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Movimentos Sociais

Conheça a Bancada Preta

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Aconteceu no último dia 29 de fevereiro na sede da Educafro, em São Paulo, o terceiro encontro da “BANCADA PRETA” realizado pela Nova Frente Negra Brasileira, Frente Favela Brasil e Rede Quilombação.

O evento foi uma plenária aberta com foco em dar continuidade aos encaminhamentos apresentados no último encontro do dia 05 de fevereiro, deste ano. Quando se formalizou a construção da “BANCADA PRETA”.

Os tambores fizeram o chamamento e o povo preto atendeu. Desde o início do dia a sede da Educafro recebeu a população negra em um ambiente regado de afeto, ativismo e a visão que não se pode mais pensar um projeto político justo sem a participação efetiva da população negra.

A plenária teve como mote o debate e a construção de uma estrutura de cidade que seja: anti racista, anti misógina e anti lgbtiq+fóbica.

O que é a Bancada Preta? 

Jesus dos Santos, da Bancada Ativista e pré-candidato

“A Plataforma política “Bancada Preta”, tem como objetivo eleger candidaturas pretas para legislatura 2021 / 2024, na Câmara Municipal de São Paulo e em outras cidades sendo construída a partir de um projeto estratégico político construído e organizado a partir de plenárias abertas e a toda população da cidade sendo uma iniciativa puxada pela Nova Frente Negra Brasileira, Rede Quilombação e Frente Favela Brasil.”

Suerda Deboa, ativista, (Nova Frente Negra Brasileira) e moradora do Jaraguá (SP)

Já Suerda Deboa, moradora do Pico do Jaraguá, disse ao Empoderado que “…A bancada preta é importante por articular candidaturas pretas de forma suprapartidária, mas com compromisso de que candidatos e candidatas estejam alinhados com pautas relacionadas a negritude, tais como: combate ao racismo estrutural, ambiental e religioso. Manutenção de políticas públicas voltadas para a saúde da população preta. Entendendo que estar num partido é apenas um mecanismo de conquista no meio político que é majoritariamente branco, cis e heteronormativo e buscar mudanças a partir de dentro articulando com a base preta que está nas margens periféricas de todas as estatísticas no que diz respeito a melhores condições de vida.”

Vinicius Antonio Pedro, do Frente Favela Brasil

Vinícius mostrou o que pensa sobre a Bancada Preta pensando na esfera das periferias: “A periferia tem uma grande esperança na formação da Bancada Preta; Uma porque ao tratarmos da população Negra do Brasil estamos falando majoritariamente de pessoas que tem um histórico de acesso à educação, direitos à propriedade, saúde básica e desenvolvimento socioeconômico quase nulo ou muito reduzido, sendo empurrado para as periferias das cidades que ainda hoje exercem um centralismo exacerbado e, entendemos que criar um cenário onde a população negra conquista sua emancipação discutindo pautas pertinentes ao seu povo, é uma saída. O outro ponto é que não podemos esperar, diante do que foi dito, que tudo virá sem organização, estratégia e muita resistência. Se hoje, resistimos à condições de vida insalubres, devemos sim nos indignar e lutar pelas mudanças que queremos nos unindo e estando com aqueles que estão no mesmo barco que nós.”

Prof. Dr. Dennis de Oliveira (Rede Quilombação e Professor Associado – Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE)).

O Prof. Dr. Dennis de Oliveira acredita que a Bancada Preta tem como uma de suas funções impactar diretamente na gestão dos municípios e assim apresentar propostas como: “gestão urbana com base no Estatuto da Cidade (IPTU progressivo, função social da propriedade), implantação do Fundo Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial comum percentual mínimo definido do Orçamento gerido por secretaria específica e monitorado por conselho participativo; desmilitarização das guardas municipais onde existir; rede de centros de apoio a trabalhadores informais, em especial condutores (as) de moto, bicicleta ou Uber; programas de fomento a iniciativas de cultura na periferia, reconhecimento oficial dos espaços sagrados das religiões de matriz africana, orçamento participativo.”

