A CIDADE E O CAMPO PELA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Belo Horizonte recebeu o Encontro Regional Sudeste de Agroecologia, ou o menino Erê, como é chamado, para trazer à tona os debates da produção de alimentos, um gostinho do que será o ENA (Encontro Nacional de Agroecologia) em 2018 na capital mineira. Erê teve gosto de bolo de amendoim, feito por mãos atenciosas de quem sabe dosar amor e sabedoria popular.

Café da manhã para os participantes do Erê. Foto: Lucas Bois

Junto com companheiros e companheiras de diversos lugares, segui uma das 13 rotas planejadas pelo Encontro e visitei duas experiências de Agroecologia na região metropolitana de Belo Horizonte. Na primeira visita em Sete Lagoas (MG), conhecemos o trabalho da EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais) nas hortas comunitárias espalhadas pela cidade.

As hortas comunitárias ocupam grandes áreas urbanas de Sete Lagoas (MG). Foto: Lucas Bois

Este trabalho na região já acumula mais de 30 anos de experiência e reúne cerca de 300 famílias na produção de alimentos que abastecem a região. A EMATER parte da ideia de que é possível alimentar uma cidade plantando dentro da cidade. Uma de suas ações é o canteiro central de uma grande avenida ocupado por hortas de pequenos agricultores.

Canteiro central de uma avenida de Sete Lagoas (MG) é ocupado por hortas comunitárias. Foto: Lucas Bois

Partindo dali, seguimos para a segunda experiência em Ribeirão das Neves (MG) onde fomos recebidos com imenso carinho pela Ocupação Tomás Balduíno. Muito mais que enxergar uma experiência agroecológica, vimos uma comunidade que há 4 anos constrói um modelo de vida social exemplar.

Moradores da comunidade Tomás Balduíno recebem participantes do Erê. Foto: Lucas Bois

Apoiados pelo movimento Brigadas Populares e o coletivo Agroecologia na Periferia, os moradores da ocupação encaram a luta pela moradia e por direitos fundamentais, lado a lado à busca por um modelo agroecológico sustentável.

Conversa entre os moradores da ocupação Tomás Balduíno, coletivo Agroecologia na Periferia e participantes do Erê. Foto: Lucas Bois

Quem enxerga ali apenas um território ocupado, não é capaz de ver a horta comunitária estabelecida sob a rede de alta tensão, a coleta de lixo implantada pelos próprios moradores, o círculo de bananeiras que trata a água das casas e os pequenos jardins onde nascem frutas e verduras.

Os próprios moradores da ocupação são responsáveis pela coleta de lixo da comunidade. Foto: Lucas Bois

Ao fim do dia, não havia em nosso grupo uma pessoa que não tivesse aumentado a fé de que é possível (e já está acontecendo) um modelo de produção sustentável capaz de alimentar a cidade com produtos livres de agrotóxicos, em sintonia com a natureza e próximo ao ambiente urbano. De fato, não é possível melhorar a relação do homem e da natureza, se não cuidarmos da relação entre a cidade e o campo.

*Editado por Agatha Azevedo

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