Na manhã da última quinta-feira (25), ainda indignados com o resultado do julgamento do recurso do ex-presidente Lula no TRF-4, três amigos resolveram protestar de forma irreverente para chamar a atenção para as violências institucionais pelas quais o país tem passado no último período. Daí nasceu o ‘’Churras no tríplex do Lula’’, evento criado no Facebook, com a célebre e divertida descrição “Se o triplex é do Lula, então o triplex é do povo!”. Engajados, discutiram entre si uma data em que fosse possível mobilizar bastante gente e não deu outra: o evento já é sucesso nas redes com quase 60 mil pessoas confirmadas e outras 150 mil interessadas. Nas próximas linhas você vai poder conhecer um pouco dos três jovens que prometem lotar a Praia das Astúrias, no Guarujá, litoral de São Paulo, no próximo dia 3 de fevereiro.
Ivo Braga, 27, nasceu em Fortaleza. Filho de um casal de funcionários públicos, participou das campanhas do presidente Lula “desde quando ainda estava na barriga da mãe”, conta rindo. A convivência com as campanhas eleitorais de Lula e do ex-senador Inácio Arruda instigaram o então menino à engajar-se no movimento estudantil e na política. E foi numa ocupação da reitoria da Universidade Estadual do Ceará (UECE) durante uma jornada nacional de lutas da UNE, que decidiu se filiar à União da Juventude Socialista (UJS). Dali em diante sua vida mudou: foi presidente da Associação Cearense dos Estudantes Secundaristas (ACES), diretor do DCE da Universidade Federal do Ceará, até chegar à diretoria executiva da UNE, onde está atualmente. Morando em São Paulo desde que assumiu a tesouraria geral da entidade estudantil, estranha ainda o stress e a correria da cidade. Apaixonado pelo Ceará Sporting Club, vai aos jogos do alvinegro em Fortaleza, sempre que possível, ou quando o time joga como visitante em São Paulo, matando de alguma forma a saudade que sente de sua terra natal.
Mari Dias, 26, nascida em Feira de Santana, estudante de pedagogia, e presidenta da UNE. Mudou-se para Salvador aos 11 anos, pouco antes de perder o pai, vítima de um acidente de carro. Pai, esse, que é sua grande referência na política, por ter na memória as campanhas eleitorais de Lula desde de criança, “painho era um grande Lulista”, conta ela. Começou sua militância no diretório acadêmico de pedagogia da UNEB, e desde então dedica sua vida na construção de um Brasil mais justo. Apaixonada pelo sertão baiano, forrozeira e também carnavalesca, aproveita tanto o São João como a festa de Momo na terra natal, quando consegue um espaço na agenda. Hoje, radicada na capital paulista e envolvida grande parte do tempo com as funções da UNE, reclama do frio, da distância do mar e da solidão em alguns momentos, remediada com a amizade dos colegas de torcida de futebol e as idas nas quadras das escolas de samba. Vai ao estádio nas duas cidades e arruma no peito espaço tanto para o Esporte Clube Bahia como para o Sport Club Corinthians Paulista.
Camila Ribeiro, 24, araçoiabana convicta, nasceu em Sorocaba por ausência de maternidade na sua cidade. Descobriu que queria estudar arquitetura ainda cedo inspirada em seu avô que sempre sonhou em ser arquiteto, mas não teve oportunidade. Também foi dos avós que herdou a admiração pelo presidente Lula e o gosto por política. Emocionada, lembra que as carreatas e os comícios em época de eleições eram verdadeiros acontecimentos em sua cidade do interior. Foi na faculdade que Camila descobriu o movimento estudantil. Logo nos primeiros meses decidiu participar das eleições do seu centro acadêmico. Mudou-se para São Paulo em 2015 e desde então pôde passar por muitas universidades ajudando na organização das reivindicações estudantis. Hoje coordena o Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE (Cuca da UNE) e divide seu tempo entre as universidades, grupos culturais, coletivos de midiativismo e as peças do Teatro Oficina, pelas quais tem grande admiração.
Renata Bars para os Jornalistas Livres