Comandante da Rota e os Jardins de burgueses e de cemitérios

O novo comandante da ROTA, tenente-coronel Ricardo Augusto de Nascimento de Mello Araújo, concedeu entrevista para o UOL afirmando que o trato dado pelos policiais militares aos cidadãos deve ser diferente a depender do bairro, contrapondo, a título de exemplo, Jardins às Periferias.

A declaração do tenente-coronel não deveria causar surpresa, se não pela cínica naturalidade com que reafirma a desigualdade do tratamento de agentes estatais a depender da classe e raça. Ingenuidade desnecessária chamá-lo de sincero. Não há sinceridade quando se trata do óbvio.

OS POBRES E NEGROS NÃO MORAM NOS JARDINS.

Aos moradores dos Jardins, que por mera “coincidência” são brancos, ricos e com acesso garantido a serviços básicos (e extravagantes), a cordialidade servil de uma polícia que cuida da vida de um burguês com a delicadeza quem cultiva uma flor. No Jardins a “grama é mais verde” do que no Jardim Ângela, Jardim Brasil, ou Jardim São Luís, onde o “chicote estrala” aos descendentes de escravos e demais pobres que sofrem as consequências de uma desigualdade histórica que teve início quando a primeira pessoa foi escravizada ainda antes de chegar em nosso país.

AOS NEGROS, RESTAM OS JARDINS DOS CEMITÉRIOS da Vila Formosa.

O comandante ignora que o problema não é se o “bom dia” é mais gentil em um bairro ou em outro. É questão de letalidade; genocídio, encarceramento em massa, tortura… além da ineficiência em garantir segurança aos trabalhadores e trabalhadoras que apenas querem andar na rua sem medo de assaltos e estupros.

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