“Mobilizar pretxs de todas as cidades a votarem nos candidatxs com esta agenda construindo uma perspectiva política de voto étnico”

Frei David, da Educafro (à esquerda).

Frei David, da Educafro disse ao Empoderado: “A Bancada Preta em algum momento precisa avaliar se há o perigo de se repetir o que aconteceu em todas as eleições anteriores onde o voto de cada negro, por não ter dinheiro e nem estruturas foi usado para garantir a eleição dos caciques dos partidos que são brancos.

A EDUCAFRO, nas últimas 5 eleições, participou ativamente, organizando debates para os  candidatos/as negras e negros, junto ao público EDUCAFRO. 

Nos últimos anos debateu muito esses assuntos em suas várias reuniões. O resultado é que temos hoje quase 10 candidaturas se preparando para disputar as eleições. 

Alguns dessas 10 estão em estruturas partidárias que não querem debater os mandatos coletivos. Outras tem chance de abraçar essa possibilidade. 

Mas gostaríamos muito de pedir uma reflexão profunda às quase 30 candidaturas presentes no evento: vai ser duro  ver, mais uma vez nossos irmãos e irmãs negras, não abraçando os mandatos coletivos e, como consequência, ver seu votos serem decisivos para gerar coeficientes e eleger brancos.

Nesse ano de 2020 sonho em ver o povo negro se unindo e abraçando com profissionalismo o mandato coletivo. Assim os vários poucos votos de cada um irá eleger um grupo que, num trabalho formativo continuado irá mudar e trazer, pelo voto, poder para o povo NEGRO.”

Agradecimento especial a Marta Costa (Nova Frente Negra Brasileira) a todos (as) que colaboram para esta matéria. Materia completa originalmente publicada no Jornal Empoderado.

Campinas

Famílias da Comunidade Mandela fazem ato em frente à Prefeitura de Campinas

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Comunidade Mandela Luta por Moradia

Em busca de uma solução, mais uma vez, moradores tentam ser atendidos

Os Moradores da Comunidade Mandela  fizeram nesta quinta-feira (17), um ato de protesto em frente à Prefeitura  de Campinas. O motivo da manifestação  é o   impasse  para o  problema da moradia das famílias que se arrasta desde 2016. E mais uma vez,  as famílias sem-teto  estão ameaçadas pela reintegração de posse, de acordo com despacho  do juiz  Cássio Modenesi Barbosa, responsável pelo processo a  sua decisão  só será tomada após a manifestação do proprietário.
Entretanto, o juiz  não considerou as petições as Ministério Público, da Defensoria Pública que solicitam o adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19, e das especificidades do caso concreto.
O prazo  final   para a  saída das famílias de forma espontânea  foi encerrado no dia 31 de agosto, no dia  10 de setembro, dez dias depois de esgotado o a data  limite.

As 104 famílias da Comunidade ” Nelson Mandela II” ocupam uma área de de 5 mil metros quadrados do terreno – que possui 300 mil no total – e fica  localizado na região do Ouro Verde, em Campinas . A Comunidade  Mandela se estabeleceu  nessa área em abril de 2017,  após sofrer  uma violenta reintegração de posse no bairro Capivari.

Negociação entre o proprietário do terreno e a municipalidade

A área de 300 mil metros quadrados é de propriedade de Celso Aparecido Fidélis. A propriedade não cumpre função social e  possui diversas irregularidades com a municipalidade.

 As famílias da Comunidade Mandela já demonstraram interesse em negociar a área, com o proprietário para adquirir em forma de cooperativa popular ou programa habitacional. Fidélis ora manifesta desejo de negociação, ora rejeita qualquer acordo de negócio.

Mas o proprietário  e a municipalidade  – por intermédio da COAB (Cia de Habitação Popular de Campinas) – estão negociando diretamente, sem a participação das famílias da Comunidade Mandela que ficam na incerteza do destino.

