei evitar, mas tenho que falar de Bolsonaro novamente. Depois de tentar esconder as mortes e roubar o Bolsa Família, ele e seu capanga preferido, Paulo Guedes, estudam ampliar o prazo da esmola aos desvalidos. Como? Em vez dos trocados de 600 reais que até hoje não chegaram a milhões que morrem de fome, fala-se em… 300 reais!! Faça vc mesmo os cálculos para ver o tamanho do disparate.

O destino dos países, mais do que nunca, depende da juventude, do povo trabalhador e de governantes responsáveis (a esse respeito, pesquisem no google o nome Jacinda Ardern, da Nova Zelândia. uma sugestão: https://www.brasil247.com/oasis/jacinda-ardern-quando-a-coragem-restaura-a-politica).

Chega. Não, não pague as dívidas, apenas as indispensáveis que podem te deixar sem luz, água, gás. Peça ajuda aos poucos advogados honestos, cada vez mais raros, é verdade. Procure a parte sadia da OAB. Recorra às organizações populares, aos sindicatos ainda dignos deste nome e, sobretudo, aos coletivos de jornalistas que se libertaram da mídia oficial. Ignore o palavrório dos políticos cínicos, hipócritas e ladrões, seja qual for o partido. E, se puder, fique em casa.

O Brasil depende dos brasileiros dignos desse nome.

 

*Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.

 

Leia mais Ricardo Melo em:

 

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