Conecte-se conosco

Injustiça

Com participação negada por criminosos, Lucas continua preso

Publicadoo

em

Há mais de 1 ano, quatro maiores e um menor de idade estão presos acusados de praticarem um roubo de veículo próximo a Av. Gen. Edgar Facó, zona norte de São Paulo.

Um dos maiores e o menor assumiram a crime e os outros três alegaram inocência. O reconhecimento da vítima foi a prova que condenou os três homens: Lucas Leandro Vieira Yoyo, Luan e Ricardo, mesmo quando os outros dois admitiram não conhecerem e não nunca tendo visto nenhum deles antes.

A mãe de Lucas, 22, busca provar sua inocência e trazê-lo de volta para casa: “ele é super tranquilo, carinhoso e trabalhador”. Lucas está preso condenado a 22 anos de prisão. Com um filho de quatro anos, sob os cuidados da avó, ele espera o resultado do julgamento em segunda instância.

O caso

No dia 01 de  agosto de 2018, um empresário chegava em sua casa, por volta das 21h30, na R. Santa Romana quando foi abordado por “cinco indivíduos que chegaram a pé, um deles armado com uma pistola. A vítima foi obrigada a tirar o carro da garagem e depois a passar para o banco do passageiro dianteiro.  No boletim de ocorrência constam as versões da vítima, do menor, de Lucas e de mais seis policiais que fizeram as prisões.

O carro seguiu e a vítima entregou um cartão, a senha e um celular para os criminosos.

Na Av Elísio Teixeira Leite o carro passou a ser seguido por uma viatura até que, na Rua Mica Branca, um dos criminosos que dirigia pulou do carro em movimento e o veículo caiu num córrego.

O carro foi recuperado junto com o celular e o cartão.

Naquela noite cinco pessoas foram presas e na 72° Delegacia de Polícia (DP), da Vila Penteado, a vítima reconheceu todos os indivíduos.

Contradições

Até o momento em que o carro caiu no córrego, os depoimentos da vítima, dos policiais e dos detidos  batem. Depois, como se o crime não bastasse, outras versões conflitantes aparecem no caso.

Depoimento do primeiro policial a chegar no córrego

Depoimento da vítima

Lucas foi preso, chegando em sua casa, na rua R. Expedito Ribeiro de Souza. Ele vestia calça jeans e blusa azul, as peças estavam limpas, longe do aspecto de quem parecia ter caído num córrego.

Via rádio, policiais receberam ordem para iniciar uma busca por um homem com calça jeans e blusa com capuz: “em patrulhamento pela região localizaram na Rua Expedito Ribeiro de Souza um indivíduo que estava correndo e trajando o mesmo tipo das vestes mencionadas anteriormente”, é o que diz o texto do boletim de ocorrência.

Policiais encontram Lucas correndo  e questionam o  porquê da pressa? O jovem responde que estava indo para casa.

Lucas

A mãe de Lucas, Simone Fernandes Vieira narra uma outra versão sobre o fato e segue reunindo provas para tentar provar a inocência do filho.

Ela conta que o filho saiu de casa por volta das 21h para encontrar uma amiga na frente da Escola Municipal Mario Lago, na Rua Dourada. Simone diz que o percurso dura em média quinze minutos a pé.

O tempo da caminhada de Lucas bate com a minutagem de um vídeo captado da câmera de um prédio próximo a escola. Na imagem uma pessoa trajando roupas da mesma cor que Lucas usava naquele dia que ele usava aparece. Lucas teria ficado uma hora na frente da escola e voltado para casa por volta das 22h.

A mãe tem as mensagens trocadas com a amiga, nas quais é possível confirmar o horário e local onde iriam se encontrar. A última mensagem foi envidada por volta das 20:40, quando Lucas saiu, sem o celular.

O advogado Edson Júlio da Silva apresentou o vídeo para a juíza Cynthia Maria Sabino Bezzera Camurri, mas o o pedido foi indeferido, em razão da baixa resolução da imagem, o que na interpretação da magistrada dificulta a identificação de Lucas.

Lucas foi abordado por volta das 22h30, já na rua de casa.

Simone viu o filho ser algemado e ser levado na viatura. A mãe foi informada pelos policiais que o filho seria levado até a cena do crime, ou seja, o córrego. Chegando no córrego, Simone foi orientada a seguir para o para o 33° DP, mas depois soube que Lucas havia sido encaminhado para o 72 DP.

Um mês depois, Simone encontrou Lucas preso, ele reafirmou sua inocência. Lucas estava indignado. Esse foi o fim de noite que o jovem pensou em ter algum dia em sua vida?

Lucas é pai e quer ser cirurgião ortopedista. É um sonho que ainda pode se realizar, tanto que na audiência, quando teve a oportunidade de estar diante da juíza ele diz: ‘o que eu queria era um Coren [Conselho Regional de Enfermagem] e não de um processo”. Antes de ser preso ele estava terminado um curso de enfermagem e trabalhava em uma oficina de motos.

Injustiça

Mais de um ano depois, inocentes por falta de provas

Publicadoo

em

Mais de um anos depois de serem mandados para a prisão, terem a liberdade provisória concedida e aguardarem a decisão final, jovens foram considerados inocentes. Na decisão a juíza declarou que “JULGO IMPROCEDENTE a denúncia, para o fim de absolver” os quatro jovens. A história dos quatro jovens do Jd São Jorge é exemplar e a decisão de sua inocência sair em meio explosões de manifestações contra o racismo e violência policial no mundo, por conta do assassinato de George Floyd pela polícia dos Estados Unidos, torna a situação exemplar.