As famílias querem ser ouvidas

Durante o ato, uma comissão de moradores  da Ocupação conseguiu ser liberada  pelo contingente de Guardas Municipais que fazia  pressão sobre os manifestantes , em sua grande maioria formada pelas mulheres  da Comunidade com seus filhos e filhas. Uma das características da ocupação é a liderança da Comunidade ser ocupada por mulheres,  são as mães que  lideram a luta por moradia.

A reunião com o presidente da COAB de Campinas  e  Secretário de  Habitação  – Vinícius Riverete foi marcada para o dia 28 de setembro.

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Campinas

Ocupação Mandela: após 10 dias de espera juiz despacha finalmente

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Depois de muita espera, dez dias após o encerramento do prazo para a saída das famílias da área que ocupam,  o juiz despacha no processo  de reintegração de posse contra da Comunidade Mandela, no interior de São Paulo.
No despacho proferido , o juiz do processo –  Cássio Modenesi Barbosa –  diz que  aguardará a manifestação do proprietário da área sobre eventual cumprimento de reintegração de posse. De acordo com o juiz, sua decisão será tomada após a manifestação do proprietário.
A Comunidade, que ocupa essa área na cidade de Campinas desde 2017,   lançou uma nota oficial na qual ressalta a profunda preocupação  em relação ao despacho  do juiz  em plena pandemia e faz apontamento importante: não houve qualquer deliberação sobre as petições do Ministério Público, da Defensoria Pública, dos Advogados das famílias e mesmo sobre o ofício da Prefeitura, em que todas solicitaram adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19 e das especificidades do caso concreto.

Ainda na nota a Comunidade Mandela reforça:

“ Gostaríamos de reforçar que as famílias da Ocupação Nelson Mandela manifestaram intenção de compra da área e receberam parecer favorável do Ministério Público nos autos. Também está pendente a discussão sobre a possibilidade de regularização fundiária de interesse social na área atualmente ocupada, alternativa que se mostra menos onerosa já que a prefeitura não cumpriu o compromisso de implementar um loteamento urbanizado, conforme acordo firmado no processo. Seguimos buscando junto ao Poder público soluções que contemplem todos os moradores da Ocupação, nos colocando à disposição para que a negociação de compra da área pelas famílias seja realizada.”

Hoje também foi realizada uma atividade on-line  de Lançamento da Campanha Despejo Zero  em Campinas -SP (

https://tv.socializandosaberes.net.br/vod/?c=DespejoZeroCampinas) tendo  a Ocupação Mandela como  o centro da  discussão na cidade. A Campanha Despejo Zero  em Campinas  faz parte da mobilização nacional  em defesa da vida no campo e na cidade

Campinas  prorroga  a quarentena

Campinas acaba prorrogar a quarentena até 06 de outubro, a medida publicada na edição desta quinta-feira (10) do Diário Oficial. Prefeitura também oficializou veto para retomada de atividades em escolas da cidade.

 A  Comunidade Mandela e as ocupações

A Comunidade  Mandela luta desde 2016 por moradia e  desde então  tem buscado formas de diálogo e de inclusão em políticas  públicas habitacionais. Em 2017,  cerca de mais de 500 famílias que formavam a comunidade sofreram uma violenta reintegração de posse. Muitas famílias perderam tudo, não houve qualquer acolhimento do poder público. Famílias dormiram na rua, outras foram acolhidas por moradores e igrejas da região próxima à área que ocupavam.  Desde abril de 2017, as 108 famílias ocupam essa área na região do Jardim Ouro Verde.  O terreno não tem função social, também possui muitas irregularidades de documentação e de tributos com a municipalidade.  As famílias têm buscado acordos e soluções junto ao proprietário e a Prefeitura.
Leia mais sobre:  
https://jornalistaslivres.org/em-meio-a-pandemia-a-comunidade-mandela-amanhece-com-ameaca-de-despejo/