Washington Almeida da Silva, os irmãos Pedro e Fabrício Batista e Leandro Alencar de Lima e Silva foram presos em dezembro de 2018, após terem sido acusados de roubar um Uber na Zona Oeste da cidade de São Paulo. Eles foram para a prisão em seguida. Enquanto estiveram na prisão suas famílias passaram a lutar para provar sua inocência. Depois se organizaram e reuniram provas que demonstraram a inocência dos quatro. Com apoio da Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio, organizaram atos para mobilizar as pessoas do bairro onde os jovens nascerem e crescerem, Jd São Jorge, na Zona Oeste da cidade.

As famílias reunidas
Foto: Lucas Martins / Jornalistas Livres (Abril de 2019)

Em março do ano passado a juíza Cynthia Torres Cristofaro, da 23ª Vara Criminal, concedeu liberdade provisória para os quatro. Desde então os jovens apresentaram as provas que as famílias e o advogado Luiz Toledo Piza juntaram ao longo do processo e aguardaram a decisão da juíza. Na última quinta feira, 4, veio então a decisão.

Nela a juíza Cristofaro, depois de retomar os pontos do processo, afirma que “ao exame da prova dos autos persiste dúvida insuperável quanto à hipótese acusatória, mal esclarecida” e lembra que “em relação à identificação dos réus não foi possível tomar da vítima”, sendo que esta não compareceu nas audiências. E conclui com a absolvição dos quatro.

Para o advogado o caso se faz exemplar uma vez que a “realidade mais uma vez traz à tona, o despreparo da nossa polícia e a falta de interesse do Estado em investigar os reais fatos de uma malfadada acusação contra inocentes” e recomenda “que as autoridades tomem maiores cuidados, mais cautela e promovam investigações mais profundas, antes de atirarem pessoas inocentes nos calabouços da prisão”.

Relembre o caso 

No dia 10 de dezembro de 2018, os jovens foram abordados por Policiais Militares que haviam encontrado um carro de um Uber, roubado numa rua próxima. Os quatro alegaram inocência ao serem presos pelo roubo. Mas mesmo assim foram mandados para a prisão.

Além de organizar atos pela comunidade a família juntou provas para demonstrar a inocência dos quatro, como:

  • Uma testemunha que afirma ter visto os rapazes ali até por volta das 23:40h, enquanto o roubo estaria acontecendo (no B.O. a ocorrência está registrada como iniciada às 23:45h).
  • As roupas que a vítima descreveu não combinavam com as dos quatro na noite do crime.
  • Nenhum dos jovens estava com os itens roubados, o reconhecimento da vítima ter sido realizado de forma avessa ao código penal.
  • E um roubo muito parecido ter ocorrido pouco tempo depois, próximo do local.

Continue Lendo

fotografia

#JustiçaPorMiguel. Ato em Recife, clama por justiça

Publicadoo

em

#JustiçaPorMiguel

Respeitando as regras de distanciamento social, os manifestantes se reuniram às 13h em frente ao Palácio da Justiça e saíram em passeata até as “Torres Gêmeas”, onde Miguel morreu. De maneira pacífica, gritaram palavras de ordem e pediam a responsabilização de Sari Gaspar Corte-Real, a patroa que negligenciou Miguel.

Fotos: Pedro Caldas Ramos

#JustiçaPorMiguel

#JustiçaPorMiguel

#JustiçaPorMiguel

#JustiçaPorMiguel

#JustiçaPorMiguel

#JustiçaPorMiguel

#JustiçaPorMiguel

#JustiçaPorMiguel

#JustiçaPorMiguel

Conheça mais o trabalho do fotógrafo:

https://www.instagram.com/caldaspedr/

 

Continue Lendo

Comportamento

É muita Coisa, muito Símbolo!

Publicadoo

em

“Esse horror que é a morte do menino Miguel é a história com mais símbolos de que eu tenho lembrança:⁣

A empregada que trabalha durante a pandemia;⁣
A empregada, mãe solo, que não tem com quem deixar o filho;⁣
A empregada é negra;⁣
A patroa é loura;⁣
A patroa é casada com um prefeito;⁣
O prefeito tem uma residência em outro município, que não é o que governa;⁣
A patroa tem um cachorro, mas não leva ele pra passear, delega;⁣
A patroa está fazendo as unhas em plena pandemia, expondo outra trabalhadora; ⁣
A patroa despacha sem remorso o menino no elevador;⁣
O menino se chama Miguel, nome de anjo;⁣
O sobrenome da patroa é Corte Real;⁣
A empregada pegou Covid com o patrão;⁣
A empregada consta como funcionária da Prefeitura de Tamandaré;⁣
Tudo isso acontece nas torres gêmeas, ícone do processo e verticalização desenfreada, especulação imobiliária e segregação da cidade do Recife;⁣
Tudo isso acontece em meio aos protestos Vidas Negras Importam;⁣
Tudo isso acontece no dia em que se completaram cinco anos da sanção da lei que regulamentou o trabalho doméstico no Brasil; ⁣

É muita coisa, muito símbolo.”⁣

Texto por Joana Rozowykwiat (@joanagr) (@JoanaRozowyk)

Continue Lendo

Trending