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Campinas

Em meio à Pandemia a Comunidade Mandela amanhece com ameaça de despejo

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O dia de hoje (31/08) será decisivo para as 108 famílias que vivem na área ocupada na região do Jardim Ouro Verde em Campinas, interior de São Paulo.  Assim sendo, o último dia do mês de agosto, a data determinada como prazo final para que os moradores sem-teto deixem a área ocupada, no Jardim Nossa Senhora da Conceição.   A comunidade está muito apreensiva e tensa aguardando a decisão do juiz  Cássio Modenesi Barbosa – da 3ª Vara do Foro da Vila Mimosa que afirmou só se manifestar sobre a suspensão ou não do despejo na data final, tal afirmativa só contribuiu ainda mais para agravar o estado psicológico e a agonia das famílias.

A reintegração é uma evidente agressão aos direitos humanos  dos moradores e moradoras  da ocupação, segundo parecer socioeconômico  do Núcleo  Habitação da Defensoria Pública do Estado de São Paulo . As famílias não têm para onde ir e cerca de entre as/os moradoras/es estão 89 crianças menores de 10 anos, oito adolescentes menores de 17 anos, dois bebês prematuros, sete grávidas e 10 idosos. 62 pessoas da ocupação pertencem ao grupo de risco para agravamento da Covid-19, pessoas idosas e com doenças cardiológicas e respiratórias, entre outras podem ficar sem o barraco que hoje as abriga.

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara de Campinas e o Ministério Público (MP-SP) se manifestaram em defesa do adiamento da reintegração durante a pandemia. A Governo Municipal  também  se posicionou favoravelmente  a permanência após as famílias promoverem três atos de protesto. Novamente  a  Comunidade  sofre com a ameaça do despejo. As famílias ocupam essa área desde 2017 após sofrem uma reintegração violenta em outra região da cidade.

As famílias

Célia dos Santos, uma das lideranças  na comunidade relata:

“ Tentamos várias vezes propor  a compra do terreno, a inclusão das famílias em um programa habitacional, no processo existem várias formas de acordo.  Inclusive tem uma promessa que seriam construídas unidades habitacionais no antigo terreno que ocupamos e as famílias do Mandela  seriam contempladas. Tudo só ficou na promessa. Prometem e deixam o tempo passar para não resolver. Eles não querem. Nós queremos, temos pressa.  Eles moram no conforto. Eles não têm pressa”

Simone é mulher negra, mãe de cinco filhos. Muito preocupada desabafa o seu desespero

“ Não consigo dormir direito mais. Eu e meu filho mais velho ficamos quase sem dormir a noite toda de tanta ansiedade. Estou muito tensa. Nós não temos para onde ir, se sair daqui é para a rua. Eu nem arrumei  as  coisas porque não temos nem  como levar . O meu bebê tem problemas respiratórios e usa bombinha, as vezes as roupinhas dele ficam sujas de sangue e tenho sempre que lavar. Como vou fazer?”

Dona Luisa é avó, mulher negra, trabalhadora doméstica informal e possui vários problemas de saúde que a coloca no grupo de risco de contágio da covid-19. Ela está muito apreensiva com tudo. Os últimos dias têm sido de esgotamento emocional e a sua saúde está abalada. Dona Luisa está entre as moradores perderam tudo o que possuíam durante a reintegração de posse em 2017. A única coisa que restou, na ocasião, foi a roupa que ela vestia.

“ Com essa doença que está por aí  fica difícil  alguém querer dar abrigo  para a gente. Eu entendo as pessoas. Em 2017 muitos nos ajudaram e eu agradeço a Deus. Hoje será difícil. E eu entendo. Eu vou dormir na rua, junto com meus filhos e netos.
Sou grupo de risco, posso me contaminar e morrer.
E as minhas crianças? O quê será das crianças? Meu Deus! Nossa comunidade tem muitas crianças. Esses dias minha netinha me perguntou onde iríamos morar? Eu me segurei para não chorar na frente dela. Se a gente tivesse para onde ir não estaria aqui. Não é possível que essas pessoas não se sensibilizem com a gente.
Não é possível que haja tanta crueldade nesse mundo.”

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